Os proprietários de veículos movidos a GNV (Gás Natural Veicular) que residem em Areia Branca e região não terão como abastecer nos próximos dias. O estoque deve acabar, no máximo, terça-feira. É que o único posto de combustíveis – o Auto Posto Mendonça (Shell Areia Branca), que atende toda a região (de Areia Branca a Canindé do São Francisco) não vai mais repor o estoque de GNV. O empresário e dono do posto, Marcos Menezes, disse que não tem nenhum incentivo da Sergás para continuar com essa venda, pois o custo é muito alto e não há um retorno financeiro.
Marcos Menezes enviou um ofício para a empresa Meta Construções e Serviços, onde compra o combustível, informando que “está parando a operação de revenda do GNV, haja vista as condições aplicadas de preços e a política discriminatória com a modalidade de abastecimento por cilindro e carreta”. Esse documento, segundo Marcos, também foi enviado à direção da Sergás, em Aracaju.
De acordo com o empresário, a única forma de abastecer o posto é indo buscar o GNV em Carmópolis, pois não há sistema canalizado no interior, somente em Aracaju. “Nós temos um custo muito alto para poder ir buscar esse gás. E isso onera bastante o nosso preço com relação a Aracaju. O caminhão passa sete horas no abastecimento para comprarmos 5 mil metros cúbicos de GNV”, explicou.
No ofício, Marcos elenca os custos do investimento, dividindo-os entre primário, operacional e manutenção. O primário engloba carreta de cilindro, estoque (backup), compressor específico para gás da carreta, caminhão, certificações para o transporte do GNV, espaço físico maior que o necessário em posto que não vende por carreta. No custo operacional está o óleo, motorista e a diária deste profissional. No custo de manutenção está o pneu, licenciamentos específicos, desgaste de peças do caminhão e da carreta. Em síntese, o custo mensal para ir comprar GNV em Carmópolis fica em torno de R$ 7 mil a R$ 8 mil. Devido a todos esses custos, Marcos vende o metro cúbico de GNV por R$ 3,80 e não tem como concorrer, por exemplo, com Aracaju, que comercializa, em média, por R$ 3,24. “A Sergás não nos dá nenhuma contrapartida. O Governo reduziu a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do GNV de 18% para 12% e promoveu uma redução na bomba. Mas não temos como concorrer com Aracaju”, lamentou o empresário.
O taxista Aureliano, de Areia Branca, reclama do preço do GNV.
“Pedimos um estudo de viabilidade para contemplar o interior com a mesma redução de Aracaju. Infelizmente, temos uma política discriminatória”, afirmou Marcos.
Sergás
Preocupado com a situação, Marcos está se mobilizando para criar uma associação para representar os revendedores de GNV em Sergipe a fim de promover debates sobre o assunto. “Queremos entender como a Sergás compra da Petrobras e qual o papel da Mitsui”, frisou. “Precisamos ter um preço justo. A sociedade precisa saber que o poder não está na mão do dono do posto. A sociedade precisa tomar conhecimento disso”, destacou.
Em nota, o diretor-presidente da Sergás, Valmor Barbosa, disse que está estudando alternativas para essa questão. “Teremos uma reunião com o empresário do segmento na próxima semana. O governador Belivaldo Chagas tem frequentemente tomado medidas com o objetivo de incentivar o uso do gás natural. Portanto, a interiorização é determinação do governador, cabendo à Sergás a encontrar meios. Nossa gestão, apesar do pouco tempo, já conseguiu avançar bastante. Assinamos termo de compromisso para construção de gasodutos e outros serviços. Tudo para termos expansão e modicidade tarifária”, diz a nota da Ser
Matérias relacionadas: Empresário chama governador de “grande mentiroso” e se mata em simpósio