Cultura Empresarial

As lições do romance Equador, do escritor português Miguel Sousa Tavares

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Por Juliano César Souto (*)

 

“Equador”, de Miguel Sousa Tavares, apresenta uma narrativa cativante que combina drama, história e crítica social. Situado no início do século XX, em São Tomé e Príncipe, o romance acompanha Luís Bernardo Valença, um aristocrata português progressista, que é nomeado governador com a missão de abolir a escravidão disfarçada de trabalho contratado. A obra explora dilemas éticos, a hipocrisia do colonialismo e as complexidades das relações humanas, tudo isso embalado por uma trama política e amorosa.

1- Estrutura Social e Política no Contexto Colonial

Hierarquias sociais e o conservadorismo português

A sociedade colonial é retratada como uma extensão das estruturas de poder da metrópole, onde uma elite branca perpetua a exploração, justificando-a por meio de discursos humanitários.

Citação: “O progresso é uma ameaça para aqueles que vivem do atraso”.

Luís Bernardo enfrenta resistência de colonos e autoridades em Lisboa ao tentar desafiar o status quo.

Progressismo versus o status quo

A tentativa de Luís Bernardo de impor mudanças justas revela a dificuldade de quebrar barreiras conservadoras.

Citação: “É mais fácil governar homens que não pensam, que aceitam sem questionar e que vivem na esperança de uma justiça que nunca chega”.

Reflexão: A obra ilustra como estruturas sociais rígidas e a resistência ao progresso perpetuam desigualdades.

2- Paralelo entre Colonislismo Português e Inglês

Colonialismo português: paternalismo e descaso

Retratado como mais pessoal e integrado às colônias, mas negligente e explorador.

Citação: “O maior erro do colonizador é pensar que traz algo superior, quando, na verdade, está apenas impondo a si mesmo”.

Colonialismo inglês: eficiência impessoal

Mostrado como mais organizado, mas completamente desumanizado.

Citação: “Na Índia, os ingleses apenas queriam governar e não mudar como a sociedade era organizada, seus costumes e problemas”.

Lição: Ambos os sistemas utilizavam discursos humanitários para mascarar interesses econômicos, evidenciando o lado desumano da geopolítica.

Citação: “A verdadeira hipocrisia está em mascarar interesses próprios com discursos humanitários”.

3- Lições de Vida e Mensagens Inspiradoras

Coragem moral

Luís Bernardo exemplifica a integridade ao lutar por seus ideais, mesmo enfrentando adversidades.

Citação: “A coragem moral é a virtude mais rara, porque exige que sejamos honestos até com nós mesmos.”

Complexidade das relações humanas

O envolvimento amoroso do protagonista com Ann, esposa de um diplomata inglês, ilustra como o amor pode ser ao mesmo tempo revolucionário e destrutivo.

Citação: “O amor é uma força revolucionária, mas também destrutiva, porque não aceita barreiras”.

A visão do outro

Luís Bernardo aprende a enxergar além dos preconceitos, humanizando aqueles considerados ‘subalternos’.

Citação: “Entender o outro exige mais esforço do que julgá-lo, mas é a única forma de criar algo que dure”.

4- Conclusão

“Equador” é uma obra rica em nuances, que transcende o romance histórico ao propor uma análise crítica do colonialismo e suas heranças. Por meio de um enredo envolvente, o livro questiona os valores de sua época, desafia o leitor a refletir sobre justiça e progresso, e ensina lições atemporais sobre coragem moral e empatia.

Impactos:
1. Histórico: Uma visão profunda sobre as diferenças e semelhanças entre o colonialismo português e inglês.
2. Social: Uma crítica às estruturas que perpetuam a desigualdade.
3. Pessoal: Inspiração para enfrentar dilemas morais com integridade.

Colonialismo e o legado das barreiras econômicas

Citação: “A verdadeira hipocrisia está em mascarar interesses próprios com discursos humanitários”.

O livro destaca como nações dominantes usavam discursos moralistas e humanitários para justificar práticas econômicas e políticas de exploração. Esse padrão persiste até hoje, com barreiras econômicas e regulatórias sendo usadas para limitar o crescimento de economias emergentes.

Exemplo contemporâneo: Regras ecológicas, alfandegárias e certificações internacionais frequentemente dificultam o avanço de países em desenvolvimento nos mercados globais, sob o pretexto de proteger consumidores ou o meio ambiente.

Lição: A obra alerta para a necessidade de nações em desenvolvimento superarem dependências impostas por sistemas internacionais que, embora revestidos de humanismo, perpetuam desigualdades econômicas.

O risco da dependência de commodities

Paralelo histórico e contemporâneo: O livro aborda a monocultura do cacau em São Tomé e Príncipe, evidenciando como economias dependentes de uma única commodity ficam vulneráveis a flutuações de mercado e à exploração externa. Esse cenário ecoa na atual dependência do Brasil pelo agronegócio, no qual o país se posiciona principalmente como exportador de matérias-primas, sem o domínio de cadeias produtivas mais lucrativas.

Citação adaptada ao contexto: “O maior erro do colonizador é pensar que traz algo superior, quando, na verdade, está apenas impondo a si mesmo.” Essa dinâmica persiste quando nações desenvolvidas compram commodities baratas de países produtores e revendem produtos industrializados a preços elevados.

Lição: A obra convida a reflexão sobre a importância de dominar cadeias produtivas completas e investir em industrialização, tecnologia e inovação para evitar a perpetuação de dependências econômicas.

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Juliano César Faria Souto

Estanciano, 60 anos, Administrador de empresas graduado de Faculdade de Administração de Brasília com MBA em gestão empresarial pela FGV. Atua como sócio Administrador da empresa FASOUTO no setor atacadista distribuidor e auto serviço. Líder empresarial exercendo, atualmente, o cargo de vice-presidente da ABAD - Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores. Autor do livro CULTURA EMPRESARIAL reflexões, vivências e aprendizados lançado em abril 2024 coletânea de quase 100 artigos escritos ao longo dos últimos 10 anos. Disponível para aquisição https://www.fasouto.com.br/produtos/detalhe/18276/livro-cultura-empresarial-por-juliano-cesar, com 100% da renda destinada ao Externato São Francisco de Assis.

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