Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)
Salvo o calor de rachar o bico e as poucas opções para almoço e acomodações na prainha de Piranhas-AL, revisitar o Velho Chico na divisa entre Sergipe e Alagoas foi um exitoso início de 2024, passados quatorze anos da última vez que estive por lá com meus alunos do curso de Licenciatura em História 2009.2, da Universidade Federal de Sergipe.
Talvez não seja a melhor época para reunir a família e seguir a rota Simão Dias, Pinhão, Carira, Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre e Poço Redondo para ir se hospedar por alguns dias, de férias merecidas e desejadas, em Canindé do São Francisco. Mas, há lugares que a vista agradece e que deixam boas lembranças cravadas na memória para todo o sempre.
Muita coisa mudou desde a última vez que estive entre as principais cidades que margeiam o histórico Rio São Francisco. Canindé e Piranhas, sobretudo esta última, se desenvolveram nos últimos anos, mas ainda precisam dar uma atenção ainda mais especial ao turismo. Ouvi de alguns populares queixas de ambos os lados do rio.
A natureza, aparentemente hostil, sobretudo no verão, segue sendo um espetáculo à parte. Tive o privilégio de ficar num apartamento de frente para o Velho Chico e também de parte da hidrelétrica de Xingó. Sobre esta, tudo como antes, nada novo: uma belíssima maquete em madeira do local, pedras raras e enormes e uma linda vista para a barragem.
Quanto ao Museu Arqueológico de Xingó, mantido pela Universidade Federal de Sergipe, depois que a CHESF “pulou fora”, tudo de bom, do atendimento à estrutura. É fato que muita coisa ainda permanece igual, mas desperta em nós a ideia de resistência a um desenvolvimento que não respeita a identidade e à sergipanidade, nesse caso à luz da chamada Pré-História Sergipana. Por isso mesmo, até hoje, me causa uma boa impressão a sessão de sepultamentos, aberta com a frase de D´Alembert que diz: “A morte é um bem para todos os homens. É como a noite de um dia inquieto de um dia que se chama vida.”
Urbanisticamente, em Canindé e Piranhas há uma melhora a olhos vistos, embora alguns acessos rodoviários careçam urgentemente de cuidados. Principalmente no que se refere a desníveis perigosos e buracos, afora a falta de sinalização entre Simão Dias e Canindé. Estranho como na terra de Marcelo Déda não tenha uma placa sequer indicando uma via de acesso para Pinhão, por exemplo (inclusive no retorno). Ou mesmo na principal rótula de Nossa Senhora da Glória, que nos aponte o caminho para Monte Alegre e Poço Redondo ou mesmo Canindé. Nesse sentido, bendito o GPS e também o adágio que diz: “quem tem boca, vai a Roma”.
A cidade de Piranhas, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), notabiliza-se não somente pela paisagem paradisíaca com um refinado toque de nordestinidade, mas também por muita História. Embora suas origens remontem ao século XVI, faz parte do ciclo de desenvolvimento da região verificado na segunda metade do século XIX, primeiro com a navegação a vapor, em 1867. E depois por meio da estrada de ferro, que lhe permitiu se desmembrar de Pão de Açúcar em 1887, elevada à condição de Vila.
Eu e minha família nos aventuramos a subir os 357 degraus (há quem diga que são mais) até atingir o antigo e majestoso Farol do Mirante Secular. Valeu e valeu muito à pena, não somente à mente e aos olhos, mas também ao corpo banhado de suor, ao coração acelerado e à respiração forte e firme (coração em dia, graças a Deus). Todas as calorias das guloseimas e cervas do Natal e das festas de Final de Ano foram-se na empreitada hercúlea e exitosa (subida e descida).
Na descida, apreciamos o sortido Centro de Artesanato Artes e Cultura e lamentamos muito, pelo segundo dia consecutivo, deparar-nos com o Museu do Sertão fechado para visitas. Ocasião em que nossos filhos poderiam aprender um pouco mais da História do Cangaço. Outra marca registrada da cidade, de onde partiu, em 1938, a volante que matou Lampião, Maria Bonita e parte de seu grupo na Grota de Angicos. Ainda não foi dessa vez que pude fazer a famosa rota do cangaço.
Ainda em Piranhas, também lamentamos muito que na estátua em homenagem ao cantor Altemar Dutra não mais existisse, por crime de depredação, uma placa com as informações necessárias aos visitantes. Eu, particularmente, só reconheci porque sou fã do artista desde menino. Curioso, fui fuçar a razão da homenagem e acabei aprendendo que Dutra tinha apreço pela cidade e pela região, tendo sido a última viagem que fez antes de seguir para Nova Iorque, Estados Unidos, onde morreu no dia 9 de novembro de 1983. Há um registro de que ele havia deixado um violão a um piranhense, o senhor Celso Rodrigues, ex-prefeito, falecido em 2021.
Altemar Dutra nasceu em Minas Gerais, em 1940. A propósito, é também no Estado mineiro onde nasce o Rio São Francisco, na Serra da Canastra. Quanto à beleza de tudo que narrei na presente crônica e tantas outras que não daria contar de registrar, valho-me da poesia do cancioneiro de Jorge de Altinho (Petrolina-Juazeiro, 1978) não somente para dar nome ao presente texto, mas também para atestar e louvar a Deus pela assertiva da música.
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