quinta-feira, 14/11/2024
Luiz Thadeu(*) e os causos de Influenza

As mazelas da carne

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Em minha primeira trip pela Ásia, desembarquei na bela, vibrante e cosmopolita ilha de Hong Kong, em 2014. Do aeroporto internacional Chep Lap Kok, localizado em Lantau, são 30 km até o centro de cidade. Já vinha gripado, a mudança de clima contribuiu. Tive um acesso de tosse e alguns espirros, no saguão do aeroporto. Imediatamente, surgiu à minha frente uma jovem com uma pistola de plástico, que aferiu minha temperatura. Logo fui levado para uma sala, onde me colocaram um termômetro. Por alguns instantes pensei que pudesse ser expulso do país, por ser uma ameaça à saúde pública.

Como estava tudo bem, fui liberado, peguei o metrô, rumei para o hotel. Eram tempos da Influenza H1N1, e os habitantes de Hong Kong não queriam ser contaminados por um forasteiro. Foi a primeira vez que meus espirros e seus perdigotos me colocaram em situação difícil. Tenho a facilidade em espirrar, e isso já me causou problemas.

Especialmente em tempos neuróticos que estamos vivendo e vivenciado. Onde nos tornamos ameaça uns aos outros.

Estava em uma sala do Museu do Prado, em Madri, e tive um acesso de espirros. Com a acústica maravilhosa do local, o barulho dos espirros parecia fogos de artifício, em altos decibéis. Coloquei para correr todos que ali estavam, contritos, a admirar as obras de arte. Quando dei por mim, estava sozinho na ampla sala.

Bem antes do coronavírus, que veio de Whuran, região central da China, os asiáticos já usavam máscaras. Era comum ver excursões de japoneses, chineses, coreanos, nas mais diferentes partes do mundo, todos com o acessório.

Conto essa história para falar sobre o resultado dos exames laboratoriais que identificaram que contraí Influenza, sem sair da Ilha do Amor.

Durante uma semana, com fortes dores no corpo, tosse persistente, coriza, olhos lacrimejando, noites insones, fui parar na emergência de um hospital em São Luís. Emergência lotada, uma orquestra de pessoas tossindo, corpos quebrantados, fisionomia tristonha. Cheguei, peguei uma ficha preferencial; alguém cedeu uma cadeira, sentei, enquanto aguardava ser chamado.

Um jovem médico, a quem fui encaminhado, fez a anamnese, perguntas necessárias para enquadrar meu caso. Disse minha idade, o que estava sentindo, onde doía, e que não sou alérgico a nenhum fármaco.

Preenchida a ficha, fui encaminhado para os exames laboratoriais: colheram meu sangue, para mapear o que me afligia. Uma simpática auxiliar de enfermagem colocou cotonetes em minhas narinas para colher secreção e identificar se tinha Covid e/ou Influenza.

Segui para o setor de imagem. Fiz tomografia do abdômen, raio X do tórax. Colocaram-me deitado em uma máquina japonesa da marca Toshiba, e, inerte, mãos para trás da cabeça, em um frenético vai e vem, ao som de batida que lembra bate estacas, fui vasculhado, para saber como estava por dentro.

Algumas injeções na veia, um xarope, horas em repouso, veio outra médica a dar-me o veredito.

– Seu Luiz Thadeu, o senhor tem um quadro de Influenza. É nesta época do ano, calor muito forte, que aumenta a circulação de diferentes vírus.

Mesmo mal, pensei eu, pela intensidade das dores, pela tosse forte que parecia expulsar minha caixa torácica para fora do dolorido corpo, fiquei até feliz com o diagnóstico.

Com as recomendações para beber bastante líquido, repousar, consumir comida leve, nada de álcool, usar máscara, e receita com os remédios para comprar, retornei para casa bem melhor, quase curado.

Somente triste por ter desmarcado compromissos assumidos previamente.

A convite do Professor Ruan Tavares, não tive condições de fazer uma palestra para seus alunos do Curso de Turismo. O convite fora agendado com antecedência, mas na noite anterior, insone como um zumbi, não me permitiu que honrasse o compromisso. Enviei mensagem ao professor Ruan, antes das 6:00 h, desculpando-me pelo ocorrido, para que ele pudesse se reorganizar.

A Organização Mundial de Saúde alerta, teremos que conviver com vírus cada vez mais fortes e letais. Ainda mais quando sabemos que o que mata velho é: queda, caganeira e catarro.

Saúde e proteção divina para todos.

 

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(*) Eng. Agrônomo, palestrante, cronista e viajante. Autor do livro “Das muletas fiz asas”, o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes.

E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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Sobre Luiz Thadeu Nunes

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Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o homem mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.  Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências; ATHEAR, Academia Atheniense de Letras; e da AVL, Academia Vianense de Letras, membro da ABRASCI. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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