“Ajude um atleta a realizar seu sonho. Doe R$ 0,50”. É segurando uma folha de papel ofício com estas palavras que, diariamente, o jovem José Eduardo Santana Couto, 17 anos, pede ajuda a população para participar, em 2020, do Campeonato Internacional de Jiu-jitsu, no Rio de Janeiro. Vestido com o quimono, José Eduardo, faixa branca, categoria adulto galo, chama a atenção das pessoas que entram e saem do Mercantil Rodrigues, na avenida Tancredo Neves, local que escolheu para essa luta solitária. “Eu quero ir ao Rio de Janeiro para mostrar todo o meu potencial”, afirmou.
Potencial é o que não falta ao atleta que, neste domingo, foi vice-campeão na terceira etapa do Campeonato Sergipano de Jiu-Jitsu, Tuchê, que ocorreu em Aracaju. Desde que começou a lutar, em 2016, que José Eduardo vem colecionando medalhas. São nove no total: duas vezes em Maceió pelo Campeonato Alagoano, sendo uma de prata e outra de bronze. E nas competições em Aracaju, três de ouro, três de prata e uma de bronze.
No calendário de competições de Eduardo está previsto, em setembro, o Campeonato Norte-Nordeste que acontecerá no município de Nossa Senhora do Socorro. Outra competição será o alagoano, em outubro. E fechando o calendário, em novembro, o Open de Salvador. Todas estas competições servem como preparação para Eduardo chegar com mais chances de medalha ao Campeonato Internacional, promovido pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ).
Nas ruas
Viajar para o Rio de Janeiro não é algo simples para quem está com o pai desempregado, e a mãe é diarista. Por isso, com foco e humildade, José Eduardo decidiu colocar o quimono e ir para as ruas na tentativa de sensibilizar a população.
Se você puder ajudar um atleta a realizar um sonho, anote estes números e seja solidário: agência 2382, conta poupança 013 00049673-7, da Caixa Econômica Federal (CEF), no nome de José Eduardo Santana Couto.
Ativo e inquieto, Eduardo, que é aluno do 3º ano do ensino médio da rede pública estadual, está tentando uma reunião com a superintendente dos esportes e faixa preta de karatê, Mariana Dantas, do Governo de Sergipe, e com a Diretoria de Educação de Aracaju (DEA) para viabilizar algum tipo de patrocínio.
A iniciativa de Eduardo em ficar em frente à loja com o cartaz pedindo uma ajuda de, apenas R$ 0,50, tem chamado a atenção de muita gente. O contabilista Gonçalo Bomfim foi um deles que doou uma quantia para o jovem atleta. Ele entende que a salvação do Brasil está na educação e no esporte.
“O governo está tirando verbas. Então, nada é mais justo do que ajudar com o próprio bolso”, disse. E acrescentou que são válidas as maneiras como o atleta está buscando recursos. “Até porque ele tem que correr atrás do sonho e isso já demonstra garra”, completou.
Eduardo também está vendendo bilhetes para rifar um relógio de pulso, no valor de R$ 3,00, cujo sorteio será no dia 25 de agosto. Outra maneira que ele pretende ganhar dinheiro é com as vendas de trufas pelas ruas. Para isso, já comprou as forminhas e garantiu que ele mesmo vai fazer e vender por R$ 2,00, cada.
“Eu acho interessante essa iniciativa, porque ele [Eduardo] está em busca de um sonho. Eu assisti ao filme O Rei Leão, e ele mostra que não devemos esperar ninguém para avisar que podemos. Ao contrário, temos é que usar nossa força que vem de dentro para ir à busca dos nossos sonhos”, disse Junio Andrade dos Santos, 29 anos, que também é contabilista.
A cuidadora de idosos, Geílda Almeida, 38 anos, além de ter contribuído com Eduardo, aproveitou a oportunidade para fazer um apelo a outras pessoas. “Gente ajude, porque, assim, ajudaremos nossos jovens a crescerem na vida”, conclamou.
O professor de Eduardo, Eric Nunes, faixa preta 1º grau, disse que o fato de uma pessoa ir à frente de um supermercado pedir ajuda mostra firmeza de caráter e humildade. Eu o apoio, porque ele não está fazendo nada de errado, apenas, buscando o sonho e isso é merecedor de elogios e aplausos”, afirmou.
Eric disse que os outros alunos da academia ajudam Eduardo que é seu aluno bolsista. O técnico disse, ainda, que o comportamento de Eduardo na academia é exemplar e, quando pode, faz dois treinos por dia.
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