sábado, 16/11/2024
Belivaldo Chagas: horário diferenciado no toque de recolher

Belivaldo diz que a taxa de ocupação de UTIs por pacientes da covid-19 “aumenta assustadoramente”

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O governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, disse, ontem, na sua conta no Tweeter, que, apesar de ter aumentado em quase cinco vezes o número de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), em dois meses, “a ocupação aumenta assustadoramente”. Hoje, 8, um estudo divulgado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) revela que os leitos de UTI precisam ser ampliados para se evitar o colapso no sistema de saúde no prazo de oito dias. A saturação é prevista a partir do dia 14 de junho. No dia 15, o governador quer iniciar a flexibilização das atividades econômicas.

“Na última segunda-feira (1º) eram 55%, hoje já beira os 70%. Se continuarmos assim não haverá UTI suficiente. Fique em casa”, postou o governador que hoje deve editar um novo decreto que poderá ou não flexibilizar para alguns empreendimentos a partir do dia 15 de junho. Ainda na postagem, Belivaldo reconhece que a taxa de isolamento é preocupante: “temos o terceiro pior isolamento social do país, 37,2%, quando o ideal é que cheguemos pelo menos a 60% para que os casos de coronavírus deixem de avançar. Precisamos reverter isso! ”.

No Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES) divulgado no domingo à noite mostra que a taxa de ocupação em UTIs públicas chega a 61,9%, enquanto que na rede privada, 91,3%. Na enfermaria pública, a taxa de ocupação é de 47,7%, enquanto que na rede privada, 76,8%. Também no domingo, foram registrados mais 319 casos da covid-19 e nove mortes. O total de casos em Sergipe é de 9.290 e 217 mortes. Aracaju, epicentro da doença, tem 5.296 casos e 98 óbitos.

Estudo da UFS

O estudo sinaliza para a saturação desses leitos quando o estado atingir 12 mil casos da doença. “A previsão é que esta saturação ocorra a partir do dia 14 de junho. Entretanto, com um planejamento de ampliação gradual entre 50 e 60 leitos de UTI prevista até a metade deste mês, a rede pública deverá apresentar uma taxa de ocupação ao final desse período em torno de 65-70%,” explica o coordenador do Laboratório de Patologia Investigativa da UFS, professor Paulo Ricardo Martins Filho.

A análise foi elaborada com base nos boletins epidemiológicos da secretaria estadual de Saúde entre os dias 1º de maio e 4 de junho, considerando o número de casos acumulados da covid-19, a quantidade de leitos disponíveis na rede de saúde, o número de internamentos e a taxa de ocupação em UTI dentro dessa série histórica.

Neste período, o crescimento médio diário de casos confirmados do novo coronavírus no estado foi de 4%, e a taxa média de internamentos em leitos intensivos de 2,5%.

Até o fechamento da projeção, o estado tinha 200 leitos de UTI exclusivamente para atender casos da doença, sendo 120 na rede pública e 80 na rede privada. A taxa total de ocupação desses leitos era de 68% nos hospitais públicos e 85% nos privados.

O estudo observa ainda a demanda reprimida no processamento de exames para o diagnóstico da covid-19 no Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe. Isso porque existe um represamento de cerca de 5 mil exames no Lacen-SE, provocando uma redução diária de cerca de 50% na emissão dos laudos. Por isso, levando em conta que historicamente 32% das amostras analisadas pelo laboratório apresentam resultado positivo, Sergipe pode ter, pelo menos, mais 1.600 casos a serem notificados.

“Considerando também uma taxa de internamento médio em UTI de 2.5%, a previsão é de que pelo menos 25 pacientes com covid-19 que ainda estão à espera dos resultados dos exames necessitem de tratamento intensivo e sejam assim contabilizados nas taxas de ocupação de leitos no estado. Para uma demanda reprimida em torno de 7 dias, seriam cerca de 3-4 pacientes por dia a mais entrando no sistema de saúde necessitando de um leito de UTI. A proporção de internamentos intensivos tem sido de 55% na rede pública e 45% na rede privada,” aponta o estudo.

Os pesquisadores complementam que “os dados reforçam a necessidade de se manter as medidas de distanciamento social ampliado e o uso obrigatório de máscaras e de outros equipamentos de proteção, bem como de melhorar a capacidade de fiscalização do poder público no sentido de evitar aglomerações urbanas, até que a taxa de crescimento real e atual da epidemia em Sergipe seja conhecida e o sistema de saúde tenha capacidade de absorver os pacientes mais graves que necessitem de UTI.”

Além de Paulo Ricardo Martins Filho, a nota técnica é assinada pelos professores do departamento de Farmácia e dos programas de pós-graduação em Ciências da Saúde e em Ciências Farmacêuticas da UFS, Lucindo Quintans Júnior e Adriano Antunes Araújo, e pela doutoranda em Ciências da Saúde, Carolina Santos Souza Tavares.

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Sobre Antonio Carlos Garcia

Editor do Portal Só Sergipe

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