Você conhece alguém ou tem um familiar que está “investindo” em bitcoin e isso te assusta? Então corra, pois você tem razão de estar preocupado, pois sua família pode perder tudo a qualquer momento. Bitcoin não é moeda, não é investimento, não tem lastro, não tem curso forçado e muito menos poder liberativo. O que é bitcoin? Uma nova tecnologia. Uma forma de protesto. Um item colecionável, superestimado e que anda recebendo exacerbada atenção de pseudos investidores. Uma ideia bonita e brilhante, como uma grande bolha de sabão que voa fragilmente ao sabor do vento.
Chamar bitcoin de moeda, por essência, está errado. Uma moeda tem curso forçado, ou seja, se você vende algo, será obrigado a aceitar o dinheiro corrente do país. Inclusive, é muito comum vermos isso em protestos de consumidores pagando coisas com moedas de centavos. Na história temos como exemplo o pagamento de pedágios e de abastecimento em postos de combustíveis.
Quanto ao poder liberativo, significa dizer que, se eu te devo algo e te pago com a moeda corrente do país, você terá que me liberar do compromisso. Devo, não nego, mas se eu pagar, limpe o meu nome. Essa é a regra. E as criptomoedas estão longe, muito longe mesmo, de apresentarem este comportamento.
O bitcoin dá guarida a tudo de ruim na economia global. Crimes cibernéticos são “pagos” com bitcoin, o terrorismo é financiado com bitcoin, lavagem de dinheiro é feita com bitcoin. Não duvido até que propina política já tenha entrado para a lista.
E se por um lado temos o problema da segurança, por outro, temos o problema sustentável através do altíssimo consumo de energia. Estima-se que a soma dos computadores utilizados para minerar e manter, somente bitcoins, consomem a mesma energia utilizada em um país do tamanho da Venezuela. Agora imagine somar a isso todas as outras criptomoedas.
Inclusive, fico desconfiadamente admirado ao ver grandes empresas de tecnologia, que se vendem como ecologicamente responsáveis, aceitarem e incentivarem a circulação de criptomoedas autônomas. Facultando até aos funcionários a possibilidade de receberem o salário através de bitcoin. Conveniente, não?
Mas então por que tanta valorização? Simples! Vem do desejo do dinheiro fácil, da velha crença de que sou mais inteligente que o resto do mundo, da oportunidade de levar alguma vantagem. E claro, o mais cientificamente incontestável de tudo: um amigo meu fez e disse que se deu bem!
Não me pergunte se é certo ou não colecionar bitcoins. Não sei dizer. Pergunte isso a um filatelista ou colecionador de carros velhos. Eles possuem mais experiência e seguramente são mais indicados.
E de meu lado, só quero deixar registrado uma coisa: quando a bolha estourar, não diga que não avisei.
(*) Wenderson Wanzeller é Atuário, Jornalista, Mestrando em Engenharia Informática, Especialista em Profissionalização de Departamentos de Crédito, Consultor Financeiro, Perito Bancário e EduTuber
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