O país que conhecemos pelo nome de Brasil – termo que significa “vermelho como a brasa” – é fruto de um processo extremamente violento de invasão e conquista.
Toda essa façanha é historicamente demarcada por eventos de sutil crueldade pontuados por desinibida brutalidade, vide o exemplo de Cristóvão de Barros em suas “Guerras Justas” nas terras hoje chamadas de Sergipe.
Patrocinada pela escravização de africanos e pelo apresamento e extermínio dos povos originários, a ocupação do território brasileiro sempre se deu passando ao largo de valores civilizatórios.
E tal qual profetizara Joaquim Nabuco, em sua obra Minha Formação, esses fenômenos ainda permanecem como uma marca nacional, habitando o nosso imaginário e delineando a nossa conduta tal qual uma “religião viva e natural”.
Não é por acaso que, nos livros escolares, nossa história não é delimitada por estágios de evolução sociopolíticos, mas sim por ciclos econômicos, em que o pau-brasil deu lugar à cana-de-açúcar, esta ao café e este à soja, entremeados pelo ouro mineiro e pela borracha amazônica.
E, nesse contexto, o mando sempre foi concentrado nas mãos do mais forte em detrimento da garantia de direitos para a população em geral.
Para o brasileiro, a palavra igualdade, se não for utopia, é insulto.
Por esse motivo que cidadania é um conceito distante, incompreensível e incompreendido por nosso povo.
Para a minoria dirigente a cidadania é um motivo de escândalo – o famoso: “Onde já se viu isso?” – e para a maioria dirigida “coisa de comunista”.
Também por causa disso que preferimos a promoção da caridade esporádica à concretização de uma justiça social perene, como bem o dissera Dom Hélder Câmara.
Por resultado temos um povo de mentalidade bandeirante, numa alusão aos sertanistas do período colonial que penetraram no interior do país em busca de riquezas minerais e que, de quebra, destruíram quilombos e destroçaram tribos nativas por onde passaram.
Sob essa perspectiva inexiste o conceito de solidariedade social, a qualidade de vida é uma conquista individual, as regras são dadas pelos poderosos e as carências sociais derivam da pura e simples preguiça dos atingidos.
Nessa quadra, políticas públicas são vistas como perda de tempo e o mercado é a única forma de se atender às necessidades das pessoas, na cristalização daquilo o que o psicanalista Christian Dunker chama de “A Lógica do Condomínio”.
Não é à toa que o Brasil é o país mais desigual do mundo fora da África.
Aqui, os 10% mais ricos possuem um volume de renda três vezes superior ao detido pelos 40% mais pobres.
Para fins de comparação, na Noruega essa relação é inversa. Os mais pobres ficam com a maior parte da renda em relação aos mais ricos.
Aceitemos, porque dói menos: nós somos um povo iníquo, injusto e violento. E os nossos indicadores sociais estão aí para provar isso.
Lembrando que todo esse cenário não é decorrência de uma maldição divina, mas sim fruto de uma decisão política consciente de nossa gente que, sistematicamente, sempre abominou a cidadania.
E isso acontece porque nós criamos um ambiente social e político em que os ganhos dos mais ricos são mantidos às custas do trabalho dos mais pobres, bem ao gosto de nossa mentalidade bandeirante.
__________
(*) Emerson Sousa é Doutor em Administração pelo NPGA/UFBA e Mestre em Economia pelo NUPEC/UFS
A capital sergipana já está em ritmo de contagem regressiva para a realização do…
Por Diego da Costa (*) ocê já parou para pensar que a maioria…
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Assistência Social, Inclusão e…
Por Sílvio Farias (*) Vinícola fundada em 1978 com o nome de Fratelli…
Por Acácia Rios (*) A rua é um fator de vida das cidades,…
Com a realização do Ironman 70.3 Itaú BBA, a maior prova de triatlo da…