Por Luiz Thadeu Nunes (*)
Bom dia, caro leitor, amiga leitora, acordei pensativo e um tanto macambúzio.
Não está fácil pra ninguém…
Estamos atravessando tempos difíceis e não sabemos o que vem pela frente. Guerras por todo lado; brigas, discórdias, querelas, quiproquós, destruição, morte. Deu a louca no mundo. Mas pra que tudo isso? Tudo por dinheiro. Nem “tio Paulo” pôde morrer em paz. Sentado em uma cadeira de rodas – cor pálida, boca aberta, magreza do corpo desnutrido – é a imagem dessa ruína. A morte é feia. Levaram-no a uma agência bancária atrás de 17 mil reais, com desculpa de comprar uma TV e reformar o barraco. Após muita querela, no sábado, enterraram “tio Paulo”. Menos um na tormenta da vida. Descanse em paz.
Não é fácil, mas é necessário mantermos a calma e sabedoria para enfrentar os problemas imprevistos.
Eu estava conversando sobre isso, relatando minhas angústias com o microondas e a torradeira, enquanto tomava o meu café da manhã; e eles concordaram comigo.
Não comentei nada com a máquina de lavar, porque ela enrola tudo; muito menos com a geladeira pois ela é muito fria. Não está nem aí para o que acontece no mundo.
Já o liquidificador fez um barulho para processar tudo isso. Porém o ferro de engomar me acalmou, dizendo que tudo vai passar… A cafeteira apitou, avisando que o café estava passado.
A gente chora, para não sufocar. A gente grita, para não enlouquecer de vez. A gente finge, para manter a paz externa. A gente inventa, para não morrer de tédio. A gente segue acreditando que ainda vale a pena, que ainda existe algo ou alguém por quem continuar. Viver é assim mesmo, dias sim.. e dias não.. até o fim.
“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso ― o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito ― por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia.” João Guimarães Rosa.
Agora, vou tomar meu Rivotril e seguir em frente; ver no que vai dar. Mas não tá fácil.
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