A volta do filho pródigo, de Rembrandt
Por Hernan Centurion (*)
Quaresma, período que sempre me traz um aperto no peito, não daqueles amargos, que angustiam, fazem sofrer ou emanam melancolia. É um aperto tal qual um pano torcido que remove e deixa escorrer pelo ralo todo o lodo, ao limpar a sujeira impregnada no chão do meu “templo interior”, tão encardido de inúmeros vícios os quais, sempre que inadvertidamente permitimos, transitam sobre o piso originalmente alvo que o Grande Arquiteto do Universo assentara com perfeição, na medida arquitetônica correta, outrora descrita por Fibonacci. Este tempo quaresmal que ora vivenciamos, repleto de simbolismo, é sobremaneira o principal momento do Cristianismo, no qual os mistérios pascais, a Paixão de Cristo e a Eucaristia a nós mais uma vez se revelam e nos quais a Igreja alicerçara-se há milênios, trazendo esperança àqueles que com fé nela creem.
Destarte, Jesus Cristo conclama a volvermo-nos ao âmago do nosso íntimo, no silêncio do vazio do nosso ser, para fazermos, pois, nosso próprio julgamento, posto que somente nós mesmos somos capazes de reconhecer as impurezas mais profundas e, então, talharmos as rochas com a força do maço aplicada sobre a lâmina precisa do cinzel, desbastarmos todas as arestas dos males humanos e lapidarmos, como exímios artífices, nossa joia bruta interior, transformando-a, com o mais preciso detalhe, em uma obra da mais bela arte renascentista. Após finda a jornada deste árduo, porém revigorante trabalho, esperamo-nos descansar, contentes, satisfeitos e cientes de que fora cumprida a missão e deixado um grande legado para a humanidade. É chegada, portanto, a hora de desfrutarmos o sono dos justos.
“é a Luz que alumia todo homem que vem a este mundo”; “e conhecereis a Verdade e Ela vos libertará”.
Luz e Verdade são o entendimento e a plena consciência de que Deus é “o caminho, a verdade e a vida”, o farol a nos guiar, ou seja, existe sem se ver, ouvir ou tocar, tão somente se sente, o qual extermina todo mal de nossa essência humana e nos proporciona a mais pura, real e indescritível felicidade. Tomemos cuidado em achar, ingenuamente, que tudo isso seja comprado, conquistado à força ou muito menos furtado doutrem… engana-se! Todo cuidado é pouco em se contentar com míseros instantes efêmeros de alegria (pseudo-felicidade), misturada a tantas sujeiras postas embaixo do tapete.
Essa Luz Verdadeira, à qual na minha pequenez ouso referir-me repleto de contentamento, está ao alcance de todos, sem exceção, do mais santo ao mais pecador. Digo isso pois encontro-me a anos-luz de distância da santidade e, ainda assim, permiti conectar-me a Ela, senti-La e reconhecê-La durante os vários dias de profunda reflexão que o Caminho de Compostela me proporcionara. Logo, a ficha então caíra! Descobrira quem é o meu Deus. Ele é o Deus do perdão, muito mais que amor… é misericórdia! Revolucionou a lei dos Patriarcas.
Nunca entendera eu que o perdão fosse um sentimento avassaladoramente poderoso, que só aqueles armados com a forca do Espírito Santo o possuem. Aproxima-nos do Ágape pelo exemplo de Cristo traduzido nas Sagradas Escrituras, pois assim Ele viera ao mundo, por todos os pecadores, e fora, sem sombra de dúvidas, a “pedra angular”, aquele que jamais julgou, agrediu, revidou ou muito menos desprezou quem quer que seja, sobretudo seus algozes. Pude perceber, em Santiago de Compostela, a presença desse Espírito sondando-me e queimando todo orgulho e rancor em mim presentes. Prostrava-me em lágrimas de ternura, num êxtase sobrenatural que apascentava, saciava, curava, transcendia quaisquer dos prazeres mundanos que um dia outrora conheci. Além disso tudo, houve claridade ante a escuridão da minha vida, demonstrando, consequentemente, aquela Verdade descrita há pouco, recitada pelo Salmista, propagada pelos Apóstolos e vivenciada por todos aqueles que se permitem com Ele comungar, num banquete de plena vitória sobre o mal, após transpor longos prados e campinas verdejantes, beber de fontes cristalinas do mais puro perdão, em contacto íntimo espiritual com o Pai Celestial.
Entretanto vigiemo-nos! Esta busca não se acaba, requer muito mais de nós, como assim dissera Tiago Maior, “a fé sem obras é morta”. Faz-se premente praticar os ensinamentos aprendidos e revelar, aos quatro cantos do Universo, que Ele existe e que a felicidade está a menos de um palmo das nossas faces, basta apenas reconhecê-la, ao fortalecermos nossas fragilidades, ao nos tornarmos cientes da necessidade de a “ovelha desgarrada” ser reconduzida em segurança ao rebanho pelo Bom Pastor, o que acolhe, protege, alimenta e ama. Só assim chegaremos a salvo à Terra Prometida, onde não há sofrimento, visto que não há corpo, não há matéria, não há pecado, apenas energia vital acesa, intensa, que não se consome, é infinita… Clamar perdão a quem ofendemos e perdoar os que nos maltratam é um ato contínuo que precisamos exercitar diuturnamente. Quando assim comecei a agir, percebi claramente uma virada de chave na minha existência, que empodera e impulsiona-me à prosperidade, pois creio que ser próspero não diz respeito a dinheiro, absolutamente! É atingir a felicidade em plenitude, isto é, a riqueza do corpo, mente e espírito, que traduzo, neste instante, na minha família, amigos, fé e profissão.
Ainda estou distante dos meus objetivos, haja vista que “a Santiago sempre se vai, mas nunca se chega”! Todavia continuarei seguindo em frente, “combatendo o bom combate” entre a carne e o espírito, “guardando a fé”, caindo e Nele me apoiando, rendendo-me a este sentimento sublime, à procura, sem cessar, da Verdade, ultimamente distorcida pelas mídias sociais. Concluo de semblante baixo e sorriso leve no rosto. Vejo nitidamente com os olhos d’alma que, logo atrás da montanha, há coisas extraordinariamente incríveis a nos esperar. “Moa o seu orgulho”, dobre os joelhos, conecte-se com o Divino e permita-se, também, seguir nesta jornada transformadora.
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