Fortalecida na Idade Média, a caridade (filantropia, favor, benefício) encontrou terreno fértil no Cristianismo, Espiritismo, Umbanda, dentre outros. Rousseau afirmara: “a fingida caridade do rico não passa, da sua parte, de mais um luxo; ele alimenta os pobres como cães e cavalos.” Numa reflexão sobre o Natal, Oren Arnold destacou “para seu inimigo, perdão. Para um oponente, tolerância. Para um amigo, seu coração. Para um cliente, serviço. Para tudo, caridade. Para toda criança, um exemplo bom. Para você, respeito.”
“Uma esmola, para o homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”: afirma a letra da música “Vozes da Seca” cantada por Luiz Gonzaga escrita em parceria com Zé Dantas. Tais manifestações nos impõem uma reflexão: caridade sem ação política para reduzir a desigualdade é justo socialmente?
No Brasil, falta saneamento básico, ensino de qualidade, formação, redução do desemprego, saúde e transporte públicos. Cerca de 49,6% da riqueza estava nas mãos do 1% mais rico no ano de 2020. O topo da pirâmide detinha 44,2%. Publicado por Carlos Madeiro no UOL em 08.06.2022 a pesquisa Vigisan traz um dado estarrecedor na qual 33,1 milhões de brasileiros estão passando fome, portanto mais de 15% da nossa população. Será que tal disparidade será curada com gestos de caridade de algumas pessoas? Por que a opção da partilha, típica do Cristianismo inicial, não é considerada pelas pessoas cristãs? Tais indagações provocam buscas de respostas profundas no âmago do pensamento sobre política social e espiritualidade.
A desigualdade enquanto desequilíbrio, desproporção é injusta para com a humanidade porque o planeta é de todos. Imputá-la ao indivíduo é fugir do problema terceirizando a culpa. Olhar e defender persistentemente em profundidade a convivência humana na terra pressupõe justiça social para o bem de todas as pessoas em detrimento de algumas. A prática da caridade é um frágil paliativo. Por mais que o fim da desigualdade seja utópico, ante o individualismo material dos humanos, deve-se prosperar ações para combater a desigualdade em atos concretos como remédio inevitável e urgente para curar a miséria de grande parte da humanidade.
Em 2016, Flávio Leonardo criou a obra prima cantada por Cícero Mendes “não quero enchente de caridade, só quero chuva de honestidade”. Longe de condenar gestos de bondade inerentes à figura humana que acolhem milhões de desesperados, deve-se perceber que a desigualdade social não se corrige somente com caridade, mas sim com justiça social começando com a eleição de governantes comprometidos com essa ideia.
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(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
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