A sociedade sergipana tem acompanhado os fatos derivados da chegada da covid-19 ao Brasil com duas grandes preocupações: proteger a vida das pessoas e evitar o colapso econômico.
Estimativas da Sociedade Brasileira de Infectologia indicam que, de cada 100 pessoas que contraírem o coronavírus, 80 serão assintomáticas ou terão sintomas leves, 15 precisarão de atendimento hospitalar não-intensivo e 05 dependerão de unidade de terapia intensiva (UTI)[1].
Pensando em Aracaju (657 mil habitantes), se apenas 1% da população contrair o vírus, haveria mais de 6.500 doentes, dos quais 5% desenvolveriam quadros graves e precisariam de UTI (325 pessoas). Acresce que: i- o paciente de covid-19 fica, em média, duas semanas internado; ii- além dos aracajuanos, virão muitos pacientes do interior; iii- o contágio da população pode exceder 1%[2].
Nossa rede de saúde, pública e privada, não está preparada para receber uma demanda assim. Por essa razão, o isolamento social ainda é necessário. Sem UTIs suficientes, um pico de contágio traria grande risco de mortes evitáveis. Entretanto, mitigar o impacto econômico do isolamento é indispensável à travessia deste período crítico. Encontrar um equilíbrio entre saúde e economia é nosso maior desafio.
Ampliar a capacidade da rede de saúde, fazer um mapa epidemiológico do contágio em Aracaju e disponibilizar EPIs para os profissionais de saúde são os requisitos imprescindíveis para que se possa iniciar a flexibilização das medidas de isolamento.
Cumpridos os requisitos, deve-se buscar uma abertura gradual, calibrada por: 1- capacidade de atendimento da rede de saúde (não pode haver saturação das UTIs); 2- risco de contágio massivo das atividades (as de menor risco terão precedência); 3- impacto econômico das atividades (as de menor impacto retornarão por último).
Informações sobre quantos leitos (de retaguarda e de UTI) já estão disponíveis exclusivamente para pacientes covid, quantos serão entregues e quando ocorrerá tal entrega devem ser prestadas. Esclarecimentos sobre efetivo de profissionais de saúde que cuidarão dos pacientes covid também são fundamentais. Não adianta hospital e UTI sem equipes de saúde.
Órgãos governamentais, entidades de saúde e os órgãos de controle (MPSE, MPT, MPF) têm tratado com zelo a situação da covid-19 em Sergipe. Setores empresariais, como a construção civil, prestaram auxílio à aquisição de equipamentos hospitalares. Certamente, isso acelerará a entrega das UTIs e abreviará o período de restrições às atividades econômicas.
Como cidadãos aracajuanos que torcem pelo êxito do combate à pandemia, apresentamos à sociedade algumas diretrizes para a reabertura gradual das atividades econômicas, pautadas em minimizar riscos à saúde pública. Que os governantes, entidades de saúde, órgãos de controle e fiscalização, empresários, trabalhadores, imprensa e lideranças religiosas possam discutir alternativas e chegar à melhor solução. Juntos venceremos a covid-19!
[1] Ver Informe da Sociedade Brasileira de Infectologia sobre o novo coronavírus, atualizado em 12/03/2020.
[2] O Plano de contingência para enfrentamento da Covid-19, apresentado pela Prefeitura Municipal de Aracaju em fevereiro de 2020, cogita a possibilidade de 25 a 45% da população adquirir a infecção num curto lapso de tempo.
Aracaju/SE, aos 27 de abril de 2020.
Isac Silveira – Vereador de Aracaju (PDT/SE)
Dienis Santos Celestino – Auxiliar de enfermagem e técnico em análises clínicas
Elussis Freitas – Jornalista e técnico em laboratório pós-graduado em saúde pública
Fábio Salviano – Sociólogo
Emerson Souza – Economista
Gerri Sherlock Araújo – Historiador
Diretrizes para a reabertura das atividades econômicas
A retomada gradual dos serviços seguiria linhas de atividades (considerando o risco de disseminação do vírus e o impacto econômico no sustento das famílias).
Recomenda-se intervalo mínimo de 15 dias entre cada linha. Segundo a OMS, o período de incubação do coronavírus pode chegar a 14 dias. Portanto, o intervalo é necessário para dimensionar a repercussão de cada abertura (na demanda por atendimento médico e no contágio nos bairros – que será aferido pelo mapeamento epidemiológico) e reduzir riscos de sobreposição de casos.
1ª linha |
consultórios médicos, odontológicos, psicológicos, de fisioterapia e de fonoaudiologia; transporte público com frota de horário de pico. |
2ª linha |
parques, praças e praias (para a realização de atividades físicas, proibida a aglomeração de pessoas). |
3ª linha |
comércio varejista (nos bairros com contágio reduzido e excepcionadas as lojas instaladas em galerias, shopping centers e calçadões). |
4ª linha | galerias e calçadões (horários de funcionamento das lojas alternados). |
5ª linha |
salões de beleza, clínicas de estética e cultos religiosos (sem idosos, sem crianças e apenas nos bairros com contágio reduzido). |
Observações:
1) As atividades que retornarem deverão respeitar protocolos de higiene preventiva e distanciamento social;
2) Os estabelecimentos (públicos e privados) de cada bairro funcionarão com horários alternados para diminuir a concentração de pessoas no transporte coletivo e nas vias públicas. A sugestão de horário de funcionamento do Plano de retomada da atividade econômica, elaborado pela FIESP, pode servir de referência (ver Anexo);
3) As lojas situadas em galerias e calçadões funcionarão com horários alternados para diminuir a concentração de pessoas;
4) Os parques terão limite de entrada de pessoas, horário de abertura reduzido e permanecerão fechados nos finais de semana;
5) Consultórios da área de saúde, salões de beleza e clínicas de estética seguirão rigorosamente as determinações da Anvisa, sob pena de multa e/ou suspensão;
6) A situação da epidemia será reavaliada semanalmente. Os ajustes necessários serão prontamente determinados (intensificação ou relaxamento do isolamento social);
7) A Prefeitura de Aracaju, considerando a capacidade de atendimento da rede de saúde e as atualizações do mapa epidemiológico, decidirá se é possível ampliar os horários de funcionamento das atividades reabertas ou se é necessário estabelecer novas restrições sobre atividades já liberadas;
8) Grandes eventos continuarão suspensos;
9) A reabertura de universidades, escolas, creches, cinemas, teatros, museus, academias, clubes esportivos e shopping centers somente será considerada após a estação chuvosa.
10) Nos bairros onde o mapeamento epidemiológico indicar alto contágio, atividades de linhas já liberadas poderão ser proibidas e as medidas de fiscalização serão reforçadas;
11) Estabelecimentos que descumprirem os protocolos de higiene preventiva e distanciamento social serão multados; reincidindo, poderão ter o funcionamento suspenso;
12) A liberação completa das atividades fica condicionada à evolução da epidemia.
ANEXO
Por Gilberto Costa-Silva (*) 15 de novembro de 1889, data da Proclamação da…
Banco do Estado de Sergipe (Banese) segue uma trajetória de crescimento. Os números divulgados…
Por Juliano César Souto (*) Brasil enfrenta um desafio estrutural que vai além…
Por Léo Mittaraquis (*) Para os diamantinos próceres Marcos Almeida, Marcus Éverson e…
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*) tema do presente artigo foi inspirado na…
O Banese apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 106,1 milhões nos nove primeiros…