Cinturão têxtil tem 250 novos trabalhadores qualificados pelo Governo do Estado

O chamado cinturão têxtil de Sergipe, localizado entre o sul e centro-sul sergipano, conta com um complexo de 34 fábricas e mais de três mil empreendimentos entre pequeno, médio e grande porte, só no município de Tobias Barreto. Em Itabaianinha, outro polo de destaque, são mais de 300 empresas do setor. Visando impulsionar a produção local, por meio de parceria com as prefeituras e com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Governo do Estado disponibiliza o Qualifica Sergipe, programa que oferta cursos profissionalizantes, de acordo com as demandas específicas de cada região solicitante. Mais de 250 pessoas foram alcançadas pelo ‘Qualifica’ no polo têxtil sergipano. O programa é coordenado pela Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem).

A confecção é tão característica em Itabaianinha que atrai, inclusive, quem de início não era do meio. Este foi o caso de alguns alunos, a exemplo da nutricionista Rafaela Fontes, que fez o curso de moda infantil. “Aqui na cidade estão sempre requisitando essa mão de obra. Primeiro fiz um curso básico de corte e costura e agora, com o ‘Qualifica’, acrescentei mais uma especialização. Já soube que virão outros cursos para cá e quero fazer todos”, disse a beneficiada, que agora possui um pequeno negócio na cidade.

O mesmo ocorreu com Leidiana da Silva, que é graduada em Assistência Social, mas se envolveu com a moda por influência do polo têxtil de Itabaianinha. “Moro há dois anos aqui e vi uma oportunidade de me adequar. Amo o Serviço Social, mas a moda me encantou”, revelou a beneficiada, que fez o curso de corte e costura de tecido plano e o de moda íntima. “No momento não estou trabalhando ainda, mas já recebi proposta. Optei por fazer mais cursos, como o de modelista de roupa, que vai iniciar ainda este mês”, justificou. O curso que Leidiana se refere tem carga horária de 160 horas e está previsto para começar entre agosto e setembro.

Emerson Barbosa aderiu à principal fonte econômica de Itabaianinha. Por meio do Qualifica Sergipe, ele fez o curso de corte e costura de tecido plano, com carga horária de 200 horas, iniciadas em maio passado e encerradas neste mês de agosto. “A moda é muito forte aqui. Fiz o curso para expandir meus conhecimentos, já que tenho formação em outra área, mas vivo em um polo têxtil e como surgiu a oportunidade então aproveitei, porque penso em seguir no ramo”, declarou, ao revelar que a costura de tecido plano é desenvolvida na máquina reta, onde são feitas camisas sociais. “É diferente da roupa de malha”, especificou.

Demanda

De acordo com a vice-presidente da Associação dos Confeccionistas de Itabaianinha, Rivanda Alves, a cidade necessita de mão de obra qualificada. “O ‘Qualifica’ é um projeto oportuno, porque a cidade está sempre precisando de mão de obra. Inclusive tem pessoas que fizeram o curso, que já estou de olho para a minha empresa”, revelou. “Às vezes você contrata o funcionário para aquela área da costura, mas percebe que ele não está preparado. Por isso a importância de programas como este”, pontuou. Além da preocupação com a qualificação da mão de obra local, a gestão estadual também tem dialogado com o segmento da moda de Sergipe, firmado parcerias com atores que são referência na área da indústria têxtil e de confecção, a exemplo do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (CETIQT) do Senai e Senai/SE.

João Gonçalves faz parte da equipe de docentes do Senai/SE na área de confecção do vestuário, e atualmente ministra aulas para os alunos do Qualifica Sergipe. Ele disse que já formou profissionais em duas turmas de curso de costura em malha e em tecido plano, com aulas de corte e confecção industrial, regulagens operacionais de máquinas, saúde, meio ambiente e segurança (SMS), Segurança no Trabalho, medição de eficiência e qualidade, usando a estrutura da Unidade Móvel de Confecção do Vestuário do Senai instalada em Itabaianinha, em parceria com a Seteem. “Tivemos a felicidade de até mesmo antes do término das turmas ingressar nossos alunos no mercado de trabalho. Hoje fico feliz em saber que 85% dos alunos formados neste projeto estão trabalhando tanto na prestação de serviço quanto de forma autônoma”, celebrou.

Qualifica Sergipe

Até o momento, já foram ofertadas oito turmas em cursos de qualificação, alcançando 124 alunos em Itabaianinha e mais oito turmas em Tobias Barreto, contemplando outros 132 alunos. As qualificações incluem cursos de costura de bolsas e acessórios; regulagem operacional de máquina de costura; costureiro de moda masculina em tecido plano; costureiro de camisa polo; costura de roupas e acessórios para bebês; costura de moda fitness, costura de moda praia, costura de calça social e esporte; costura de acessórios pet.

Desenvolvido em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), órgão vinculado ao Governo Federal, e as prefeituras municipais, o Qualifica Sergipe já alcançou 24 cidades sergipanas. Além do Senai, os cursos também foram contratados junto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

Novas oportunidades

A empresária Ivanilde Nascimento começou no ramo da moda aos 25 anos de idade e hoje possui duas lojas de moda feminina em Itabaianinha, com fabricação própria. Atualmente ela precisa de profissionais especializados em colocar zíper e fazer pala, ou seja, manusear partes consideradas mais complexas da produção. Embora o ‘Qualifica’ por enquanto não conte com curso nesta área, a empresária disse que já firmou parceria com o Governo do Estado, por meio do Programa Primeiro Emprego (PPE), também viabilizado pela Secretaria de Estado do Trabalho, para conseguir a mão de obra que precisa.

“A Seteem me orientou que estes jovens farão primeiro o treinamento teórico e depois serão encaminhados para a parte prática aqui na fábrica”, disse a empresária, referindo-se ao PPE, programa do Governo do Estado que tem o objetivo de dar oportunidade a jovens entre 18 e 29 anos, sem experiência formal no mercado de trabalho, a conseguirem o primeiro emprego. Por meio de parcerias com empresas, o governo qualifica os selecionados com aulas teóricas e práticas dentro da própria empresa que demanda a especialização, e ao final do curso, a empresa parceira tem o compromisso de contratar pelo menos 30% desses selecionados. “Independentemente desses jovens, eu sempre passo na carreta do ‘Qualifica’ para ver se tem alguém que se encaixe à minha necessidade”, completou.

De acordo com o secretário de Estado do Trabalho, Jorge Teles, tanto o Qualifica Sergipe quanto o PPE são parte de uma política pública desenvolvimentista, focada nas aptidões da região. “O Governo do Estado se comprometeu em potencializar a cadeia produtiva já existente na região. Buscamos ouvir de perto os desafios do segmento têxtil e de confecção e trouxemos a qualificação técnica, concessão de benefício fiscal e de outros estímulos para o desenvolvimento pleno de toda essa cadeia produtiva”, detalhou o secretário.