Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)
Motivado ou mesmo provocado pela necessidade de refletir sobre um possível desconhecimento da história de Sergipe, o Prof. Dr. Antonio Lindvaldo Sousa, natural de Ribeirópolis-SE, para além de seus mais de trinta anos de docência no Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe, resolveu nos últimos anos levar adiante e concretar um projeto que enriquece sobremaneira os anais da Historiografia Sergipana.
Refiro-me aos dois volumes da coleção CLIO DIGITAL, resultado de um projeto de extensão que ele realizou durante a pandemia de Covid-19. E nesse afã, principalmente, de comemorações dos 200 anos da Independência de Sergipe (2020), reuniu uma plêiade de consagrados e também de jovens historiadores para dar conta de explorar os diversos matizes da história e da cultura do Estado, a saber: Maria de Deus Manso (Évora, Portugal), Andreza Silva Mattos, José de Almeida Bispo, Anderson Pereira dos Santos, Verônica Maria Meneses Nunes, Suely Gleyde Amancio Martinelli, Diogo Francisco C. Monteiro, Kléber Rodrigues Santos, Pedro Abelardo de Santana, Magno Francisco de Jesus Santos, Edna Maria Matos Antônio, Fernando Afonso Ferreira Júnior, Carlos de Oliveira Malaquias, Suelayne Oliveira de Andrade, Péricles Morais, Márcio Matos, Terezinha Alves de Oliva, Renaldo Ribeiro Rocha, Joceneide Cunha dos Santos, Maria José Lima, Tatiane Oliveira da Cunha, Wagner Emmanoel Menezes Santos, Luiz Antônio Pinto Cruz, Emerson Porto Santos, José Adeilson dos Santos, Sayonara Rodrigues Viana, Josefa Eliane Souza, Josineide Luciano Almeida dos Santos, Rubens Alonso Filho e Marilza de Oliveira.
Tive a oportunidade de estar com ele na organização do primeiro volume: Memórias e Histórias de Sergipe (200 Anos de Independência) – Formação (2022), lançado no Memorial do Poder Judiciário de Sergipe, em Aracaju. Conheço o professor Antonio Lindvaldo Sousa há mais de vinte anos. Em 2005, passei a integrar, a seu convite, o grupo que ele lidera na Universidade Federal de Sergipe, um dos mais antigos do Departamento de História, o Grupo de Pesquisa Culturas, Identidades e Religiosidades (GPCIR), fundado em parceria com a Profª Drª. Verônica Maria Meneses Nunes, na década de 90 do século passado. Desde 2009, divido sala com ele e temos realizado, juntos ou em solo, uma série de atividades e publicações, a exemplo do livro O PULSO DE CLIO (2012), por ele organizado.
Além de se notabilizar pela pesquisa e pelo ensino de História de Sergipe, o professor Antonio Lindvaldo Sousa é um grande entusiasta de atividades de pesquisa e extensão, sobretudo de visitas técnicas, tendo capitaneado importantes projetos, a exemplo de “Massapê: Memórias, Engenhos e Comunidades da Microrregião da Cotinguiba-SE” (2016-2017) e “Escrevendo em nome da fé e diante das vicissitudes históricas…?: digitalização da Imprensa cristã e de jornais laicos sergipanos”, desde 2018. É autor de inúmeros artigos científicos e livros, dos quais destaco: “Temas de História de Sergipe I (2007); “O Eclipse de um Farol: aspectos da romanização do catolicismo brasileiro (1914-1917)”, de 2008; e “Temas de História de Sergipe I (2010)”.
O volume 2 de CLIO DIGITAL (Memória e Histórias de Sergipe – 200 Anos da Independência – Séculos XIX aos dias atuais) foi lançado no apagar das luzes de 2023, no dia 28 de dezembro, numa solenidade bastante concorrida nas dependências do Memorial de Sergipe, na Orla de Atalaia, em Aracaju. Foi dedicado ao professor José Paulino da Silva, professor da Universidade Federal de Sergipe, tendo sido seu vice-reitor na gestão de Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira, na condição de seu vice-reitor, nos anos 90. Paulino faleceu em novembro de 2022, aos 80 anos, deixando um legado importantíssimo e sendo responsável pela formação de vários intelectuais sergipanos, a exemplo do professor Lindvaldo.
Na dedicatória que me fez no exemplar com o qual me presenteou do referido volume, Antonio se expressou assim: “Ao colega Claudefranklin. Este é um registro de um momento importante da minha vida acadêmica” (janeiro de 2024). E de fato o é, meu amigo, um dos mais leais e sinceros amigos e amigos que já tive em quase trinta anos de docência e cinquenta de existência, mesmo ambos tendo visões de mundos e gênios completamente diferentes.
A “máxima” de Felisbelo Freire do primeiro volume de CLIO DIGITAL, de tornar Sergipe conhecido no país e no estrangeiro, se já fora cumprida e segue sendo pelos que o sucederam nesta missão, posso asseverar que se somam a todos eles, sem nenhum demérito, a sua contribuição, que além de significativa tem um quê de gentileza, cordialidade, afeto, senso de coletividade, que domina o gesto de abrir portas em detrimento do puxamento de tapetes.
Estendo um tapete vermelho para você e para a sua obra, em particular para o seu olhar historiográfico, regado do amor de CLIO, mas também sob a bençãos do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro de sua mãe terra, que sua mãe (Fina), in memoriam, lhe ensinou a referenciar como lugar de memória, mas também como um colo da sergipanidade que você tanto cultiva e cativa nas pessoas e nos seus escritos e talentos.