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Como ajudar seu filho(a) a administrar mesada

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David de Andrade Rocha (*)

Muitas vezes pensamos que educar financeiramente as crianças e adolescentes é apenas dar mesada para que eles aprendam a gerir seu próprio dinheiro. 

Essa visão pode até ser correta, se junto com a mesada vier uma explicação acerca do que é o dinheiro e como ele pode ser usado de maneira correta. 

É importante, principalmente para as crianças que elas tenham uma noção clara do papel do dinheiro em nossas vidas e onde ele é importante ou não, pois se conseguirmos ensinar que o dinheiro é apenas uma ferramenta que pode ser usada de diversas maneiras para a nossa saúde financeira, daremos um grande passo na educação das futuras gerações. 

Quando os pais começarem a dar mesada, eles devem evitar qualquer complemento a essa. Escolham o valor a depender da idade do seu filho, veja qual o total que ele precisa receber de mesada para que atenda às necessidades dele, mas que o force a saber economizar para não ficar sem dinheiro antes do mês acabar. 

Se ele gastar toda a mesada muito rápido, deixe-o terminar o mês sem dinheiro, para assim conseguir aprender que o dinheiro é finito. Se o seu filho tiver mais de 7 anos de idade você já pode utilizar a mesada para ensinar a ele o valor do planejamento financeiro ou o quão nociva são as dívidas. 

Exemplo 1

Se seu filho quer comprar um brinquedo de R$ 100,00, mas a mesada dele é R$ 50,00. Incentive que ele poupe R$ 10,00 por mês da mesada. Se ele conseguir manter isso por um mês você acrescenta mais R$ 10,00 ao que ele já tem. E  aproveite para explicar a ele que ao deixar o dinheiro investido em algo que gera retorno, o dinheiro cresce, por isso você está colocando mais dinheiro. São os juros. 

Explique que no segundo mês em vez de ter R$ 20,00 ele já terá R$ 30,00 (20 do que ele poupou e 10 que rendeu no mês anterior), se ele mantiver por mais um mês guardado, você no fim do mês colocará mais R$ 30,00, com isso, ele terá guardado já R$ 60,00 e você aproveita para ensinar sobre juros compostos, pois ao deixar guardado o que ele juntou mais o que rendeu no mês anterior, o rendimento é sobre o total. Depois o incentive  a continuar, porque falta pouco para a meta dele. 

Nesse exemplo, não se importe com a taxa de juros de 100%. Ele serve apenas de exemplo,  de forma a colocar na mente dele o arquivo que guardando um pouco por mês ele consegue um bom retorno financeiro. Outra coisa é que exercita a paciência dele, e isso será útil para que não caia em muitas tentações e propostas fantasiosas no futuro. 

Exemplo 2 

Você também pode ensinar a ele como é nocivo tomar emprestado e evitar que ele se afunde em dívidas na vida adulta. 

Para isso, quando ele gastar mais do que recebeu de mesada e vier te pedir mais dinheiro (vai acontecer com certeza), você pode propor um empréstimo a ele, se a mesada dele por exemplo é R$ 50,00 você pode propor um empréstimo de R$ 10,00 com juros de R$ 5,00 ao mês. 

Logo no próximo mês, você dará a ele de mesada apenas R$ 35,00. Quando ele perguntar o porquê daquilo, explique que quando se pega um empréstimo, pagamos o dinheiro que tomamos mais os juros. E como isso é nocivo, recorrer muito a empréstimos, chega uma hora  que não tem nem mais a mesada para passar o mês. 

Reforce que é porque não controlou os gastos em um mês e teve de tomar emprestado, e nesse mês ele terá que conseguir passar com apenas R$ 35,00. Observação: não conceda mais nenhum empréstimo. Se ele pedir, você diz que ele está sem crédito e explica o que significa. 

Esse exemplo da dívida terá um efeito de causar repulsa ao tomar empréstimo, principalmente o cheque especial que será o mais parecido com essa função. Isso criará nele um senso de planejamento financeiro que quando aliado a uma boa educação financeira será deveras libertador. 

Boas práticas! 

(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

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