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Como se dá o ingresso tradicional na Maçonaria? Da gênese à admissão do candidato

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Nelson Cantanheides de Miranda (*)

 

Meus amados Irmãos, essa peça de arquitetura tem foco nos importantes caminhos que levam a uma admissão tradicional na Maçonaria, e aqui reportamos a importância dos padrinhos, da sindicância e do parecer da Comissão de Admissão e Graus em Lojas Maçônicas Federadas ao Grande Oriente do Brasil-GOB, potência da qual faz parte a nossa referenciada Loja Clodomir Silva, nº 1477.

Na atual gestão de nossa Loja Clodomir Silva, liderada pelo amado irmão e Venerável Mestre, Hernan Centurion Sobral, a Comissão de Admissão e Graus conta com a colaboração dos amados Irmãos José Cândido de Santana  Antônio Carlos Alves de Souza e Nelson Cantanheides de Miranda sob a presidência do amado irmão past master Cândido, e assim nossa Loja mantém-se devidamente alinhada aos ditames do Regulamento Geral da Federação – RGF do GOB, no que tange ao mencionado processo de admissão e graus de candidatos.

ASPECTO REGULATÓRIO:

Observando-se a regulamentação maçônica, vemos que o Capítulo I do RGF, trata com exclusividade o tema ora abordado, passando por todas as etapas do processo de Admissão de candidatos, quais sejam: Processamento da Admissão, das Sindicâncias, das Oposições, do Escrutínio Secreto, da Iniciação e das Colações de Graus. Tem-se então, nesse primeiro capítulo, um conjunto de princípios, regras e procedimentos que norteiam todo esse mencionado processo.

 ORIGEM DO PROCESSO DE ADMISSÃO:

O início do processo de ingresso tradicional de um candidato, tradição muito antiga, dá-se com um convite pessoal de um mestre maçom o qual se tornará padrinho do profano, caso a proposta de admissão seja apresentada formalmente à Loja. Pode-se dizer que tal convite é uma experiência pessoal e direta, refletindo a importância dada à conexão interpessoal e à confiança na seleção de novos membros.

E aí nesse ponto, há um aspecto que todo maçom deve observar: em todo o processo tradicional de admissão, desde o convite até a possível aprovação, deve-se estar atento às diretrizes e leis universais da Maçonaria. Parece óbvio demais, parece ser redundante, mas essa observação deve ser vista como um mantra para não ser esquecida ou relegada a um plano inferior. Tais diretrizes são estabelecidas para garantir que a entrada na Ordem seja baseada em princípios éticos, morais e espirituais, visando promover a integridade e a harmonia dentro da comunidade maçônica. Esse cuidado no processo de admissão é uma característica distintiva da Maçonaria, reforçando seu compromisso com a excelência moral e o desenvolvimento pessoal.

Notem meus amados Irmãos, aqui falamos de Comunidade Maçônica e não apenas Loja Maçônica, pois um candidato iniciado passa a ter compromisso de seguir os mandamentos da Ordem, não apenas em sua Loja Mãe, mas com todas as Lojas de sua cidade, seu Estado, seu país e no mundo. Pode-se dizer que se trata de um compromisso Universal.

 O DEVER DE UM PADRINHO MAÇOM:

Ao iniciarmos o tópico sobre o padrinho maçom, é importante frisar que Maçonaria não tem interesse apenas na quantidade de membros, mas, principalmente na qualidade dos componentes do seu quadro, porque somente com qualidade é que se perpetuarão os seus objetivos e ensinamentos, que não devem ser conhecidos por não iniciados.

Templo da Loja Maçônica Clodomir Silva

E olhando-se para esse parâmetro da qualidade do candidato, cabe ao padrinho maçom não esquecer de que o seu afilhado no futuro poderá vir a ser Venerável Mestre e até Grão-Mestre. Por isso, tem que ser exigente na escolha e não convidar qualquer pessoa que conheceu e achou que tem perfil para ser maçom ou porque a pessoa lhe prestou algum favor ou, ainda, porque faz parte de uma determinada casta social.

A perpetuação da Ordem Maçônica depende em muito do padrinho, pois, conforme for a sua escolha ou indicação, terá a Maçonaria, excelentes obreiros ou simplesmente maçons incapazes de desenvolver o trabalho a que ela se propõe, que é oferecer meios que facultem melhores dias para a humanidade ser feliz.

Os meios apresentados pela instituição maçônica para que a humanidade possa ser feliz, são de simplicidade ímpar, bastando que os maçons os exercitem e os coloquem em prática no mundo profano.

Na prática dos meios estabelecidos pela Ordem Maçônica, deve o maçom pregar:

  • O amor como meio primordial de resolução de qualquer problema e união das pessoas;
  • Que através do aperfeiçoamento dos costumes é possível viver-se em sociedade sem tumulto;
  • Que exercitando-se a tolerância com paciência, se evita atritos entre as pessoas;
  • Que todos são seres humanos com ideias próprias e como tal, devem ser tratados com igualdade e respeito, inclusive se respeitando a autoridade e a crença de cada um, não se estabelecendo para isto, fronteiras ou raças, até porque todos são efetivamente iguais.

Vale ressaltar que ao padrinho maçom compete conhecer muito bem o candidato, bem como a sua família. Quando algum profano se inicia na Ordem Maçônica, também ingressam a sua esposa e os seus filhos e demais familiares, razão pela qual é de suma importância a participação efetiva de todos os membros da família, para a realização dos mais diversos atos, tais como solenidades festivas, Ordem DeMolay, Filhas de Jó, movimentos caritativos etc.

Logo, é necessário que o padrinho tenha muita cautela na escolha do afilhado, devendo para isto, conhecer o seu relacionamento familiar, o seu procedimento junto aos colegas de trabalho, a sua situação econômica, a sua disponibilidade financeira, a sua disponibilidade de tempo para acompanhar os interesses da Ordem, o seu grau de cultura, a sua desenvoltura no manejo das palavras e principalmente, o seu grau de percepção no entendimento dos assuntos a ele expostos.

Um profano só deve ser convidado a ingressar na Maçonaria, quando ele demonstre sem sombra de dúvidas, interesse para isso e quando a sua esposa, se casado for, não apresente qualquer sintoma de má vontade.

O padrinho, ao apresentar o nome do seu candidato, está investido de uma autoridade delegada por irmãos que confiam piamente nele, entendendo que este padrinho traga ao seio da Maçonaria, um futuro irmão que preserve os costumes da Ordem. Contudo, a responsabilidade do padrinho não pára por aí, porque dele depende o comportamento do seu afilhado, tendo o Padrinho como exemplo.

O padrinho deve aparecer para o seu afilhado como sendo o Mestre dos Mestres, deve ser como um “Pai”, um grande amigo, um confidente conselheiro procurando iluminá-lo, de forma que os seus passos na conquista dos graus sejam alcançados exclusivamente por mérito. Logo, ao padrinho compete dar um bom exemplo para o seu afilhado, cumprindo com a frequência às sessões em conformidade com o RGF e, principalmente, com as suas obrigações pecuniárias junto à Ordem.

É bom lembrar que o padrinho tem o dever de procurar o seu afilhado, quando este se encontre em descumprimento perante a Loja , pois, quando o padrinho apresentou o nome do seu proposto, afirmou categoricamente mediante documento assinado, que está em condições de responder pela idoneidade moral e financeira do candidato. Por outras palavras, o padrinho quando apresenta à Assembleia o nome de um candidato, verifica-se que quase ninguém (ou mesmo mais ninguém) conhece o apresentado. Ocorre que os membros da Assembleia simplesmente acreditam nas palavras do irmão e aprovam o início do processo de inquirição.

SINDICÂNCIA:

A palavra Sindicância vem do grego súndikos e significa averiguação, inquérito, investigações, em cumprimento de dispositivos legais.

Na Maçonaria a citada palavra impregna status essenciais à estrutura organizacional de uma Loja Maçônica. A sindicância proporciona ao candidato o privilégio de ser o caminho legal para que o mesmo venha ser um Maçom.

Partindo dessa premissa, a tríade de irmãos indicados pelo Venerável Mestre deve ter bastante “experiência”, para sindicar um candidato – assumem uma grande e real responsabilidade quando sindicante – , até por perceber “que pode ser ELE o seu irmão”. Nesta fase os irmãos devem investigar o candidato levando em conta, em especial, as normas e instruções definidas no RGF.

É prudente que no diálogo com o mesmo os sindicantes procurem avaliar predicados outros tais como: vivência em grupo social, comportamento em família e outros mais. Devemos sempre visualizar e fixar nas nossas mentes de que estamos buscando um “cidadão”, que após ser iniciado (tornado Maçom) será nosso irmão e de outros milhares espalhados pela superfície da Terra.

COMISSÃO DE ADMISSÃO E GRAUS:

Concluído o trabalho dos sindicantes, a Comissão de Admissão e Graus entra em campo para verificar se tudo está devidamente parametrizado à Luz do RGF. É um trabalho técnico, de extrema responsabilidade como os demais anteriores e de acurada análise, pois o parecer dessa Comissão torna-se o documento que indica se os termos da admissão estão justos e perfeitos para dar seguimento do processo rumo à Iniciação… ou não.

No geral, compete a uma Comissão de Admissão e Graus:

  • Emitir parecer sobre os processos de admissão e colocação de graus;
  • Acompanhar todos os procedimentos de Admissão;
  • Elaborar o cronograma dos procedimentos de admissões para o VM e Secretaria;
  • Encaminhar, orientar e cobrar os procedimentos da Secretaria no processo de admissão;
  • Cuidar de todos os procedimentos de colação de graus;
  • Elaborar o cronograma dos procedimentos de colações de graus para o VM e Secretaria;
  • Encaminhar, orientar e cobrar os procedimentos da Secretaria no processo de colação de graus;
  • Criar normas técnicas para os Candidatos;
  • Emitir atestado técnico aos Candidatos pretendentes à mudança de grau.

CONCLUSÃO

É importante que conheçamos atentamente os ”candidatos” que ora propomos iniciar na nossa Ordem Maçônica. No processo de admissão tradicional, padrinho deve carregar o verbo SER… muito diferente do verbo ESTAR…

A Sindicância deve ser feita por mestres maçons experientes, com grande observação e sem jogar perguntas em sequência conforme o formulário. A Comissão de Admissão e Graus, puramente técnica, trabalha dentro da ótica da regulamentação maçônica e atua em um amplo processo que começa com a escolha do candidato por um padrinho Maçom.

Pelo exposto nestas linhas podemos dizer que para otimização do processo de Admissão, precisamos ser fortes e conscientes na decisão da escolha dos candidatos, ainda mais se um dentre esses for um parente ou amigo (próximo) e que na sua sã consciência de padrinho, reconheça que o escolhido, não satisfatoriamente, preencha os quesitos que a Ordem Maçônica nos determina.

Talvez sejamos muito críticos, mas, não havendo um crivo especial na escolha do profano por parte do padrinho, pode-se dizer que determinadas propostas de indicação de candidatos, trazidos às Lojas Maçônicas pelos “padrinhos”, possam sofrer uma abissal incoerência, pois quando o sindicante o procura para um diálogo, consegue captar o desconhecimento parcial do sindicado ao atinar que “Ele” nem sabe o porquê  de realmente desejar ser aceito na Ordem Maçônica.

Não é tarefa fácil acertar em cheio na escolha de um candidato com o nível desejado pela Ordem, porém cabe a todos nós, Mestres Maçons, fazermos o possível para separar o joio do trigo.

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Nelson Cantanheides de Miranda

Filho de Belém do Pará, economista e corretor de imóveis

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