Dentre tantas querelas sociais nesses dias, uma delas é acusar pessoas de comunistas no meio político, nas redes sociais e até no ambiente familiar, sem qualquer fundamento nem conhecimento doutrinário. A imputação do fato é frágil porque o acusado não se enquadra e o imputador, na maioria das vezes, desconhece a verdadeira significação. Escrevemos nesta coluna dois textos, em momentos distintos. Ambos, buscam desmistificar, dentro outros aspectos, este tema. Você pode lê-los, clicando nos links abaixo.
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No passado, a Revolução Russa tentou implantar o comunismo, virou URSS, depois se desintegrou e voltou para o capitalismo. A China disputa com os EUA a liderança do capitalismo mundial, Cuba fez opção lenta de entrada neste sistema econômico. Portanto não existe país que busque a prática do comunismo no momento atual. De igual modo, defensores do Estado longe do mercado, fieis ao liberalismo econômico, desapareceram com o discurso. Empresários e empresas, de pires na mão, correm à procura do dinheiro barato do Estado. Contraditório defender modelo econômico sem interferência do Estado na economia e ao mesmo tempo pedir dinheiro para socorrer atividades econômicas privadas. Assim como não existe comunista, não existe capitalista fundado em sua essência teórica. Taxar o outro de comunista ou capitalista genuínos está cada vez mais difícil neste momento histórico.
Parte-se do pressuposto que comunismo é uma ideologia cuja palavra vem do latim “communis”, comum, universal. Defende uma sociedade igualitária, abolição da propriedade privada sem divisão de classes sociais. A propriedade tornar-se-ia comum dos meios de produção. Em teoria, partia-se do socialismo para por fim à propriedade privada. Tudo seria de todos com a coletivização do patrimônio material. Já o capitalismo refere-se a um sistema socioeconômico fundamentado no direito à propriedade privada, dos meios de produção e no livre comércio de bens e produtos com objetivo do lucro e utilização do empregado recebendo um salário. Liberalismo econômico é seu fundamento doutrinário.
Ao longo dos tempos ocorreram crises do capitalismo. Para cada crise surgiram soluções anticíclicas como o Keynesianismo, os Estados de bem-estar social na Europa, o New Deal americano, a Primavera Rosa da América Latina, e outras experiências que mitigam os efeitos da acumulação primitiva do capital pela burguesia, porém não superam o modelo econômico, apenas amenizam a conjuntura histórica. Foi assim com New York Stock Exchange em1901, New York Stock Exchange 1919, New York Stock Exchange em 1929, New York Stock Exchange em 1937, Bolsa de Valores de Londres (1973), Bolsa de Valores de Tóquio em 1990-2003, Bolsa de Valores de Hong Kong em 1997, NASDAQ em 2000, Bolsa de Valores de Londres em 2000 e agora (2020/2021) com a pandemia tanto no Brasil como nos EUA e demais países.
Contraditoriamente em teoria, já que o Estado não deve entrar no sistema produtivo, com a pandemia, empresas e alguns empresários, de pires na mão, pedem ajuda ao Estado para disponibilizar dinheiro público barato pretextando curar o desemprego. Muita gente desconhece as bases teóricas de liberalismo econômico e do marxismo, mas acusa, aleatoriamente, pessoas de comunistas. Sem radicalismo em 2021, marxismo e liberalismo não podem contar vitória doutrinária e abrem espaço para os prossumidores de Jeremy Rifkin com sua obra “Sociedade com Custo Marginal Zero”, face mudanças profundas na economia mundial.
Na origem, o pensamento de Jesus Cristo é espiritualidade pura e o marxismo, como fundamento do comunismo, é ateu. O planeta, a comida, a saúde, o trabalho de qualidade devem ter partilha justa para todos. Quem pensar e agir no ritmo do “farinha pouca o meu primeiro” usa a doutrina religiosa como escudo, praticando estelionato espiritual porque se apropria da extraordinária mensagem original cristã para justificar desigualdades e interesses pessoais. O capitalismo selvagem amplia a miséria, aumenta o foço entre ricos e pobres contrariando o pensamento original de cristão na partilha do pão.
Tais contradições e interesses devem ser combatidos para que possamos formar uma paz ideológica do discurso, no qual a tolerância seja a liga da convivência pacífica, e o bem estar de todos os humanos seja a meta principal, e ódio seja deletado das consciências. Xingar alguém de comunista no Brasil hoje, salvo algumas exceções, é requentar ideologia vencida pela história atestando ignorância intolerante. É falta de discurso político fundamentado e criativo propagador do ódio.
Em teoria, quem acusa desafeto de comunista deve ser capitalista. Quem é capitalista visa o lucro. Se radicalizar, pratica o capitalismo selvagem. Quem assim procede não aceita quebra de patentes para vacina contra Covid-19 por entender que o lucro é mais importante que os milhões de vida desaparecendo. Com certeza, o pensamento cristão da partilha rejeita a ganância do lucro para que países pobres possam ter tecnologia e a vacina mais baratas para salvar mais vidas.
(*) Valtênio Paes de Oliveira , professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
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