A concorrência monopolística é uma estrutura de mercado imperfeita e ineficiente, uma vez que ela não maximiza o bem-estar social.
Assim como a concorrência perfeita, essa estrutura é formada por muitos pequenos participantes, tanto como ofertantes quanto demandantes.
Entretanto, suas empresas possuem algum poder de mercado que lhes possibilitam obter lucros anormais ou econômicos, ou seja, acima daquele que seria obtido em concorrência perfeita.
Esse poder de mercado é, frequentemente, propiciado por algum elemento diferenciador detido por essas firmas.
Esse fator pode ser a localização, a qualidade do item fornecido, a experiência e a perícia profissional, a beleza ou a educação dos atendentes ou mesmo o prestígio que o consumo do item propicia.
Qualquer coisa, menos o preço, exclusivamente.
Veja que tanto o Restaurante Fasano, em São Paulo/SP, quanto a churrascaria Espeto de Ouro, em Paulo Afonso/BA, fornecem refeições, mas os seus preços são diferentes.
Por quê?
Entendeu como a diferenciação atua num mercado em concorrência monopolística?
O mesmo ocorre em muitos outros setores, de confecções a lojas de eletrodomésticos, passando por móveis e peças automotivas.
Nesse contexto de competição, dois elementos são de extrema importância para o aumento de poder de mercado das firmas: propaganda e fidelização.
A propaganda altera o processo de formação das preferências dos agentes e a fidelização aumenta o custo psicológico de se promover mudanças nos hábitos de consumo de sua clientela.
Então, quando uma empresa atua nessas áreas da mercadologia, ela está querendo aumentar o seu poder de mercado e, consequentemente, os seus lucros anormais.
A concorrência monopolística é a estrutura de mercado do nosso dia a dia.
Postos de combustíveis, pet-shops, bares, clínicas médicas e materiais de construção são exemplos de setores dominado por essa mesma estrutura.
Numa abordagem mais crua, isso significa que muito das transações do cotidiano são marcadas pela ineficiência social inerente a essa forma de organizar o mercado.
Isso quer dizer que existe um enorme contingente de pessoas que não pode participar efetivamente desses segmentos por conta dos preços praticados.
Contudo, há outra situação que precisa ser tangenciada: no fim das contas, todos esses setores são apenas esteios da lucratividade dos oligopólios.
As empresas aqui visitadas servem, basicamente, como formas das firmas oligopolistas imporem os seus produtos.
Afinal, são poucas as bebidas efetivamente vendidas por lanchonetes, são poucos os pneus vendidos pelas muitas lojas do ramo, são poucas as camisas vendidas pelas muitas lojas de confecção, são poucos os eletroeletrônicos vendidos pelos muitos estabelecimentos do setor.
Os lucros dessas firmas são pautados pelas políticas de preços dos oligopólios.
Dessa forma, os muitos e pequenos empreendimentos que pululam pelas cidades nada mais são do que expressões locacionais do domínio dos oligopólios.
No entanto, a despeito disso, não há como negar que, do acordar até ao adormecer, as pessoas são seguidas por negócios inseridos num ambiente de concorrência monopolística.
Leia amanhã: Onipresença e onipotência: os oligopólios
(*) Emerson Sousa é Mestre em Economia e Doutor em Administração
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe
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