O assunto não é novo na área de saúde, mas ganhou mais visibilidade com a pandemia do novo coronavírus. O home care vem impactando positivamente cada vez mais o sistema de saúde do Brasil, mas ainda há pouca divulgação de informações sobre os seus benefícios e abrangência de atendimento.
De acordo com o Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (NEAD), essa modalidade de atendimento registrou crescimento de 15% no volume de pacientes atendidos durante a pandemia. Definidos como “cuidados domiciliares”, serviços como consultas em diversas áreas (fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, psicologia, medicina, etc), cuidados paliativos, aplicação de medicamentos e realização de curativos são algumas das possibilidades de se realizar em casa, tendo como foco principal a reabilitação e qualidade de vida sem abrir mão dos recursos oferecidos nos hospitais.
“Quando o paciente tem a indicação de continuar o tratamento em sua casa, percebemos diversos benefícios: o acolhimento no lar, ter mais liberdade e estar próximo à família, tudo isso contribui para a melhora no quadro do paciente” afirma Nathalie Baggio, gerente comercial da Lar e Saúde, uma das maiores prestadoras de serviços home care do Brasil.
“Ter uma equipe especializada dedicando-se ao caso colabora para a recuperação e qualidade de vida. Além disso, para situações em que não há condições de cura, existe a possibilidade de estar no lugar que lhe é mais íntimo para o conforto e os cuidados de fim de vida, esse é o caso do paciente em cuidados paliativos”.
Atendimento X Internamento Domiciliar
Há duas modalidades de atendimento ofertadas e são escolhidas de acordo com a necessidade técnica de cada paciente: atendimento e internação domiciliar. O primeiro caso é geralmente voltado aos pacientes que apresentam um menor grau de complexidade do quadro de saúde, ou seja, que têm necessidade de uma estrutura de cuidado mais enxuta.
Normalmente são atendimentos com prazos mais curtos, muitas vezes de forma pontual, como sessões de fisioterapia ou curativos, por exemplo. Já em casos de internação domiciliar, há necessidade de acompanhamento profissional em períodos que variam de 6h, 12h ou 24h.
“Na internação o paciente requer mais cuidados, ele pode fazer uso de ventilação mecânica, ter dispositivos como traqueostomia e gastrostomia, fazer uso de curativos e medicações especiais, esse paciente acaba tendo a necessidade de ser acompanhado por diversos profissionais de saúde, capazes de atender às diferentes demandas.”, conta Nathalie.
Para que isso seja possível, o serviço de home care disponibiliza todos os equipamentos necessários ao suporte de vida, como por exemplo, respirador mecânico, cilindros de oxigênio, bomba de infusão, além de uma equipe multidisciplinar capacitada para os diferentes níveis de necessidades de cada paciente.
“Em casa, o paciente pode ser cuidado por uma equipe que estará atenta não apenas à sua reabilitação física, mas à qualidade de vida durante todo o processo. Fora isso, o fato de estar no conforto do seu lar, em um ambiente que, naturalmente, traz mais tranquilidade e com a presença dos familiares, faz com o que o processo seja mais leve, acolhedor e até contribua para um melhor desfecho clínico”, ressalta a profissional da Lar e Saúde.
Home care como aliado
De acordo com relatório da Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e da Confederação Nacional da Saúde (CNS), houve uma redução de mais de 30 mil leitos no país entre os anos de 2010 a 2020. Em 2010, a média de leitos no Brasil era de 2,23 para cada 1.000 habitantes. Em 2020, a taxa caiu para 1,91, ficando ainda mais abaixo da média estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), correspondente a 3,2 leitos por 1.000 habitantes.
Nesse cenário, dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) já indicaram que seria necessário criar, aproximadamente, 16 mil leitos hospitalares caso o serviço de home care fosse interrompido no Brasil. Assim, o atendimento domiciliar tem um papel fundamental para a redução da sobrecarga no sistema de saúde nacional.