Os corretores de imóveis de Sergipe têm enfrentado dificuldades em virtude da morosidade – por parte da Caixa Econômica Federal – para a liberação dos recursos do financiamento imobiliário. De acordo com Associação de Corretores de Imóveis de Sergipe (ACI/SE), o travamento no processo está atrasando a compra e venda, prejudicando não só a categoria, mas principalmente o cliente que deseja realizar o sonho da casa própria.
O presidente da ACI/SE, Anderson Ramos, explica que o problema ocorre há quase um ano e que a liberação dos recursos para o financiamento do imóvel, que normalmente ocorria em até 15 dias, acontece atualmente, se houver a liberação, entre 30 e 60 dias. “Estamos lidando com um problema de amplitude nacional, que tem afetado corretores de imóveis, vendedores e compradores de todos os estados, além dos próprios correspondentes bancários e funcionários da Caixa. A pessoa consegue o crédito junto à Caixa, mas os recursos demoram de ser liberados, atrasando todo o processo de compra e venda do imóvel. O corretor fica sem receber e o cliente desiste de vender e de comprar, ou fica meses esperando para ter o seu imóvel”.
Segundo Anderson Ramos, as dificuldades na liberação dos recursos para o financiamento imobiliário também podem trazer custos extras ao cliente. “A depender do tempo de espera, algumas taxas já pagas pelo cliente podem perder a validade e, com isso, ele é obrigado a efetuar novos pagamentos. Além disso, a longa espera pelo financiamento da Caixa faz com que muitos clientes busquem outros bancos, que podem até ofertar os recursos de maneira mais rápida, porém não possuem taxas de juros tão vantajosas”, alerta.
O travamento de recursos de financiamento tem relação com a alta na retirada de saques da poupança, de onde saem os recursos modalidade de crédito SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, linha na qual os bancos oferecem cobertura de até 80% do valor do imóvel. Dados mais recentes da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), por exemplo, mostraram que os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do SBPE tiveram em julho deste ano queda de 16,8% em relação a junho; e de 38,6% se comparando a julho do ano passado. No entanto, nos últimos meses as dificuldades com financiamento também estão afetando outras linhas de crédito, como o Minha Casa, Minha Vida, cujo teto de imóvel a ser financiado subiu para R$ 350 mil.
“Apesar de Caixa ter anunciado medidas para solucionar a situação, as dificuldades ainda permanecem. É preciso uma somação de esforços do Governo Federal. Em todo o país, corretores de imóveis estão sentindo no bolso os reflexos dessa situação. São pais e mães de família que se dedicam diariamente, buscam dar o seu melhor, movimentam a economia, mas estão enfrentando dificuldades financeiras. Eles fecham negócios, no entanto, não têm perspectiva de quando terão seus ganhos, em virtude da lentidão no processo. A demora nos financiamentos afeta ainda todo o mercado da construção civil e pode replicar nos indicadores de desemprego, caso perdure por muito tempo”, finaliza o presidente da ACI/SE.