Kaio Lôbo (*)
Os motoristas, cobradores e demais servidores do setor de transporte coletivo ainda sofrem sem saber se seus empregos serão mantidos. Do quadro de 2.400 funcionários, 70% estão trabalhando com a jornada de trabalho reduzida, consequentemente só estão sendo pagos 50% do salário. Além disso, foi retirado o ticket de alimentação, benefício de suma importância para a complementação de renda.
Em outra situação encontram-se 30% dos funcionários que estão com suspensão de contrato e estão recebendo os salários da seguinte forma: 70% do governo federal e 30% da empresa, mas sem nenhuma garantia de volta ao serviço. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttra), Miguel Belarmino da Paixão, “os servidores estão todos assustados. Eles acordam de manhã sem saber se vão ter seu emprego de volta”.
Mesmo com todas as medidas de segurança ofertadas pela empresa de transporte, o sindicalista teme pela saúde de seus colaboradores. “O motorista e o cobrador estão vulneráveis. Mesmo com álcool em gel, proteção de tela, máscara, higienização dos ônibus, eles estão com medo desse vírus, pois não sabemos como ele se prolifera” aponta.
Taxistas
“Você não sabe se pode ser a próxima vítima”. A declaração é de João Batista de 70 anos que pela idade está no grupo de risco da covid-19. O taxista tem mais de 30 anos de profissão e está na ativa pela necessidade de se manter.
Para o taxista, o apoio da família está sendo crucial para enfrentar este momento. Segundo ele, se arriscar para encarar essa fase é a única saída. “A situação está crítica, perdemos até amigos para essa doença. Mas infelizmente temos que enfrentar esse problema. Um local de muita concentração de táxis mesmo é ali nas portas de supermercados e mercado central de Aracaju, porque tem o único fluxo nessa quarentena”, alerta o taxista.
A situação dos 2.080 taxistas em Aracaju é preocupante. Se antes da pandemia a renda deles já estava comprometida em 70% na disputa com mais de 13 mil motoristas de aplicativos, agora com essa pandemia o setor entrou em colapso chegando a não capacitação de renda.
Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas de Sergipe (Sintax), Manildo Ramos, “não adianta nem sair para trabalhar, pois só estão fazendo uma corrida ou duas. A renda está em zero praticamente. Antes o dono do táxi colocava na faixa de R$ 80 a R$ 100 para trabalhar. Hoje mesmo com a faixa reduzida para apenas R$ 35 não se arranja um defensor (motorista que não é dono do táxis) que possa trabalhar”, explica.
O sindicalista ainda diz que o Sintax encaminhou um ofício para a Prefeitura Municipal de Aracaju reivindicando uma ajuda ao setor para complementar a renda, mas não obteve resposta. “Nem pelo menos uma cesta básica foi ofertada, agora os taxistas passam necessidades. Muitos estão vendendo suas concessões para ver se conseguem sobreviver mais um período, nem que mais tarde eles trabalhem de defensor”, lamentou o presidente.
O secretário de relações públicas do sindicato, Airton Santos, revela que foram enviados ofícios com pedido de ajuda também para as demais cidades de Sergipe. As prefeituras que se dispuseram a ajudar os taxistas de seus municípios com cestas básicas foram as de Itabaiana, Propriá, Capela, Boquim, enquanto Riachuelo também se dispôs a ofertar álcool em gel. As prefeituras de Indiaroba, Estância e Carira ainda não confirmaram se irão ajudar ou não.
(*) Estagiário sob supervisão do jornalista Antônio Carlos Garcia