Já tínhamos escrito sobre a função do líder na quarentena , em 20.04.2020. Trataremos hoje sobre a carência de lideranças. Na família uma pessoa falava por todos; na escola, o diretor; na sala, o professor. Entre os alunos, na igreja, no trabalho, no sindicato, entre atletas, sempre se destacam figuras de líderes.
No time de futebol joga-se a culpa para o técnico, pro jogador e excepcionalmente para a diretoria. Pode ter líder na defesa, no meio de campo e ataque. Basta que em um segmento do time alguém fique descontente para o sucesso se transformar em insucesso. Para os eleitos, a culpa não é da má gestão pública. Logo esquece-se que o povo é quem vota.
O pai, a mãe ou seus congêneres pouco lideram a família. O time de futebol já não é liderado pelo técnico. O sentimento do todo não é respeitado. Prevalecem idiossincrasias absurdas de gostos e interesses econômicos momentâneos. Precisa-se dividir responsabilidades. Temos crise de lideranças ou apatia participativa da população?
Remetendo ao passado, tivemos no meio estudantil da UFS, Clímaco, Diomedes, Deda. Outros ficaram pelo caminho no âmbito estadual. Mandela abdicou de liderança na tribo, foi pro centro urbano, construiu sua liderança, passou 27 anos na prisão política. Com a liberdade, tornou-se o maior líder de seu país e um dos maiores da sua época no planeta. Construiu e manteve até o fim uma liderança robusta. No dizer de Ali Abdessalam Treki, quando presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, “um dos maiores líderes morais e políticos de nosso tempo”. Lula tenta retificar sua página biográfica histórica.
Em Sergipe, nos últimos 20 anos, sem tratar de lideranças políticas anteriores (Augusto Franco, João Alves, Valadares e Albano) Deda forjou na escola, até universidade, uma liderança estudantil chegando ao governo estadual, mas teve atividade abreviada pela morte prematura. As demais que se colocaram em cargos de liderança plantão, foram descartadas logo depois do término dos respectivos mandatos. A carência continua pela falta de características de líderes e por desorganização da sociedade através suas instituições.
A mídia e o povo põem a culpa nos políticos. Políticos culpam segmentos da população. Enquanto isso o país sangra, a desigualdade e a corrupção aumentam. Na pandemia faltou coragem, determinação no Brasil; em Sergipe dos líderes de plantão para ordenarem e executarem as orientações técnicas. A sociedade amarga à deriva uma longa tragédia que banaliza a morte orquestrada por piadas que desdenham do sofrimento do povo.
Líderes, neste quinto do século XXI, estão reduzidos a frações dentro de seus núcleos de atuação, sem respeito aos grandes princípios da ordem pública democrática. Respeito à coisa pública, lealdade, fidelidade ao ambiente social, capacidade de aglutinar, defesa de princípios, coragem e a pedagogia tratada no livro “O Monge e Executivo” de James Hunter, são desconsiderados. Vivemos juntos, mas dissociados da liga harmônica da tolerância e de princípios ético-sociais duradouros.
As instituições enfraqueceram porque lhes faltam ideias e unidades de discurso. Famílias, igrejas, escolas, partidos, sindicatos, associações, dentre outras, patinam entre extremos. A capacidade da sociedade de contribuir para o surgimento de lideranças minguou em tempos da comunicação instantânea através da WEB. Não se constrói fundamentos de bandeiras de lutas que perdurem. Parece difícil, para o potencial líder, a fidelidade e a coerência entre a prática e o discurso. O segmento pensante da sociedade está devendo esta formação.
Com a palavra, a escola através de seus estudiosos. Urge novo reordenamento orgânico das instituições sob pena da apatia facilitar o caos. Fato é que conservadores e progressistas raramente construíram lideranças, em atividade, com a marca da moral pública nos últimos tempos. A carência no mundo, no Brasil, em Sergipe e em Aracaju continua.
(*) Valtênio Paes de Oliveira , professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur – Editorial Dunken e Diálogos em 1970 – J Andrade.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
Por Acácia Rios (*) A rua é um fator de vida das cidades,…
Com a realização do Ironman 70.3 Itaú BBA, a maior prova de triatlo da…
A Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse) celebrará o Dia do Músico, nesta sexta-feira, 22,…
Em busca de compartilhar experiências e adquirir conhecimentos sobre o segmento energético, o Governo…
Por Cleomir Santos (*) om o anúncio da Meta sobre o fim dos…
Em virtude do feriado do Dia da Consciência Negra, comemorado nesta quarta-feira, 20, alguns…