Implementado pela Prefeitura de Aracaju para promover segurança alimentar para famílias em situação de vulnerabilidade, o programa Cultivando Cidadania, que implanta hortas comunitárias, ganha uma proporção mais ampla ao permitir incremento de renda, empoderamento e senso de comunhão nas localidades em que está presente. Realizada desde 2017, a iniciativa é desenvolvida pela Gerência de Segurança Alimentar e Nutricional (GSAN) da Secretaria Municipal da Assistência Social.
Atualmente, o programa abrange sete hortas, situadas em equipamentos da administração municipal e estadual, em diferentes regiões de Aracaju, como na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Presidente Tancredo Neves, no bairro Ponto Novo; na Emef Jornalista Orlando Dantas, no bairro Olaria; na Escola Estadual 11 de Agosto, no Getúlio Vargas; na unidade da Fundat localizada no Jardim Esperança; no Cras Maria José Menezes Santos, no Coqueiral; na Casa Lar Nalde Barbosa, na Farolândia; e na Unidade Básica de Saúde (UBS) Irmã Caridade, na comunidade Aloque.
O trabalho desenvolvido nas hortas implantadas nesses locais envolve aracajuanos vinculados aos Centros de Referência da Assistência Social (Cras), inseridos no CadÚnico, que são orientados por técnicos da Prefeitura em relação ao cuidado com o solo, iniciativas de irrigação e uso de adubos e substâncias orgânicas de combates às pragas. A ideia é estimular essas famílias a trabalhar na horta para autoconsumo e, quando possível, vender o que cultivaram na “Feirinha Agroecológica” realizada a cada 15 dias na sede da Prefeitura de Aracaju, levando em consideração a sustentabilidade.
“É um programa importante para as famílias em situação de vulnerabilidade, presentes já no Cadastro Único, uma vez que promove o consumo próprio de hortaliças de qualidade, assim como permite incremento de renda, com a venda nas feiras. Além disso, há a troca, a convivência com outras pessoas, com a comunidade. É também uma forma de produzir sustentável, mais ecológica”, explica a agrônoma e coordenadora do Cultivando Cidadania, Tâmara Oliveira.
Nas hortas do projeto, são plantadas hortaliças de ciclo curto, aquelas que podem ser colhidas em até 60 dias. Isso proporciona aos inseridos no programa uma alimentação balanceada, contando ainda com acompanhamento de nutricionistas e a presença de agrônomos nos locais para acompanhar todo o processo. Desta forma, as famílias aprendem, na prática, técnicas de plantio, colheita e venda de produtos sem agrotóxicos. Após a colheita, os participantes possuem autonomia para usufruir dos alimentos plantados, seja para consumo próprio ou para geração de renda, por meio da venda em feiras livres, mercados, dentre outros espaços.
Na horta localizada na comunidade Aloque, por exemplo, uma sorridente senhora aponta orgulhosa para pés de couve, coentro, morango, hortelã, pimenta, banana, mamão, graviola, pitanga, quiabo, acerola, gengibre, mostarda e cana. Trata-se da aposentada Helena dos Santos, que trabalhou por 30 anos na própria UBS onde contribui com o cultivo, local para onde volta diariamente em busca de conexão com a terra e com as pessoas da comunidade.
“É amor pela terra, gostar do que faz. E eu amo de paixão. Para mim é também uma questão de superação, porque eu tive uma perda, assassinaram um filho meu, e aqui foi meu refúgio, onde eu tive paz, consolo. Como? Conversando com as plantas, ora chorando, ora sorrindo. Há dias em que eu chego às cinco horas da manhã, volto às nove para casa, cuido das minhas coisas, às duas da tarde eu volto e só saio às cinco horas. Tanto uso o que planto aqui pro meu próprio consumo quanto vendo na feirinha. Enquanto tiver forças vou continuar, porque me faz muito bem”, garante.
O impacto positivo do projeto não está restrito apenas aos que colocam as mãos na terra, mas também atinge quem consome os produtos, gerando empoderamento e dignidade para um número amplo de pessoas, como a dona de casa Josenilda Feliciano, que mora no Aloque há 38 anos, ressalta.
“São produtos de qualidade, que fazem bem à saúde, porque não têm agrotóxicos. Além disso, as pessoas que cuidam são maravilhosas. Essa horta traz muitos benefícios para a gente que consome e para quem cuida, porque é um tipo de terapia. Tem hortaliças, plantas medicinais para fazer chá, oferece tudo de bom à comunidade”, diz.
Para Michele Viana dos Santos, que mora na mesma comunidade há 14 anos e faz questão de adquirir os produtos com os agricultores locais, a presença da horta proporciona comodidade e é motivo de orgulho para os moradores. “Beneficia muitas pessoas, nos dá orgulho demais. Antes não havia nada, agora temos uma horta dessas, sendo cultivada com amor todos os dias. Toda semana eu venho aqui, porque o preço vale a pena demais e não preciso me deslocar para distante de casa”, conta.
Como participar
Para fazer parte do “Cultivando Cidadania” basta se dirigir ao Cras de referência e solicitar o projeto para o seu bairro ou entrar em contato por meio do número de telefone (79) 4009-7862, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h30 e das 14h30 as 17h, exceto finais de semana e feriados.