Por Emerson Sousa (*)
A experiência internacional mostra que o desenvolvimento social pede a existência de fortes sistemas de proteção social, políticas públicas de amplo alcance e sólidos direitos coletivos.
Por esse motivo, os países com os maiores níveis de desenvolvimento humano são justamente aqueles em que o Estado possui um forte poder regulatório e altos níveis de gasto social.
Se o Brasil quiser ser um país desenvolvido, ele precisaria imitar a conduta dessas nações e começar a fortalecer ainda mais as estruturas governamentais de políticas públicas e de direitos coletivos.
É nesse contexto que aparece a figura do Pobre de Direita, essa personagem que, embora seja obrigada a vender suas habilidades, competências e aptidões para sobreviver, continua votando nos candidatos dos Ricos.
O Pobre de Direita, simplesmente, não deixa que o Brasil se torne um país desenvolvido.
Isso ocorre porque é com o voto do Pobre de Direita que o Centrão de Arthur Lira arregimenta a sua força.
E essa realidade eleitoral se espalha por todos os níveis federativos da República, em todos os seus poderes.
É o Pobre de Direita quem garante, desde a Redemocratização, ocorrida em 1985, as vitórias das forças conservadoras em todas as instâncias do Legislativo e do Executivo e, por decorrência, a ocupação dos postos superiores do Judiciário.
Por conta do voto do Pobre de Direita, de nossas câmaras municipais até o Senado Federal, passando por prefeituras e assembleias legislativas, estão coalhadas de políticos conservadores que estão lá apenas para defenderem o interesse dos Ricos.
Não é por acaso que, por exemplo, dos oito deputados federais de Sergipe, apenas dois votaram a favor da criação de um Imposto sobre Grandes Fortunas. Um se ausentou e cinco foram contra esse tributo. E esse quadro se repetiu em todas as bancadas estaduais.
Ou seja, se não fosse a irresponsável conduta eleitoral do Pobre de Direita, o Brasil poderia começar a fazer Rico pagar Imposto.
Mas o Pobre de Direita não permitiu isso.
E ele faz isso porque é um tolo que acredita que Meritocracia existe e que o sucesso é uma experiência individual e não fruto de arranjos e combinações diversos.
Por conta disso, ele não acredita em Solidariedade, em Cidadania, em Direitos ou em Proteção.
Movido pela Lógica do Condomínio, o parvo só se agarra em seus boletos (nem sempre pagos).
O Pobre de Direita não se vê como Cidadão, apenas como Consumidor.
O Pobre de Direita é cognitivamente incapaz de compreender que somente a regulação pública pode criar uma sociedade justa e igualitária e que se tudo for entregue ao mercado, tudo for privatizado, só produziremos exclusão social.
Por sinal, o tonto não acredita na redução das desigualdades e vive sonhando em estar no inalcançável lugar de nossas elites econômicas.
O estulto não percebe que ele é apenas um instrumento, um insumo do maquinário social que, cada vez mais, concentra riqueza nas mãos dos Ricos.
Por isso ele deve ser sistematicamente combatido. Já passou do tempo do diálogo!
Até porque o Pobre de Direita é inepto demais para justificar racionalmente as suas palavras e atitudes políticas.
Ele tem que ser combatido porque ele é a pedra de torque que dá movimento ao nosso ímpio quadro de Iniquidade social.
Suas ideias e seu discurso devem ser prontamente rebatidos onde quer que eles se apresentem.
Num país injusto como o Brasil, não há como a Democracia se firmar ante a presença do Pobre de Direita. Afinal, é justamente ele que vive pedindo intervenção militar.
Então, enquanto o Pobre de Direita for maioria em nosso eleitorado, nós não poderemos ser um país desenvolvido, porque esse estágio só pode ser alcançado por meio da Cidadania.
E Cidadania só se constrói na presença de Políticas Públicas Emancipatórias, Direitos Coletivos e Sistemas de Proteção Social.
E, como bem mostra a sua conduta eleitoral, o Pobre de Direita não tem o mínimo interesse na promoção dessa tríade.