domingo, 17/11/2024
Proposta para mudar a maneira de pensar Foto: Pixabay

Desafios da economia: Bioética e Processos Produtivos (parte 5)

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Iginio Rivero Moreno (*)

O que é a responsabilidade social, participação e protagonismo cidadão no  exercício do poder político?

Vivemos numa eterna queixa sobre a atuação dos atores políticos da esquerda ou da direita no poder, o mesmo populismo – pelo  menos esta é a realidade latino-americana. Longe de comportar-se como servidores públicos, agem como donos e senhores do tesouro público que manejam livremente diante  da presença de seus donos (os cidadãos), sem que façamos nada a respeito, no sentido geral. A não ser, queixar-nos – quando não temos recebido nenhum favor desses corruptos  – e quando muito, fazemos protestos “pacíficos” para não desafiar respostas repressivas do Estado cúmplice, quando se dão manifestações violentas que terminem em atos descoordenados que saem do controle, e não conseguem  justificar a repressão igualmente violenta.

Geralmente vemos os cidadãos, num exercício reducionista do que acreditam que é  democracia, castigando com o voto, elegendo na eleição seguinte os do bando ideológico contrários para que venham a desenvolver programas de governos que terminam igual ou pior que o anterior.

Urna eletrônica

Tendemos a ver as lideranças políticas como caudilhos, pequenos semideuses, messias ou guias do céu, que vêm a solucionar a existência. Tudo por desconhecer ou, simplesmente, por comodidade, dando permissão a uns poucos sobre as decisões,  porque não temos o tempo para nos ocupar nisso, tempo que nos falta pelas nossas ocupações consideradas mais importantes. Deixam, certamente, o mais importante: o futuro de nossos filhos e netos nas mãos de ignorantes, na maioria dos casos, e incapazes de cumprir com o dever. E não é só intenção pessoal de fazer riqueza de maneira fácil, só porque acreditamos que são agentes especializados para operar na área política. Nisso se somam aqueles setores econômicos sem escrúpulos, cujo objetivo é a geração de dinheiro, riquezas sobre a base de qualquer custo, inclusive a sobrevivência da espécie humana no planeta,  apoiados pela classe política que atende só a visão dos negócios fáceis.

Todo o exposto é um segredo conhecido, todo o mundo sabe. Há trabalhos escritos por diferentes especialistas: em Ciências Políticas, sociólogos, antropólogos, ecologistas, biólogos, jornalistas, historiadores, entre outros.

Eu não proponho a eliminação da classe política, menos do sistema. Proponho uma mudança na maneira de pensar. Consciência e maturação política na cidadania em virtude de suas responsabilidades como duelos legítimos do território nacional e suas riquezas. Em um exercício verdadeiramente soberano do que se chama ou se entende por “Democracia Moderna”: “O Poder dos Cidadãos”.

A dinâmica dessas mudanças vai gerar as transformações necessárias. Não é com aspiração em ocupar um cargo do governo que se vai mudar a dinâmica torcida do poder. É criando um verdadeiro e real poder cidadão que exerça controle autêntico como faremos acontecer. Mas deve ser criado no seio da cidadania, em suas organizações civis, sociais, econômicas, de trabalhadores, religiosas, científicas, artísticas, todos comprometidos, sérios, com o desenvolvimento de valores de convivência desde os núcleos familiares, comunitários, organizações gremiais.

Criando institucionalidade social e jurídica, auto-sustentabilidade, dando vida em primeira instância a transformação do poder judicial para reconhecer a pessoalidade jurídica soberana do poder cidadão, como ente de decisão das ações políticas transcendentais e controladores sociais com total peso legal sobre o desenvolvimento dos orçamentos da nação. Nada fazem candidatos “bem intencionados”, sensibilizados com as causas justas, se antes não há desenvolvido um trabalho para consolidar o Poder Cidadão que possa respaldar suas funções dentro do pútrido sistema, terminarão inevitavelmente corrompendo-se. Se não se tem um desejo de riqueza, é melhor trabalhar do lado da sociedade. A menos que se tenha uma Consciência muito clara, uma vontade de aço.

Como pode ser?… Continuaremos no artigo seguinte…

(*) Poeta e artesão venezuelano. Licenciado em Educação, especializado em Desenvolvimento Cultural pela Universidade “Simón Rodríguez”, Venezuela.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a).  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

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