Atração de investimentos, geração de emprego e oportunidade para que a economia volte a respirar. Essas são as expectativas dos economistas para Sergipe, diante da maior descoberta da Petrobras, desde o pré-sal em 2006, de campos de gás natural no Estado. Os economistas Rodrigo Rocha, do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), e Luís Moura, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese), concordam que a notícia é excelente. E defendem que essa descoberta traga benefícios para todo o Estado, principalmente para população.
“A Federação das Indústrias de Sergipe (FIES) vê com bons olhos essa descoberta da Petrobras, que foi a principal notícia deste final de semana. Não havia nenhuma perspectiva de melhorar a economia, não se enxergava uma saída, antes deste anúncio. Agora, no entanto, o momento é diferente, pois vai movimentar toda a cadeia produtiva”, destacou.
“Quando se fala em cadeia produtiva, não é somente a exploração, mas tudo que gira em torno. Antes, a cadeia do petróleo era forte, mas ao longo dos anos estava numa situação sofrível”, lembrou Rodrigo.
O economista do Dieese, Luís Moura, diz que a descoberta da Petrobras é uma reserva monumental, mas ressalta que a estatal deve viabilizar os investimentos necessários para que o gás chegue aos consumidores num preço acessível.
“Sergipe vai aderir ao projeto que o Governo Federal está elaborando para o gás natural. Existe a perspectiva de redução de preço, o que seria muito bom para as indústrias. Tudo isso tem que ser concretizado, para não ficar somente na promessa”, frisou Luís Moura. Em virtude do alto preço do gás natural praticado pela Sergas, uma empresa chegou a fechar em Sergipe, recentemente.
O economista alerta para uma coincidência: três dias antes do anúncio da Petrobras, a estatal vendeu 90% da Transportadora Associada de Gás (TAG), por R$ 33,6 bilhões, para o grupo formado pela Engie e o fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ).
“A TAG é uma riqueza monumental que está na iniciativa privada, e que continuará a transportar o gás para os consumidores. Empresa privada busca o lucro. Qual será o custo desse transporte?”, questiona Luís Moura.
“O estado de Sergipe precisa ter uma estratégia de como aproveitar toda essa riqueza e beneficiar a sociedade sergipana”, completou.
Coincidência ou não, a oportunidade para discutir como aproveitar essa riqueza vai acontecer durante um evento, promovido pelo Governo do Estado, que já estava marcado. Será o Simpósio de Oportunidades: novo cenário do gás natural em Sergipe, entre os dias 4 e 5 de julho, no Radisson Hotel. O objetivo é “discutir os aspectos relacionados à oferta de gás em Sergipe e as novas oportunidades que o Estado oferece”. Veja como se inscrever e a programação completa: https:\\simposiodogas-se.com.br\
De seis campos dessa grandiosa descoberta, a Petrobras espera extrair 20 milhões de m³ por dia de gás natural, o equivalente a um terço da produção total brasileira. Divulgada no mês passado, a descoberta deve gerar R$ 7 bilhões de receita anual à estatal e sócia, calcula a consultoria Gas Energy.
Na avaliação do governo, a conquista pode ajudar a tirar do papel o esperado “choque de energia barata” prometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes – plano para baratear em até 50% o custo do gás natural e “reindustrializar” o País.
A aposta do governo é que, em pouco tempo, deva sair de Sergipe o gás mais barato do Brasil. Primeiro, pelo próprio aumento da produção, que ajuda na redução dos custos. Segundo, pela entrada em operação de rivais da petroleira, como a americana ExxonMobil, que tem projetos de exploração na região. Por fim, pela presença de empresas importadoras de gás, que também vão concorrer pela infraestrutura de escoamento. Dessa maneira, a tendência é de redução na tarifa de transporte e, com isso, também do preço final do produto.
“Vamos ter competição. É isso que vai fazer o preço baixar”, afirma o secretário de Petróleo e Gás Natural do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Felix, que participa da elaboração do plano de Guedes.
O governo também tem a expectativa de estimular a economia na região com o gás. De 2014 a 2017, a cadeia de óleo e gás ficou praticamente paralisada como reflexo da forte queda no preço do insumo no mercado internacional e das revelações da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que revelou bilhões em desvios de recursos na Petrobras. “É possível que a gente assista a uma retomada da indústria de petróleo e gás no Nordeste, onde tudo começou”, diz o presidente da Gas Energy, Rivaldo Moreira Neto.
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