Na semana passada falei sobre as formas que poderiam ser usadas para deixar as contas em dia, mesmo para quem foi pego de surpresa neste início de ano.
Muitas pessoas me perguntam antes de fazer o curso de Educação Financeira como podem, mesmo ganhando pouco, ter as contas ajustadas e ainda assim conquistar aquilo que desejam. Sempre respondo que não é exatamente o quanto você ganha que indica como estará sua saúde financeira, mas como você administra o dinheiro que recebe de sua fonte de renda ativa.
Hoje trago algumas dicas que podem ser muito úteis para quem ganha pouco conseguir poupar dinheiro e evitar as dívidas. Vamos a elas:
1 – Preste atenção aos pequenos gastos.
Sabe aquele lanchinho não planejado? Ou aquele Uber pego de última hora? Talvez até mesmo aquele presente baratinho de aniversário? Eles podem ser grandes vilões de seu orçamento.
Costumamos chamá-los de gastos extras. Sim, eles acontecem e irão continuar acontecendo, mas não são normalmente esperados, por isso nos pegam de surpresa e podem por fim a todo um planejamento que talvez nos levasse a algo que queríamos mais.
Devemos, com certeza, aproveitar um lanche quando queremos, ou presentear quem gostamos quando temos essa vontade. O problema não são esses gastos, mas sim a falta de controle sobre eles, ou seja, por normalmente serem pequenos não damos a mesma atenção que daríamos a uma prestação de carro, e isso é um erro tremendo.
Quando juntamos diversos gastos pequenos durante o mês e não prestamos atenção neles, acabamos nos surpreendendo com a conta do cartão, ou com o cheque especial. E se você não usa nenhum desses, provavelmente já passou pela terrível sensação de que já não tinha mais dinheiro para terminar o mês. Como é dito: “Sobrou mês e faltou salário”
Como evitar essa terrível situação? Simples! Anote esses gastos e estipule um limite mensal que você pode gastar. Dessa forma, ao chegar nesse limite simplesmente pare e deixe a compensação momentânea para o próximo mês.
Ao fazer isso você rapidamente verá que sobra dinheiro no seu mês.
2 – Comprar itens que desvalorizam rápido
Vivemos em um mundo que nos incentiva a consumir, principalmente produtos de alta tecnologia como celulares, notebooks, televisões cada vez mais modernas, carros zero Km e uma infinidade de outras coisas.
Por pressão social muitas vezes queremos sempre o último modelo de tudo que é feito, mas isso é sustentável? Por exemplo, se você compra o mais novo celular da moda e o parcela para 12 X, quando você terminar de pagar esse item, ele já não vale nem metade do que você pagou. Então literalmente você destruiu dinheiro, além de que a pressão social já estará fazendo você pensar no novo modelo, vivendo em uma eterna prestação que pressiona suas contas mensais.
No caso de carro ainda é pior. De alguma forma as concessionárias colocaram na cabeça da sociedade que carro se troca ao ano, fazendo os consumidores esquecerem que carro é um bem durável. Ao comprar um carro zero quilômetro e sair da concessionária ele já perde um valor substancial (o que num item de alguns milhares de reais é muito dinheiro), e até o fim do primeiro ano os carros no Brasil desvalorizam entre 15% a 25% dependendo da marca e modelo.
Isso mesmo você pode destruir até um quarto do valor de gasto no carro em apenas um ano, uma bela forma de jogar dinheiro fora.
Logo, planeje muito bem as compras desses itens, pois perder dinheiro anualmente dessa forma fará muita falta no futuro. Portanto, escolhas conscientes são sempre melhores do que a emoção ou a busca por status.
3 – Assumir financiamentos ou empréstimos caros
Relacionada ao item anterior temos os financiamentos ou empréstimos que podem acabar levando a vida financeira da pessoa a bancarrota. Não se deixe enganar, as taxas de financiamentos no Brasil são caras e os empréstimos são ainda mais caros.
Lembre que o banco empresta como negócio e não para te ajudar. Eles querem os juros que no Brasil ainda podem chegar a 9% ao mês, a depender do seu perfil de risco para o banco. Sendo assim, ao assumir esse compromisso você estará ficando até 9% mais pobre a cada mês, pois esse dinheiro extra pago ao banco poderia ser aplicado para trabalhar para você.
O financiamento, apesar de ter taxas mais caras, deve ser evitado, pois imagine que você financie um carro zero quilômetro, e no primeiro ano ele perca valor de até 25% como debatemos antes, a sua divida será no mínimo 40% maior que o valor do carro atual. Logo, você está com um patrimônio que vale menos e uma dívida que só cresce. Tome cuidado, pois esses financiamentos é o que realmente fazem muita gente ficar no vermelho durante anos, perdendo, assim, a chance de acumular patrimônio de verdade.
4 – Não ter uma margem de garantia
A margem de garantia é uma reserva que você faz a partir de seus ganhos mensais, destinando parte do dinheiro a se pagar, antes de tudo. Com essa margem criada, você pode ficar bem tranquilo em relação ao futuro próximo, pois sabe que se ocorrer algum imprevisto, você tem uma reserva que pode usar para não ser muito afetado.
Aqueles que não têm essa margem, quando ocorre imprevistos, precisam pegar dinheiro emprestado, via cartão de credito, cheque especial, empréstimo consignado etc., caindo assim na armadilha do item anterior e vendo seu patrimônio ser consumido de forma insistente pelos juros.
Já tendo essa margem, a pessoa só precisa refazê-la caso necessite tirar, o que ao não pagar juros altos ao banco, já se mostra vantajosa por si mesma, mas o fato de dar ao emocional da pessoa uma base forte ela é muito mais importante do que normalmente é considerada.
5 – Não pesquisar sobre educação financeira
Muitos acham que educação financeira é besteira, ou somente planilha. Nada poderia estar mais errado e longe da realidade do que isso.
Estamos em um país que tem 70 milhões de inadimplentes e em pesquisas recentes do IBGE apenas 8% das pessoas disseram ter algum leve conhecimento de educação financeira. Logo, 92% da população brasileira nunca se preocupou em conhecer boas práticas de lidar com seu dinheiro, e isso é desolador.
Quando você passa a ter um melhor controle do seu dinheiro, você não cai nas armadilhas dos empréstimos e tem menos chances de ficar inadimplente.
Acompanhando todos os alunos que fizeram meu curso de educação financeira e psicologia das finanças, pude notar que todos sem exceção tiveram um grande aumento de patrimônio, seja por ter descoberto como sanar as dívidas, seja porque tomaram decisões melhores de como gastar o dinheiro ou, ainda, pelos dois motivos juntos.
Lembre-se, tem que ser do seu interesse correr atrás de informação de qualidade para que suas finanças fiquem bem e que você possa se livrar das dívidas e ver seu patrimônio crescendo de maneira consistente, enquanto você realiza seus sonhos de consumo. Sim é possível, basta saber como fazer…
Aqui no Só Sergipe tenho alguns textos sobre o tema que recomendo a leitura, faça seu 2021 ser um ano de transformação financeira…
Atenciosamente,
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe