Diego da Costa defende apoio aos empreendedores e entende que, embora o país seja empreendedor, as pessoas partem para o mercado muito mais por necessidade do que por oportunidade. Dentro desse diapasão estão as startups, assunto que ele domina como diretor técnico do SergipeTec. “Tem muita gente pensando ideias, mas muitas startups morrem no meio do caminho por falta de dinheiro, de modelo de negócios, de planejamento, por falta de uma série de questões”.
E o que pode ser feito? “Mais preparação para os novos negócios”, responde Diego, que acrescenta: “É preciso melhorar o nível de informação dos membros que integram as startups e buscar esse entendimento. Lembrar que startup é um negócio novo em que tem alto grau de inovação, de tecnologia e também é completamente escalável, no qual a ideia de faturamento pode ser numa progressão gigante para que eles possam faturar milhares de dólares, de reais e de euros”.
É o campo repleto de desafios, e Sergipe apresenta pontos negativos e positivos. “O tema inovação, startups e tecnologia ainda é pouco abordado no nosso Estado. O Parque Tecnológico de Sergipe é o ambiente para abrigar todas as atividades de inovação, temos uma Secretaria Estadual que trabalha com esse tema no setor público estadual e algumas iniciativas nos municípios, precisamos de mais, de muito mais. Na minha visão, é necessário criar ambientes abertos, inovadores nos municípios, onde o cidadão vive. Sergipe é um Estado maravilhoso, pequeno, onde todos se conhecem, é uma vantagem”.
Para Diego da Costa, no setor de startups é preciso lançar o desafio, conectar pessoas, ter projetos, iniciativas positivas, conversar até sobre fracassos. “Afinal, quem é o Estado do Sergipe? O Governo? Não! Eu sou, você é, nós somos o Estado de Sergipe”, defende. Ele destaca que em Sergipe existe a comunidade de startups chamada Caju Valley, com muitos líderes focados em novas tecnologias. “Outra novidade que estou acompanhando é a formação de uma Associação Sergipana de Startups”.
Nesta entrevista ao Só Sergipe, Diego da Costa conta mais novidades e fala um pouco sobre dois projetos – o Estruturante II e o CETs – que estão sob sua responsabilidade no SergipeTec.Confira.
SÓ SERGIPE – O senhor tem uma vasta carreira profissional na área de administração, já foi empresário do setor hoteleiro, é diretor técnico do SergipeTec, diretor do Conselho Federal de Administração, vem colecionando várias experiências. Qual conselho, já que também o senhor é coach e mentor, daria para quem busca o sucesso profissional?
DIEGO DA COSTA – Penso que as pessoas devem buscar de forma constante o seu propósito. Saber o que deseja para sua vida. Quando você coloca foco no seu propósito tudo começa a aparecer. Não posso esquecer que a vida não é um “conto de fadas”, a vida é feita de alegrias e tristezas. O conselho específico que posso transferir é: a vida – a minha e a sua – é feita de promessas, acredite em você, no seu propósito, comece a realizar que os resultados irão aparecer. Não esqueça da sua família, que será a base de todo seu sucesso profissional. Sou grato por conviver com a minha querida esposa, administradora Karine da Costa, nossos dois filhos, Gustavo e Guilherme. Meus mentores de vida, Itamar e Edla, meu pai e minha mãe, meus irmãos David e Daniel, essas pessoas são todas responsáveis pela minha atividade profissional.
SÓ SERGIPE – Hoje as coisas acontecem numa rapidez muito grande. A função que alguém desempenha numa determinada empresa pode não existir mais daqui a algum tempo. Como a pessoa que quer se colocar no mercado de trabalho deve proceder?
DIEGO DA COSTA – Abrace o novo, aceite a mudança, abra o seu coração. Hoje, agora, é o melhor momento para aprender algo novo todos os dias. Apresente-se para o mercado como uma pessoa que vai resolver problemas, os seus, os das outras pessoas e das organizações. As profissões já mudaram e vão mudar mais. Abrace a mudança. Estude novas atividades e realize.
SÓ SERGIPE – O senhor foi fundador e primeiro presidente do Conselho de Jovens Empreendedores de Aracaju, em dezembro de 2005. Passados 17 anos, os jovens são mais empreendedores que os daquela época?
DIEGO DA COSTA – Hoje o jovem está buscando entender o propósito das organizações onde ele vai contribuir. Vejo que existe a necessidade de engajar mais os jovens no empreendedorismo.
“O jovem precisa ter voz e vez! Hoje, por conta da quantidade de informações e das redes sociais, que não existia em 2005, vejo um cenário de muito empreendedorismo e inovação.”
Atualmente, os temas: inovação, startups, novos negócios, estão na pauta dos jovens. Quando estive na presidência do CJE-Aracaju a ideia era pautada em relacionamento, capacitação e representatividade, penso que até hoje esses valores continuam no movimento. Relacionamento é a organização e potencialização do network (rede de relacionamento) individual e coletivo. Capacitação é a busca constante pelo aprendizado, o estudar. Representatividade é o conjunto de pessoas trabalhando por uma única causa, o empreendedorismo. Fico feliz em ver o movimento empresarial jovem crescendo em Sergipe, dentro da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (ACESE) e até na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Sergipe (Fecomércio). O jovem precisa ter voz e vez! Hoje, por conta da quantidade de informações e das redes sociais, que não existia em 2005, vejo um cenário de muito empreendedorismo e inovação.
SÓ SERGIPE – No SergipeTec, o senhor lida muito com inovação, startups, enfim, tecnologia. Como o senhor avalia esse setor no Estado?
DIEGO DA COSTA – Sergipe tem pontos positivos e negativos. O tema inovação, startups e tecnologia ainda é pouco abordado no nosso Estado. O Parque Tecnológico de Sergipe é o ambiente para abrigar todas as atividades de inovação, temos uma Secretaria Estadual que trabalha com esse tema no setor público estadual e algumas iniciativas nos municípios, precisamos de mais, de muito mais.
“Afinal, quem é o Estado do Sergipe? O Governo? Não! Eu sou, você é, nós somos o Estado de Sergipe. O que podemos, juntos, fazer pelas startups?”
Na minha visão, é necessário criar ambientes abertos, inovadores nos municípios, onde o cidadão vive. Sergipe é um Estado maravilhoso, pequeno, onde todos se conhecem, é uma vantagem. Neste tema destaco a atuação do Sebrae, Fecomércio, Fies, Ifes, Fapitec, UFS, Unit, associações que trabalham estes temas e tantos atores que contribuem com o desenvolvimento. A minha avaliação é que precisamos lançar este desafio, conectar pessoas, ter projetos, iniciativas positivas, conversar até sobre fracassos. Afinal, quem é o Estado do Sergipe? O Governo? Não! Eu sou, você é, nós somos o Estado de Sergipe. O que podemos, juntos, fazer pelas startups?
“O Brasil é um país empreendedor, mas todos nós sabemos que se empreende muito mais por necessidade, do que por oportunidade.”
SÓ SERGIPE – O que pode ser feito?
DIEGO DA COSTA – Eu acredito muito no movimento das startups, mas penso que é preciso uma preparação para os novos negócios. São os mesmos objetivos do empreendedorismo. O Brasil é um país empreendedor, mas todos nós sabemos que se empreende muito mais por necessidade, do que por oportunidade. No caso das startups não é diferente. Tem muita gente pensando ideias, mas muitas startups morrem no meio do caminho por falta de dinheiro, de modelo de negócios, de planejamento, por falta de uma série de questões. Então, eu penso nisso. É preciso melhorar o nível de informação dos membros que integram as startups e buscar esse entendimento. Lembrar que startup é um negócio novo em que tem alto grau de inovação, de tecnologia e também é completamente escalável, no qual a ideia de faturamento pode ser numa progressão gigante para que eles possam faturar milhares de dólares, de reais e de euros.
SÓ SERGIPE – Há lideranças despontando no mercado tecnológico sergipano?
DIEGO DA COSTA – Sim. Temos um grupo na Federação do Comércio, liderado pelo meu amigo Roger Barros, com empreendedores e empresários do segmento de informática. Além disso, temos uma comunidade de startups chamada Caju Valley com muitos líderes focados em novas tecnologias. Outra novidade que estou acompanhando é a formação de uma Associação Sergipana de Startups. O mercado de tecnologia está aquecido em Sergipe sim. Existe muita condição na formação de liderança.
“No Brasil os destaques são os Estados de São Paulo, de Santa Catarina e do Distrito Federal. São Paulo, por razões óbvias, é onde a maioria dos grandes negócios acontecem, a inovação do Brasil está forte por lá.”
SÓ SERGIPE – E Sergipe, como está inserindo neste mercado se comparado com o que ocorre no Nordeste e no restante do país?
DIEGO DA COSTA – Sergipe tem muito dever de casa. Formar uma comunidade que motiva, efetivamente, a tecnologia é um processo. Alagoas e Bahia – Estados vizinhos – têm um grau de maturidade um pouco maior. Na região Nordeste merece destaque o Porto Digital em Pernambuco, com um movimento incrível com as startups. No Brasil os destaques são os Estados de São Paulo, de Santa Catarina e do Distrito Federal. São Paulo, por razões óbvias, é onde a maioria dos grandes negócios acontecem, a inovação do Brasil está forte por lá. Santa Catarina tem parques tecnológicos por todos os lados, destaco um ambiente empresarial conhecido como a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), uma associação empresarial e o SAPIENS Parque, uma área incrível para novos negócios. No Distrito Federal tem um projeto inovador, será uma cidade focada em tecnologia e inovação, conhecido como BIOTIC, cerca de um milhão de metros quadrados, claro que outros Estados do Brasil têm muitas iniciativas. O Brasil é um continente e estes temas devem ganhar força nos próximos dias. A inovação é alternativa para transformar sonhos em realidade.
SÓ SERGIPE – Por falar em SergipeTec, quais são os principais projetos que estão sendo desenvolvidos sob sua responsabilidade?
DIEGO DA COSTA – A diretoria técnica cuida da atividade fim do Parque. Desde 2018 com o saudoso diretor presidente, Manoel Hora, com projetos ligados ao Contrato de Gestão junto ao Governo do Estado de Sergipe e buscando implementar projetos focados na Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Biotecnologia, Energia Renovável e Meio Ambiente, Inovação e o Centro Vocacional Tecnológico (CVT). No ano de 2019, chegou para dirigir o Parque o meu amigo, Brenno Barreto, que hoje está na diretoria técnica do Sebrae e iniciamos um trabalho bem mais próximo aos gestores dessas cinco áreas que mostrei. Passamos pela pandemia realizando uma grande entrega para a sociedade, a produção das máscaras “face shield” em parceria com muitas organizações, realizamos muitas impressões e montagem das máscaras. Já em 2021, com a chegada do diretor presidente, Eduardo Prado, mudou-se o modelo de gestão e, atualmente, estou cuidando de dois projetos que estão sendo finalizados. Hoje a gestão do parque continua trabalhando focada em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) atendendo clientes do serviço público, Inovação e Empreendedorismo com iniciativas para startups (incubação), empresas residentes no parque e as áreas que estão em lotes, Energia Renovável e Eficiência Energética com foco nas geração da “energia limpa”, Hidrogênio Verde e Inteligência Artificial com foco em capacitação através do Centro Vocacional Tecnológico (CVT), o presidente Eduardo Prado é um especialista em Inteligência Artificial (I.A.) e faz, pessoalmente, essas agendas e trabalhos. Merece destaque, pela minha formação em Administração, o total apoio que tenho do diretor de administração e finanças do Parque, Thiago Figueiredo, pelos temas ligados à gestão. Agradeço por escutar minhas ideias. Administrar a organização social SergipeTec é um grande desafio, já que em sua estrutura tem um Conselho de Administração, colaboradores que trabalham no Parque e colaboradores em clientes públicos que, também, são dos quadros da organização social.
SÓ SERGIPE – Junto ao Finep, o senhor assumiu a coordenação do Projeto Estruturante II e do Projeto CETs (Tecnologia na área de saúde e impressão 3D). O senhor poderia detalhar, por favor?
DIEGO DA COSTA – Fiquei muito feliz em ser escolhido para coordenar esses dois importantes projetos para Sergipe. Estamos na finalização de ambos. O gestor do SergipeTec, Marcos Felipe, é competente e focado na solução, tenho feito reuniões periódicas com o Marcos e estamos “desatando os nós” dos dois projetos. O Projeto Estruturante II tem foco em estruturar Sergipe com equipamentos inovadores. O projeto foi concebido há 13 anos e o nosso desafio é trazer todo o histórico para hoje e devolver para a sociedade novas condições. O SergipeTec é o executor do projeto e a Fapitec é a responsável pelas questões financeiras do projeto. Aqui quero prestar minha homenagem ao meu amigo Gildásio, que infelizmente faleceu no período da pandemia. Ele iniciou ao lado do, também amigo, Ronaldo Guimarães, na época, 2019, diretor técnico e hoje presidente da Fapitec, com o apoio da gestão do SergipeTec um caminho para solucionar o projeto. Hoje estamos unidos, SergipeTec e Fapitec, para concluir. O presidente Ronaldo Guimarães e o diretor financeiro Alex Garcez estão apoiando diretamente o projeto. A iniciativa tem metas específicas desde construção, equipamentos e formas de abrir espaço para a ciência com pesquisas. Neste projeto o destaque, na minha visão, é a construção do mapa eólico e solarimétrico de Sergipe. Serão levantados quatro mastros com 100 metros de altura para, através da tecnologia, receber sol e vento, durante três anos com o objetivo de entregar este mapa. Temos dois mastros construídos, um em Riachão do Dantas e outro em Neópolis e outros dois em processo de construção, um em Estância e outro em Poço Redondo. Esta é a principal meta, na minha visão, deste projeto. Já o outro projeto, o CETs, é uma iniciativa em conjunto com a Universidade Federal de Sergipe (UFS). O nosso laboratório de prototipagem e impressão 3D está pronto e operando, já na área da saúde estamos buscando retomar projetos com startups que têm este foco, saúde. Fico feliz em coordenar esses projetos e destaco a participação do diretor presidente Eduardo Prado, o diretor administrativo e financeiro Thiago Figueiredo e os gestores Marcos Felipe, Thalles e Vitor Vaz, que contribuem efetivamente com esses dois projetos.
SÓ SERGIPE – O senhor é parceiro no Brasil da Associação Tempos Brilhantes (ATB), sediada em Portugal. Essa parceria, inclusive, é recente. Teremos frutos brevemente?
DIEGO DA COSTA – Sim. Já temos frutos.
“O nosso desafio é trazer para o Brasil o Mapa de alerta precoce do insucesso escolar (Mapie), que é um programa que apresentará, através de muita tecnologia, os riscos das escolas.”
Assinamos um protocolo de intenções com a Universidade Federal de Sergipe, com o reitor Valter Joviniano de Santana Filho, o vice-reitor Rosalvo Ferreira Santos. E com o apoio da minha amiga Alaíde teremos muitas ações nos próximos dias, incluindo os coordenadores e os professores de cursos específicos como psicologia, sociologia, pedagogia e, a possibilidade de um piloto no Colégio de Aplicação. Além disso, parcerias com a Federação das Escolas Particulares, liderada pelo professor Renir Damasceno e com o município de Nossa Senhora do Socorro, através da Secretaria de Educação, coordena pela Josevanda Franco. O nosso desafio é trazer para o Brasil o Mapa de alerta precoce do insucesso escolar (Mapie), que é um programa que apresentará, através de muita tecnologia, os riscos das escolas.
“O Mapie é um sucesso em Portugal. O Mapie Brasil também será.”
Teremos este mapa, em breve, no formato piloto em poucas escolas particulares e públicas. O apoio do sergipano que mora em Portugal, Fábio Azevedo, foi determinante para que esta parceria tivesse um ótimo andamento. Além do Fábio, tenho a alegria de conhecer alguns irmãos de Portugal, os dirigentes Pedro Gomes, Jorge Bastos e Elizabete, que são pessoas que já transformam a educação em Portugal e o desafio é transformar a educação no Brasil, tendo como foco inicial os Estados de Sergipe e Rio Grande do Norte. A Associação Tempos Brilhantes (ATB) é a principal parceira do Ministério da Educação de Portugal e conta com, além do Mapie, uma cartilha ampla de projetos inovadores para a educação. Espero que Sergipe abrace a iniciativa, e vamos transformar a sociedade através da educação.
SÓ SERGIPE – A ATB fez apresentação do Mapa Alerta Precoce do Insucesso Escolar (Mapie). A utilização desse mapa é ambiciosa pois pretende tornar Sergipe uma referência internacional na inovação tecnológica. É algo tangível?
DIEGO DA COSTA – Totalmente. O Mapie é um sucesso em Portugal. O Mapie Brasil também será. Através do cruzamento de dados, inteligência artificial (em breve) e com um monitoramento se consegue prevenir o risco de insucesso e abandono escolar precoce. O modelo é o de Risco A-B-C (modelo americano de Balfanz e colaboradores), monitorar os resultados escolares dos alunos: Aproveitamento, Assiduidade e Comportamento. Além dos indicadores sociodemográficos. Aqui em Sergipe a UFS e a Unit são parceiros importantes para trazer os indicadores de risco à realidade do Estado com pesquisa e ação. Estou muito feliz e a minha missão é conectar esses atores e “vender” essa ideia. A iniciativa está totalmente ligada ao meu trabalho. Portugal é um exemplo na educação e o Brasil, especificamente Sergipe, necessita dessa ferramenta para melhorar, de verdade, a educação.
SÓ SERGIPE – O senhor é autor do livro “Administração em Pauta” e coautor em “O melhor em cada um de nós”. Há projetos para novos livros?
DIEGO DA COSTA – Vontade não falta. Atualmente escrevo para alguns portais em Sergipe (F5News e Ajn1) e tenho muita vontade de continuar escrevendo. Estou conversando com algumas editoras para lançar um novo livro. O livro será sobre gestão de pessoas, processos e projetos, vamos aguardar.