Luiz Thadeu Nunes e Silva(*)
Início de ano, época tradicional de meu checkup anual. Fui ao gastro, dermato, oftalmo, dentista, angiologista; chegou o momento mais doloroso e postergado, o urologista. Como não existe peça de reposição, tem que arrumar os órgãos avariados.
Desde 2021 não ia ao urologista. Marquei consulta para começo da tarde. Clínica cheia, todos aguardando o médico. Preenchi a ficha, perguntei quantos tinham na minha frente. “Oito”, respondeu a atendente, “como o senhor é prioridade, logo será atendido”. Não demorou, o médico me chamou pelo nome.
— Senhor Luiz Thadeu, boa tarde.
— O que lhe traz aqui.
— Doutor, estou há tempos adiando a vinda ao urologista.
Ele consultando o computador, e falou:
— Desde 2021, faz tempo mesmo.
— O que o senhor está sentindo?
— Uma irritação na membrana peniana.
— Abaixe as calças.
Calças arriadas, ele pegou o celular e tirou uma fotografia do pênis. Não pegou no bilau. Não se faz mais médicos como antigamente. Antes havia a expressão, “fulana é que nem urologista do SUS, pega o pinto com nojo”. Esse médico, nem com nojo pegou.
— Vou lhe passar uma pomada e o senhor toma um comprimido.
— O senhor não vai fazer o exame de próstata?
— Arrei as calças e a cueca, deite de bruços na maca, perna esquerda levemente flexionada.
Ouvi o estalar da luva de látex ao se encaixar na mão direita dele. Senti quando ele colocou o dedo no orifício circular, rugoso, localizado na parte inferior lombar da região glútea. Todas as vezes que sou submetido a tal exame, sinto que os órgão internos são empurrados para a boca, tamanho desconforto. Embora dure segundos, são eternidades para mim.
— Vista-se. Para sua idade, o tamanho da próstata está normal. Vou lhe passar ultrassom, que o senhor marca na saída com a atendente.
Jamais seria médico, por inaptidão e não saber lidar com sangue; tenho medo até de menstruação. Mas, caso cursasse medicina, seria urologista; pois não existe coisa mais vexatória do que um ser humano introduzir o dedo no ânus de outro. A não ser que seja com permissão e com consentimento, em um ato sexual prazeroso, para quem gosta. No reino animal somente os macacos introduzem o dedo no rabo do outro por pura gaiatice.
A medicina que evolui a cada dia, já deveria ter descoberto uma técnica de se fazer um exame de próstata sem precisar ser introduzido o dedo no ânus de alguém.
Refeito do incômodo e desconforto do exame, com os órgãos internos nos seus devidos lugares, chego em casa a tempo de assistir à posse, ou seria a coroação do novo rei do mundo? Pela TV assisto às cenas da posse de Donald John Trump, 78 anos, como 47° presidente dos EUA — a nação mais poderosa, econômica e bélica do mundo —, e vejo aquele homem alaranjado. Lembro que ele também tem que passar pelo urologista de vez em quando e pegar uma dedada.
Imagino a cena do homem mais poderoso do mundo e o médico:
— Sr. Trump, tire as calças e a cueca, na posição frango assado, pernas levantadas, como o exame papanicolau, que as mulheres são submetidas. Imagino o urologista enfiar o dedo indicador no botão róseo do todo poderoso e histriônico Trump.
Caro leitor, amiga leitora, não sei se você concorda comigo, mas poderoso mesmo é o sujeito que enfia o dedo no ânus de Donald Trump, Wladimir Putin, Xi Jinping, ou do enfezado Kim Jong-Un.
Assim como a morte, o exame de próstata iguala todos os homem.
Brincadeiras à parte, fazer exame de próstata é coisa séria e salva vidas.
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