Enquanto muita gente está usando o auxílio emergencial para suprir as necessidades básicas, a administradora Luana de Jesus, 33 anos, residente em Itabaianinha, viu naquele dinheiro – três parcelas de R$ 1.200,00 – a oportunidade de abrir um negócio. “Eu nasci para ser empreendedora e quando veio esse auxílio eu disse: é agora!”, conta orgulhosa. Ela se mantém com uma parte do dinheiro e com a outra investiu no comércio: ela vende frangos abatidos no bairro Conveniência, todos os dias, de domingo a domingo, das 7 ao meio-dia. E assim segue Luana, formada em Administração de Empresas, no campus da Universidade Tiradentes (Unit), em 2017, mas que ainda não tem diploma por falta de condições de pagar os débitos que tem na instituição.
A comercialização de frangos abatidos no Frigorífico Conveniência é bem recente. Começou no dia 7 de julho. Luana criou uma conta no Instagram @frigorifico_conveniencia e uma promoção: quem pedir o frango pelo disque entrega concorre a um liquidificador. O ganhador saiu essa semana. E os telefones do disk entrega são: (79).999693.7881 e 9.8848.2588.
“Um bom empreendedor começa de baixo. Com o dinheiro do auxílio emergencial estou trabalhando. Aluguei um espaço que, inicialmente, era R$ 200,00, mas consegui pagar antecipado e ganhei um desconto. Também comprei uma mesa de inox, que custou mais de R$ 1 mil, pois a Vigilância Sanitária não permite a venda de frangos em mesas de madeira, além de uma balança. Essa semana, ganhei R$ 30,00 e comprei uma calculadora por R$ 26”, contou.
Como a propaganda é a alma do negócio, Luana precisava divulgar que vendia frangos. Ela contratou um carro de som, mas o dinheiro não dava para mantê-lo o tempo todo. Então procurou os blogueiros da cidade e como não tem dinheiro ofereceu um frango como forma de pagamento. Eles aceitaram e a divulgação está sendo feita.
Luana segue planejando a vida empresarial, está economizando dinheiro para comprar um freezer e quer ter todos os equipamentos para abater os frangos. Ela sonha, também, com o crescimento do negócio, dar empregos a pessoas que como ela buscam uma oportunidade. “Tem muita gente aqui que precisa de ajuda. E eu vou ajudar”, garante.
Ela lembra que alguma coisa que desconhece a empurrava para ser empreendedora. Via por exemplo, que ser empregada doméstica não era o que queria, embora considere a profissão digna. Luana chegou até a morar em Aracaju durante três meses, bateu à porta de várias empresas, mas nunca recebeu um “sim”. “Tentei ser cobradora de ônibus, mas não me quiseram. Aí eu me perguntei: o que estou fazendo em Aracaju gastando dinheiro com aluguel, se tenho minha casa em Itabaianinha? Vou ser empreendedora em minha cidade”, contou. Arrumou as malas, pegou os filhos, e voltou para casa.
Nunca existiu dia fácil na vida de Luana. Criada por uma das avós, não conheceu a mãe, que morreu aos 27 anos, nesse tempo Luana tinha apenas 11 meses de vida, e nem o pai. “Ele só fez me fazer. Não o conheci. Ele morreu assassinado quando eu tinha 12 anos”, disse. Ela estudou em colégios públicos e ao mesmo tempo trabalhava como empregada doméstica. Se casou, teve três filhos, e o então marido a ajudava a pagar o curso de administração na Unit. Mas o casamento não deu certo e o casal se separou: um dos filhos foi morar com o pai e os outros dois estão com ela.
Com a separação, Luana ficou sem condições de pagar as mensalidades da Unit e começou a buscar ajuda. “Fui várias vezes à prefeitura de Itabaianinha pedir emprego. Cheguei a estagiar na prefeitura, mas depois tive que sair, apesar da promessa que me havia sido dada de que eu prosseguiria no cargo, pelo menos, até terminar a universidade. Então alguém me deu a ideia de vender rifas. Vendi a primeira rifa de um perfume que só comprei depois do dinheiro apurado. Na segunda rifa já tinha o perfume para mostrar e corri a cidade inteira vendendo, assim foram as demais”, contou. Com esse dinheiro, ela conseguiu pagar umas mensalidades da faculdade, mas não era tudo.
Depois Luana trabalhou em alguns frigoríficos da cidade e, como já tinha o desejo de ser empreendedora, percebeu que poderia entrar no ramo. Bem que ela tentou, mas no meio do caminho teve alguns percalços, ficou triste, mas não desistiu do seu sonho.
As dificuldades continuavam e “para a apresentar o meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) comprei uma calça bem barata, minha comadre me emprestou um par de sapatos e na Unit, um professor me conseguiu um blazer emprestado”, lembrou. Luana se formou em 2017, mas ainda não pegou o diploma, porque está em débito com a Unit, que gira em torno de R$ 7 mil. Tinha uma pequena reserva, mas teve que fazer opção: comprava a mesa de inox para iniciar seu negócio ou começava a pagar o débito com a universidade. Preferiu a primeira opção. “O que aprendi na Unit ninguém me tira. O diploma é importante, mas depois eu pego”, disse.
Amanhã, a próxima história: O amor pela arte de cozinhar leva casal a abrir um novo negócio.
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