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E SE SERGIPE FOSSE UM PAÍS?

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“Imagine o Brasil ser dividido e [Sergipe] ficasse independente…”, apesar do plágio do verso composto por Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova, este não é um texto secessionista. Pelo contrário, é uma provocação, cuja intenção é a de projetar na mente de cada leitor o grau de desenvolvimento do pequeno estado nordestino.

Sergipe possui, aproximadamente, 22 mil km² o que o coloca numa posição similar à de países tais como Belize (22,9 Km²) e El Salvador (21,0 Km²), na América Central; Djibouti (23,2 Km²), no “chifre” da África; Israel (20,7 Km²), no Oriente Médio; e Eslovênia (20,3 Km²), no Mar Adriático e a sua vizinha Macedônia (25,7 Km²).

Sob a óptica populacional, com quase 2,3 milhões de habitantes, em 2017, Sergipe se equipararia a Namíbia (2,5 milhões), Botsuana (2,3 milhões) e Gâmbia, no continente africano e às repúblicas balcânicas da Eslovênia (2,0 milhões) e da Macedônia (2,1 milhões).

Em termos de densidade demográfica, com seus 102 habitantes/Km², Sergipe estaria no mesmo nível de nações asiáticas como Armênia, Jordânia, Síria e Turquia e de eslavas como Sérvia e, mais uma vez, a Eslovênia.

Contudo, sob os aspectos econômicos, quais são os predicados atribuídos a essa unidade federativa? E como ela se localizaria no contexto da geração de riqueza dos povos soberanos?

Em se valendo do Produto Interno Bruto (PIB) como régua de medida, Sergipe, que gerou uma riqueza aproximada da ordem de US$ 12 bilhões, ao câmbio do final de 2016, formaria um trio em conjunto com a montanhosa Albânia (US$ 11,9 bilhões) e as Ilhas Maurício (US$ 12,2 bilhões).

Agora, tendo o produto per capita como variável de análise, Sergipe e seus quase US$ 5,3 mil, enquadrar-se-iam no mesmo agrupamento da Sérvia (US$ 5,4 mil), do Irã (US$ 5,3 mil), África do Sul (US$ 5,3 mil) e das Ilhas Fiji (US$ 5,2 mil).

No ano de 2010, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sergipe registrou um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,665 pontos. Nesse mesmo ano, esse era o estágio de progresso socioeconômico apresentado por Egito e Gabão, na África, e pelas Filipinas, no sudeste da Ásia.

Entretanto, se o IDH sergipano evoluiu até 2015 no mesmo ritmo dos 24 anos anteriores, é possível que o estado passasse a deter um indicador da ordem de 0,715 pontos, o que o alçaria a um posto similar ao de nações insulares como São Vicente e Granadinas, no Caribe, e Maldivas, no Oceano Índico.

O cenário social de Sergipe também não é dos mais palatáveis quando se estende a outros indicadores sociais como, por exemplo, taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais de idade (84,4% da população, em 2015), o que o posiciona no mesmo grau do Laos, na Indochina.

O mesmo ocorre com a expectativa de vida ao nascer, com data base no ano de 2014. Proporcionando ao recém-nascido uma esperança de que ele tenha uma vida de 72,1 anos, Sergipe fica na mesma casa de que Azerbaijão e Bangladesh, na Ásia e a ilha de Cabo Verde, no Atlântico africano.

Chama a atenção o fato de que as condições sociais sergipanas aqui expostas não condizem com a de uma localidade que possui um produto per capita semelhante ao de potências econômicas medianas do porte do Irã e da África do Sul, algum fator deve explicar essa discrepância.

De todo modo, o mosaico construído por esses números mostra que, se independente, Sergipe seria um país periférico, de pouca expressão geopolítica, localizado na orla do Atlântico Sul, com um nível de desenvolvimento socioeconômico bem distante daquele detido pelos países centrais.

Emerson Sousa é economista

Fábio Salviano  é sociólogo

 

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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