Provavelmente você já esteve com seus amigos em uma conversa e do nada o assunto de ter um milhão de reais surgiu, em forma de prêmio numa loteria ou por uma ideia de negócio inovadora. E junto com esse assunto surgiu a afirmação, se não sua, de alguém ali presente:
“Quando eu tiver esse dinheiro nunca mais eu trabalho na vida”.
Claro que talvez em tom de brincadeira, mas com o desejo de que isso um dia fosse real. Mas que tal pensarmos mais criticamente sobre esse assunto: Será que com 1 milhão de reais seria possível deixar de trabalhar para o resto da vida?
Para calcular isso devemos antes imaginar quem é essa pessoa. Imaginemos que alguém solteiro aos 30 anos de idade, ganhe R$ 3.000,00 (suficiente para uma pessoa viver muito bem em Aracaju) e que ele consiga viver com 90% de sua renda ou seja R$ 2.700,00 de forma sustentável.
Imagine que em algum sorteio ele ganhe R$ 1 milhão, e resolva parar de trabalhar mantendo o mesmo padrão de vida de antes do prêmio, levando em conta que ele invista esse dinheiro a juros reais zero (atualmente é isso mesmo) e que a inflação se mantenha constante. Por quantos anos ele conseguiria manter o padrão de vida? Lembrando que a expectativa de vida de um brasileiro ao nascer é de 75 anos.
Nesse padrão, e gastos de R$ 2.700,00 por mês, ele conseguiria viver do prêmio por 30 anos e 8 meses. Se imaginamos que ele poderia facilmente viver até os 75 anos, viveria em um dilema. Se recebeu aos 30 anos e teria mais 30 anos a renda acabaria quando ele tivesse 60 anos de idade. E o que ele faria depois?
Muitos poderiam agora estar pensando. A mais, bastaria ele por em algo que rendesse bem acima da inflação e manter o mesmo padrão de vida. Apesar de parecer lógico isso não é tão simples quanto parece.
Sim, o melhor é viver da renda passiva que o investimento traz. Mas isso está cada vez mais difícil e incerto. Dividendos de ações e aluguéis de fundos de investimentos imobiliários podem ser taxados em breve e mesmo que não sejam a carteira tem que ser muito bem balanceada (diversificada) para que gere ao menos 0,6% a.m de renda passiva (sim o tempo do 1% fácil está ficando para trás).
Mas esse não é nem de longe o verdadeiro problema, já que com o estudo adequado você consegue retornos nos quais os juros reais fiquem próximos de 1% ao mês. Mas isso quer dizer que você deve se conhecer bem e, também, os produtos de investimentos.
O verdadeiro problema vem de um erro ao se tratar das finanças pessoais e da psicologia relacionada às finanças. Que erro seria esse? Muito simples, o de achar que você viverá com o mesmo padrão de vida, até o fim dela.
Primeiro é improvável que alguém que receba um prêmio desse, ou mesmo que vá aumentando sua renda à medida que ganhe mais experiência em sua profissão, mantenha o mesmo padrão de vida de antes, por um motivo simples: a pessoa envelhece…
Sim, a cada minuto que passa estamos envelhecendo e junto com a idade aparecem novos gastos, com médicos, com remédios, com transportes mais confortáveis e diversas outras coisas que aumentam o padrão de vida não pela inflação medida pelo IPCA, mas pelo que é chamado de gastos necessários.
Hoje aos 30 você pode ser solteiro, mas nada garante que aos 35 você já não esteja casado e com cachorros e filhos e pense que aquela história dos financistas de que é melhor alugar do que comprar um imóvel já não parece tão lógica, já que agora por aspectos psicológicos você pensa na segurança da família e os exemplos são inúmeros.
Esses aspectos debatidos acontecem por falta de um conhecimento prévio dessas variáveis e da visão poética de que irá manter o padrão de vida inalterado no tempo. A verdade nua e crua é: não vai!
Mas então não tem jeito? Estamos fadados a trabalhar, mesmo sem querer, o resto da vida?
Não! Não estamos fadados a isso. A reflexão proposta foi para que você possa hoje entender que tem que levar em consideração muitas variáveis para manter uma liberdade financeira de forma a deixar até para seus descendentes no futuro.
E a melhor forma de fazer isso é conhecendo a si mesmo e tendo uma educação financeira forte para que possa selecionar não só os investimentos, mas a forma de aplicar a renda extra que eles trazem para que ela se multiplique a ponto de te permitir ter a liberdade financeira verdadeira.
Estar livre financeiramente não é estar passivo em relação a suas finanças, pois sempre serão necessários ajustes e as formas como você conseguirá ajustar essas variáveis todas, quando ela surgir, é tendo hoje seriamente, ainda aos seus trinta anos ou menos, a preocupação com os estudos na área de Educação Financeira. Pois, além do dinheiro propriamente dito, ela é quem te levará a ser livre financeiramente e de maneira sustentável. Muito mais que qualquer prêmio que possa vir a surgir.
Talvez você hoje ache que educação financeira é preencher planilhas, mas isso também é um equivoco quando se trata do real poder transformador de se educar financeiramente. As planilhas são somente uma ferramenta que você pode usar para melhorar seu entendimento, mas a educação financeira trata na verdade da pessoa que toma as decisões que depois podem vir a ser anotadas na planilha.
Não negligencie esse estudo, que é de suma importância e que deveria ser na verdade ensinado nas escolas de ensino fundamental. Mas já que não, busque compreender mais sobre o assunto. Como a situação econômica está indo em breve a uma crise financeira muito forte, é bom se capacitar, pois somente aqueles que estão preparados poderão se sair bem dessa.
E não é com sonhos de uma loteria que isso irá acontecer, é com seu próprio conhecimento, usado em prol da sua saúde financeira e de sua família.
Atenciosamente.
Bons estudos e um grande abraço!