Qual o seu entendimento diante do maior problema de saúde pública do planeta? E como você avalia a gestão dos dirigentes do país – do presidente ao prefeito da menor e mais longínqua cidade brasileira – na crise da Covid-19?
Não faltarão reflexões, adjetivos e tudo o que a rica língua portuguesa possa oferecer para que cada um discorra, à sua maneira, o que pensa sobre tudo isso nesta hora. Todos são livres para falar o que quiserem na Babel em que se converteu o Brasil.
Mas quando determinada pessoa assume um posto de alta liderança de alguma entidade, o importante é ter uma única postura, fazendo tudo o que os outros esperam dela.
Que essa pessoa seja agregadora, pregue a união e, se for política, esqueça as diferenças partidárias, e convide a todos – do mais alinhado politicamente ao totalmente avesso – para o diálogo.
No Brasil de hoje, todos correm contra o tempo e não há mais espaço para divagações. O momento pede medidas e posturas concretas.
E é assim, firme de um lado e pacificador do outro, que o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, PDT, pretende nortear seu mandato nos próximos dois anos como presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), cuja posse no cargo aconteceu na semana passada.
Quando o tema é a Covid-19, que mata milhares de brasileiros aos poucos – seja de forma letal, seja de maneira psicológica e pela depauperação econômica -, Edvaldo já foi logo avisando, tanto no discurso de posse quanto em entrevistas: “buscarei o diálogo com o presidente da República, Jair Bolsonaro”.
Sim, Bolsonaro é aquele mesmo que chamou a Covid-19 de gripezinha, mas que hoje já suprimiu a vida de 372 mil pessoas no Brasil, sendo 3.929 delas em Sergipe.
“Espero que o presidente, os governadores e os prefeitos brasileiros trabalhem nas esferas que são suas e que ninguém culpe o outro pelos problemas que são seus. Isso vira uma Babel e essa confusão não serve a ninguém”, disse Edvaldo Nogueira no dia 14 de abril ao site JLPolítica, na véspera da posse na FNP.
Mas ele disse mais, e o disse com segurança de estadista. No dia 17, em entrevista no jornal O Estado de São Paulo, Edvaldo volta a ser questionado sobre relação que terá com o presidente Jair Bolsonaro, e ali prega harmonia e tolerância e assegura que a FNP não tem partido. “Vou buscar o diálogo com o Governo Federal, com a Câmara, com o Senado”, avisou.
Com a experiência de estar no quarto mandato como prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira traz na bagagem leituras filosóficas e políticas, e por isso espelha-se, dentre outros, em intelectuais como José Ortega Y Gasset e o estadista Winston Churchill, ex-primeiro ministro do Reino Unido.
Sem falar, claro, na sua convivência com o ex-prefeito e ex-governador Marcelo Déda, um dos maiores estadistas de Sergipe, que entre 2003 e 2005 também presidiu a mesma FNP que lhe cabe conduzir agora e pelos próximos dois anos.
Não falta otimismo ao prefeito Edvaldo Nogueira ao assumir a liderança da FNP. Há diversos temas a serem debatidos ao longo destes dois anos pela entidade. As pessoas não moram na União, mas nos municípios onde constroem sonhos, vivem os sabores e dissabores, se nutrem de esperança para a luta diária e os prefeitos têm que dar o melhor de si para que esta caminhada, ainda que com os percalços naturais, seja a mais segura possível para os munícipes.
Quando estiver na sede da FNP, lá em Brasília, numa sala onde estará colocado um quadro com um retrato de Aracaju (um mimo da entidade para homenagear cada presidente e sua origem), ou mesmo na lida diária como prefeito da cidade que quer retomar o posto de melhor “qualidade de vida”, que Edvaldo lembre-se sempre do velho ensinamento de Che Guevara:
“Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”.
“É preciso ser duro, mas sem perder a ternura, jamais”.