Acordo na terça-feira, 26 de abril, derradeiros dias do quarto mês do ano. Mês acabando, contas chegando, dinheiro curto, aliás, cada vez mais curto. O noticiário do dia é sobre o quase trilionário sul-africano, Elon Musk, que segundo os que medem riquezas, o homem mais rico do mundo. Ele havia comprado no dia anterior o Twitter, por estratosféricos 44 bilhões de dólares. Tiro a remela, ou seria ramela dos olhos para melhor enxergar, e vejo como sou pobre; 44 mil reais, pouco mais de 8.200 dólares resolveriam todos os meus problemas econômicos nestes dias. Sigo na leitura dos jornais, para melhor entender como poucos conseguem amealhar fortunas incalculáveis.
Elon Musk, o famoso bilionário nascido na África do Sul e novo dono do Twitter, é um dos nomes mais midiáticos entre os empresários da economia das novas tecnologias, um “animal econômico” da nova era, que estamos vivendo.
Ele comprou a empresa de rede social por US$ 44 bilhões (cerca de R$ 214 bilhões).
Seu principal empreendimento, no entanto, é a Tesla, empresa especializada em carros elétricos, armazenamento de energia e fabricação de painéis solares. Musk também criou a Paypal (empresa de pagamentos online) e outras bem-sucedidas companhias. Ele é o Midas de nosso tempo.
Algumas delas são a Boring Company, pela qual planeja conquistar o subsolo, e a SpaceX, voltada para exploração aeroespacial e responsável pelo recente lançamento de um carro da Tesla ao espaço.
Desde que vendeu a PayPal ao eBay por US$ 1,5 bilhão (R$ 7,3 bilhões), há 12 anos, Musk tornou-se para muitos um gênio; para outros um louco e para muitos outros um visionário, um iluminado, um playboy ou um super-herói.
O excêntrico magnata de apenas 47 anos já namorou atrizes americanas famosas como Talulah Riley (“Orgulho e Preconceito, a Origem”) e Amber Heard (“Liga da Justiça”). Com a cantora canadense Grimes, é pai de uma criança cujo nome inspirou muitos tuítes na época do nascimento: o garoto X Æ A-12. Os dois também são pais da menina Exa Dark Sideræl. Bilionário e excêntrico. Ele pode colocar o nome que quiser em seus rebentos, é exótico. Quem não pode sou eu, seria taxado de louco. Ele tem mais seis filhos de relacionamentos anteriores.
Musk mudou as formas como entendemos as indústrias do voo espacial privado e do carro elétrico, energia solar e inteligência artificial. Ele prometeu que, em breve, viajaremos em trens magnéticos de altas velocidades dentro de um tubo subterrâneo e que, também, faremos viagens turísticas ao espaço eventualmente colonizando Marte. Caro leitor, amiga leitora, por mais excêntrico que ele seja, é bom não duvidar. O lançamento do carro Falcon Heavy no espaço foi o primeiro passo dessa empreitada.
Elon nasceu em Pretória, cidade que estive em 2015, quando visitei a fascinante África do Sul. Quando criança, Musk era obcecado por romances de ficção científica. Sua mãe, Maye, uma modelo, e seu pai, Errol, um engenheiro, se divorciaram quando ele tinha oito anos de idade. Aos 17 anos, mudou-se para o Canadá para estudar Física e Economia na Queen’s University of Ontario.
De lá, emigrou para os Estados Unidos em 1992, passou a estudar na Universidade da Pensilvânia e depois começou com um Ph.D. em Física na renomada Universidade de Stanford, na Califórnia. Acabou largando o curso para se tornar empreendedor.
Foi então que fundou, junto com seu irmão menor, a Zip2, uma plataforma online de jornais. Em 1999, a dupla vendeu a empresa para a Compaq por US$ 300 milhões (R$ 1,46 bilhão). Com esse dinheiro, Musk arriscou a criar um banco online, X.com, que mais tarde se tornaria a PayPal.
Tudo com Musk é na velocidade da luz. Aos 31 anos, Musk já acumulava um patrimônio de US$ 165 milhões (R$ 805,4 milhões) e cultivava a fama de trabalhador implacável. Quando fundou o Zip2, trabalhava todos os dias, dormia no escritório e tomava banho na Associação Cristã dos Moços que ficava no caminho do trabalho. Quando questionado, em 2010, sobre qual conselho daria a empresários, sugeriu que eles deveriam “trabalhar de 80 a 100 horas por semana”.
“Se outras pessoas trabalham 40 horas por semana, e você trabalha 100 horas, você conseguirá em quatro meses o que outras demoram um ano para fazer”.
Nos últimos cinco anos, Musk delineou diferentes planos e prazos para seu objetivo final de enviar humanos para colonizar o planeta Marte.
No final do ano passado, ele disse esperar que a SpaceX enviasse uma missão de carregamento já em 2022, para estabelecer as bases, seguido por outra missão, dessa vez tripulada, em 2024.
E, enquanto a SpaceX busca conquistar o espaço, outra empresa de Musk se dedica a explorar o subsolo. Em outubro, sua empresa Boring Company obteve a permissão do governo dos EUA para escavar um túnel de teste de cerca de 12 quilômetros sob o Estado americano de Maryland. Musk espera que um dia passe por ali o “Hyperloop”, um trem-bala eletromagnético que, segundo ele, transportará passageiros a até 1.233 km/h.
O Twitter, agora nas mãos de Elon Musk, está atrás de rivais como Facebook, Instagram e TikTok, mas tem uma base fiel de usuários. De acordo com a consultoria ComScore, o Brasil está em quarto lugar em número de usuários, atrás de Índia, EUA e Indonésia.
Segundo projeções do mercado financeiro, se continuar nesse ritmo, em 2025, Elon Musk será o primeiro trilionário, em dólar, na história da humanidade.
Bebo meu café matinal, calmamente, inundado com números astronômicos, a pensar que R$ 44.000,00 reais resolveriam meus problemas. Realista esperançoso, vejo o lado bom das coisas, posso dormir mais que Elon Musk, Workaholic, que dorme menos de quatro horas por dia. Oh! Coitado.
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(*) Luiz Thadeu Nunes e Silva é enganheiro agônomo, palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes.