Em 2020, o Brasil possuía um eleitorado total de 147,9 milhões de pessoas, o que representava um crescimento de 0,42% em relação ao pleito de 2018, a menor taxa entre dois pleitos desde 1989.
Dessa forma, uma proporção de quase 70% da população residente no país detinha o direito de escolher os seus governantes.
Nível ligeiramente superior ao do início do século XXI, quando os eleitores aptos perfaziam 66% da população.
No entanto, quanto desses se deram ao trabalho de se lançar candidato nas últimas eleições municipais?
Nesse ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabilizou um quantitativo de 557.406 registros de candidaturas, para um total de 5.568 vagas tanto para prefeitos quanto para seus respectivos vices e 58.114 cargos de vereador.
Desse total de inscritos, 19.352 foi para o cargo de prefeito, 19.725 para o de vice-prefeito e 518.329 para o de vereador. Curiosamente, não foi identificado pela Coluna o motivo dessa diferença de candidatos para os cargos executivos.
Ressalte-se que um total de 24.018 desses postulantes disputavam a reeleição.
Mas, afinal, quem eram essas pessoas?
Antes, porém, é bom ressalvar que está a se tratar aqui de eleições municipais, que são muito mais acessíveis ao grosso da população do que as eleições gerais, nas quais se elegem deputado, senadores e presidente.
Então, de acordo com o TSE, 66,4% eram homens e 33,6% eram mulheres; 51,2% eram casados, 37,3% solteiros, 8,4% divorciados, 1,9% viúvos e 1,1% separados judicialmente.
No que tange à idade, 45,5% estavam entre 40 e 54 anos. Outros 23% colocavam-se acima dessa faixa e 31,5% abaixo.
O interessante é que as candidatas mulheres são mais jovens do que os candidatos homens. Uma fração de 35,1% delas está na faixa etária de 18 a 39 anos, nos homens, essa porção é de 29,8%.
Por outro lado, as postulantes acima dos 54 anos são 20,1% desse total, enquanto entre os homens essa participação é de 24,4%.
Ou seja, o gênero feminino parece estar formando politicamente as novas gerações mais do que aparenta o masculino.
No quesito cor da pele, predicado essencial para o entendimento das relações sociais no país, os que se declararam brancos atendiam a 48,1% dos candidatos inscritos. Já os pardos respondiam por 39,5% e os pretos por 10,5% desse total.
O desconcertante nesses últimos percentuais é que eles, de forma alguma, são algo historicamente surpreendentes.
Ademais, sob o ponto de vista do grau de instrução, 38,1% possuíam o ensino médio completo, 24,3% detinham nível superior, 12,8% o fundamental incompleto e 12,2% o completaram, 5% não finalizaram o ensino médio e 4,5% o superior. Por fim, 3,2% apenas leem e escrevem e tão somente 15 inscritos se declararam analfabetos.
Esse é o perfil educacional dos pretendentes a prefeito, vice-prefeitos e vereadores nos municípios do Brasil.
Dessa forma, nas eleições de 2020, o perfil médio do candidato nas eleições municipais tende a ser: homem, casado, de meia idade, branco e detentor do ensino médio ou do superior.
Isso, num país em que a população é majoritariamente feminina, parda, solteira, cuja instrução está aquém do ensino médio completo e que, em boa parte, possui menos de 40 anos de idade.
(*) Emerson Sousa é Mestre em Economia e Doutor em Administração
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe
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