Os estudantes e integrantes de diversos movimentos sociais foram, hoje, 23, para a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e entregaram ao assessor executivo, Lindolfo Amaral, uma carta contendo 23 reivindicações para o setor. Mas não foi uma visita silenciosa, discreta. Com tambores, eles fizeram um enorme barulho, roubaram a cena e por quase 30 minutos ficou impossível trabalhar no setor.
Desde o dia 17 de maio que eles ocuparam o prédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na avenida Barão de Maruim, para pedir a volta do Ministério da Cultura, o que foi atendido pelo Governo Federal. Eles dizem que vão continuar e agora iniciara o movimento Fora Temer.
Na carta que foi entregue a Lindolfo Amaral – já que o secretário Irineu Fontes está em Brasília – os estudantes e artistas sergipanos pedem, por exemplo, o reaparelhamento do Centro de Criatividade, no bairro Cirurgia que, segundo eles, está abandonado. Outro item da carta, eles pedem concurso público para a Fundação Aperipê. Os manifestantes alegam que, “apesar do desmonte da cultura no governo federal, o mesmo não pode acontecer no Estado e município”.
Fazendo muito barulho e gritando palavras de ordem, como “Fora Temer”, os estudantes também exigiram uma audiência pública com o titular da Secult, Irineu Fontes, na quarta-feira, às 19 horas, na sede do Iphan que foi ocupada por eles.
Ao receber a carta dos manifestantes, Lindolfo Amaral lembrou que “estamos todos no mesmo barco” e que a Secult tem uma série de reivindicações para o Ministério da Cultura e que Neu Fontes estava em Brasília, justamente, para buscar recursos. Lindolfo lamentou que desde 1990 o Governo do Estado não faz concurso público para a área de cultura.
Também contou que, neste final de semana, ao apresentar um espetáculo com o Grupo Imbuaça, do qual faz parte, na Orla do Por Sol, quase foi impedido pela Guarda Municipal de Aracaju (GMA).
Esse relato motivou os manifestantes a, também, procuraram a Funcaju para fazer reivindicações em prol da cultura. O cantor e compositor Nino Karvan, disse que essa carta ainda será redigida e a data para os estudantes irem à Funcaju ainda será definida.
Segundo a atriz Diane Veloso, embora a volta do Ministério da Cultura represente um avanço importante, o movimento irá continuar na luta contra outros retrocessos. “Não estamos reivindicando apenas a permanência do Ministério da Cultura, mas que ele represente de verdade os artistas, pois sabemos que o MinC, nas mãos de um governo golpista, não será o MinC que queremos. Só iremos parar de ocupar os espaços e de nos mobilizar, quando este governo golpista e ilegítimo cair”, defendeu.
No Iphan, o doutorando em Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Moisés Siqueira, disse que os manifestantes não reconhecem o governo Temer, apesar dele ter sido eleito junto com a presidente afastada, Dilma Rousseff.
A direção do Iphan no Estado não quis se pronunciar a respeito da ocupação do prédio. Em nota, o Iphan em Brasília disse que “em todos os locais, os dirigentes do órgão vem obtendo a cooperação dos manifestantes no sentido de permanecerem em áreas externas, preservarem os acessos e espaços públicos, em especial os tombados, e não afetarem o funcionamento e a segurança das unidades. Não há registro de incidentes ou interrupções das atividades do Iphan, que seguem normalmente”. No entanto, uma servidora do Iphan de Sergipe disse que está sendo impossível trabalhar normalmente no prédio.
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