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A análise no âmbito do Projeto EpiSergipe foi feita com base em dados mensais de emprego do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Notas Fiscais ao Consumidor (NFCe).
Salgo de empregos formais
Sergipe fechou o ano com saldo negativo de 4.475 postos de trabalho com carteira assinada. Foram 72.680 admissões contra 77.155 desligamentos ao longo do ano. A retração do mercado de trabalho formal no estado ocorreu de forma mais intensa no primeiro quadrimestre de 2020, quando as medidas de isolamento social contra a disseminação do novo coronavírus foram adotadas com mais rigor.
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Nos cinco meses de auge da pandemia em Sergipe – de março a julho do ano passado – o CAGED registrou perda de 13.781 vagas de emprego. Já entre agosto e dezembro, 11.015 postos de trabalho formais foram recriados. Os setores que mais pesaram para o saldo negativo foram serviços e construção civil.
Segundo o professor do Departamento de Economia da UFS, Luiz Carlos Ribeiro, “a heterogeneidade, no Brasil, é um fenômeno muito presente em diversas dimensões econômicas. Quando olhamos tanto a heterogeneidade regional do estado de Sergipe, por território de planejamento, quanto a setorial, por atividades econômicas, observamos uma dinâmica diferente, porque cada território vai ter um peso relativo diferente para cada setor. Temos o exemplo da agropecuária, que não pesa muito na Grande Aracaju, mas tem um peso muito grande no Sul Sergipano. Quando a gente fala de serviços, ocorre o inverso.”
“A pandemia afetou mais forte o segmento de serviços. Isso não é uma particularidade de Sergipe. A maior parte dos estados brasileiros ou a totalidade, de fato, observa-se um comportamento de melhora no saldo de emprego a partir do segundo semestre. Na medida que o Estado começa a flexibilizar as atividades econômicas, a gente percebe, claramente, a partir do mês de junho em Sergipe. Embora você tenha um saldo negativo ainda forte em Sergipe no mês de junho, ele já é bem menor do que o mês anterior. A gente só consegue, de fato, um saldo positivo a partir do segundo semestre ainda que em julho Sergipe foi o único estado do Nordeste a apresentar saldo negativo de emprego,” complementa.
Arrecadação de ICMS
O primeiro mês de queda da arrecadação de ICMS foi abril de 2020, o que coincide com o primeiro mês completo da política de isolamento social adotada pelo estado. As maiores perdas, todavia, ocorreram nos meses de maio e junho, com quedas de -27% e -15%, respectivamente, quando comparado ao mesmo período de 2019.
Os meses de outubro e novembro apresentam as maiores arrecadações em relação aos mesmos meses do ano anterior, com aumento de 12% e 18%, respectivamente. Por outro lado, no mês de dezembro, a arrecadação de ICMS voltou a cair 4% em relação a dezembro de 2019.
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Receita de bens e serviços
Seguindo comportamento similar ao da arrecadação de ICMS, a maior queda na receita de vendas de bens e serviços em Sergipe, medida pela NFCe, aconteceu em abril de 2020, representando uma perda de 22% quando comparada ao mês de abril de 2019.
Há uma recuperação da receita de vendas a partir de julho, com crescimento de 1% neste mês. O pico do ano ocorreu em outubro, com aumento de 16% em relação ao mesmo mês de 2019.
“As notas fiscais eletrônicas medem as vendas de bens e serviços, a receita de bens e serviços na economia. Quando você vende mais bens e serviços, mais você arrecada ICMS, porque o ICMS é um imposto sobre a comercialização de bens e serviços. Então, é o que a gente chama na economia ou na estatística de coisas correlacionadas. Se a receita de bens e serviços aumenta, o ICMS aumenta. Se a receita de bens e serviços cai, o ICMS cai, porque eles são correlacionados. É uma coisa economicamente ligada uma a outra,” ressalta Luiz Carlos Ribeiro.
Projeto EpiSergipe
A Universidade Federal de Sergipe firmou uma parceria com o Governo de Sergipe para o desenvolvimento de um projeto que visa acompanhar o grau de contaminação e os impactos do coronavírus em Sergipe. O investimento será de R$ 4.160.000,00.
Subdividido em três vertentes, o projeto terá duração de um ano e consiste em monitorar o nível de infecção por covid-19, identificando-se a prevalência em quinze municípios, estimar os impactos socioeconômicos da pandemia no estado e acompanhar os impactos sociais da pandemia em populações mais vulneráveis.
Fonte: Rádio UFS/Josafá Neto