Celebrar a vida é algo que somente os bem-aventurados fazem com maestria. Viver é dádiva, bênção, somatório de construção e conquista. Felizes são os longevos, pois aprenderam, e fazem da passagem do tempo um aliado. Não perdem tempo em duelar com o “senhor da razão”.
Viver não é fácil, e parafraseando o grande poeta maranhense Antônio Gonçalves Dias, “A vida é combate que os fracos abate, que os fortes, os bravos, só podem exaltar”. Viver é para os que têm sabedoria de aprender algo novo todos os dias, para os que sabem se refazer, se reinventar sempre. A grande maioria apenas existe…
Quando recebi o convite para a celebração de seus 70 anos, olhei com atenção a fotografia que ilustrava o convite, e lhe subtraí alguns anos, talvez uma década, por estar bem, diria bem jovem. Não faz muito tempo, um homem de 70 anos seria um ancião, um Matusalém, um velho arqueado, com andar trôpego, a carregar o mundo nas costas. Olho novamente a fotografia, é o retrato das pessoas que aprenderam que a chave para longevidade chama-se mudança, curiosidade em se manter conectado com o mundo, buscar coisas novas, aprender, aprender, sempre, continuamente.
Rebobinando a memória, volto 42 anos no tempo, aos bancos da faculdade de Agronomia, que se transformaria de FESM para UEMA. Vejo-o com óculos grossos, os famosos fundo de garrafa. Ainda muito jovem, a transmitir conhecimentos e ensinamentos a outros jovens, como eu e a então colega Heloísa Helena, companheira de jornada há 39 anos.
Quanta coisa mudou desde aquela época. No nosso entorno, em nossas vidas, no mundo, em nós. A passagem inexorável do tempo seguiu seu curso, perdemos contato.
Heloisa e eu nos formamos, viramos seus colegas de profissão, engenheiros agrônomos; nos perdemos, e por um desses acasos, nos reencontramos. Somente duas coisas não mudaram neste tempo: a atenção e educação do antigo mestre.
Acompanhei de longe, via noticiário e narrativa de amigos, sua trajetória no ambiente acadêmico, até chegar ao mais alto grau, Reitor da Universidade Estadual do Maranhão, da nossa Universidade. Seu sucesso na caminhada foi fruto da perseverança, firmeza, equilíbrio, ponderação, obstinação, foco, baseados na ética, na sólida formação cristã, vinda de casa. No tumultuado e revolto ambiente acadêmico, soube administrar conflitos, sair sem máculas, tão comum nesse ambiente. Sábios os que sabem domesticar suas vaidades. Você é também mestre nesta arte.
Honrados com o convite para na noite de 14 de abril, testemunharmos, Heloísa e eu, a celebração dos 70 anos do querido mestre José Augusto Silva Oliveira, cercado do carinho de familiares e amigos.
Em um comovente vídeo narrando sua trajetória, mostrou de seus muitos títulos, de suas medalhas, de seus galardões. Tudo isso tem enorme valor, é o reconhecimento por cada conquista, todas merecidas, mas ouso afirmar que, mais importante do que cada título, cada medalha, é a conquista do nosso reconhecimento pela pessoa magnânima e simples que você é. Para quem chegou aos primeiros 70 anos de caminhada, como um lorde, sabe que a simplicidade é o mais alto degrau da sofisticação.
Que riqueza é ter amigos, e com eles compartilhar momentos únicos e surpreendentes, como na noite de 14 de abril de 2022. Quão tocante foi ver a alegria dos sobrinhos Clóvis e Ágatha, a comandarem o belo encontro: filhos, irmão e amigos, que não puderam estar presentes, se fizeram presentes via transmissão, coisa impensável até pouco tempo, maravilhas da tecnologia. Seu sorriso de felicidade, ao reunir, agregar, congregar irmãos, sobrinhos, primos, amigos em torno de si, era contagiante.
Como homem de fé no Deus Vivo, você educou o olhar para as boas e belas coisas da vida, e isso lhe impulsiona a ir cada vez mais longe.
Diz um provérbio chinês, “O homem só envelhece quando seus lamentos substituem seus sonhos”, você nunca envelhecerá, nunca ouvi ou vi você se lamuriar. Ao contrário, tens um ótimo senso de humor, és leve, alegre, traços da personalidade dos inteligentes. Para todo aquele que ousa sonhar, há um mundo inteiro a ganhar, você tem um mundo novinho lhe esperando.
Obrigado por nossa amizade, companheirismo e respeito, obrigado pelo convite. Desejo-lhe: vida longa, saúde, fé, paz, conquista, realizações e proteção divina. Mestre longevo José Augusto, você que chegou até aqui, tem muito chão pela frente, cito o poeta espanhol Antônio Machado, “Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar”.
Faço minha a linda mensagem que você leu em sua fala de agradecimento:
“Benditos sejam os que chegam em nossa vida em silêncio, com passos leves para não acordar nossas dores, não despertar nossos fantasmas, não ressuscitar nossos medos.
Benditos sejam os que se dirigem a nós com leveza, com gentileza, falando o idioma da paz pra não assustar nossa alma.
Benditos sejam os que tocam nosso coração com carinho, nos olham com respeito, e nos aceitam inteiros com todos os erros e imperfeições.
Benditos sejam os que podendo ser qualquer coisa em nossa vida, escolhem ser doação.
Benditos sejam esses seres iluminados que nos chegam como anjo, como flor ou passarinho, que dão asas aos nossos sonhos e tendo a liberdade de ir escolhem ficar e ser ninho.”
José Augusto Silva Oliveira, você é a mais perfeita tradução da “Extraordinária experiência de viver”.
Fraternal abraço.
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(*)Luiz Thadeu Nunes e Silva, eng. agrônomo, palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes.
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