Enquanto no eixo Rio-São Paulo, o setor de inovação está bem difundido, na região Nordeste e, especificamente, em Sergipe, a falta de informação ainda é um grande problema. Essa gritante diferença fica bem à mostra, quando apenas uma empresa sergipana se beneficia da Leia do Bem. Através dessa lei, pode-se deduzir do Imposto de Renda Pessoa Jurídica(IPRJ) e da Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL) no sistema de tributação do lucro real, os investimentos em pequisa e inovação. Essa orientação, que poucos tinham conhecimento, foi dada pelo secretário de Empreendedorismo e Inovação, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação (MCTIC), Jorge Campagnolo. Ele reconheceu que no Nordeste e em Sergipe não há muita informação sobre estes benefícios, mas disse que sua pasta está alinhada com o SergipeTec. Mesmo assim, somente duas empresas do Nordeste – uma de Sergipe e outra de Pernambuco – são beneficiadas com a Lei do Bem. Questionado se, de agora em diante, a sua pasta terá um olhar mais cuidadoso para com Sergipe, Campagnolo afirmou que o SergipeTec já é parceira da secretaria há muito tempo. Veja a entrevista que o Só Sergipe fez com Campagnolo, durante uma pausa para o café, no evento Teias, Perspectivas e Futuros para a inovação em Sergipe”, na última terça-feira, no SergipeTec.
SÓ SERGIPE – O senhor falou sobre inovação, criação de lei, etc., mas quando se referiu a Sergipe, os dados mostram que aqui é algo muito tímido, está engatinhando nesse sentido.
JORGE CAMPAGNOLO – A ideia é tentar fortalecer novos ecossistemas de inovação. O Estado de Sergipe tem potencial, tem densidade, tem um setor empresarial que está crescendo. Mas precisa se organizar para fortalecer ecossistemas e fazer com que a inovação, o empreendedorismo aconteça.
SS – Seria uma atribuição da sua pasta ter um olhar mais cuidadoso com Sergipe, ou os empresários é que têm que procurar as instituições e se engajar nisso?
JC – Nós estamos aqui para tentar apoiar, tentar chamar as universidades e empresários nesse caminho da inovação e empreendedorismo. Nós precisamos de todos nessa teia de inovação para que a fortaleçamos no Estado.
SS – Percebe-se o desconhecimento de muitas pessoas no que diz respeito às leis. Um dos exemplos é a Lei do Bem, que só uma empresa aqui em Sergipe tem os benefícios.
JC – São poucas e realmente vemos que o país tem muitos instrumentos de apoio. E por falta de comunicação, existem dificuldades de chegar na ponta. O objetivo desse nosso evento é trazer oportunidades em que outros Estados maiores estão vendo, mas os menores ainda não têm, por dificuldade de comunicação, esse acesso.
SS – Estamos falando de Sergipe, mas em toda a região Nordeste existe essa dificuldade, enquanto que na região Sudeste não há esse tipo de problema.
JC – Na região Sudeste há mais facilidade, então, temos que alcançar esses locais que têm potencial. Aqui em Sergipe tem boas universidades, institutos, gera conhecimento, tem potencial empresarial. Tem tudo para funcionar e temos que colocar essa teia para funcionar, colocar o emaranhado a favor do empreendedorismo e inovação.
SS – Essa sua vinda aqui a Sergipe pode dar um start motivacional?
JC – Temos todos que trabalhar. Eu sou apenas um palestrante. A ideia é realmente motivar o sistema e criar esse espírito de corpo.
SS – A partir de agora, o senhor fica mais ligado ao Estado, mais contato com o SergipeTec?
JC – O SergipeTec nós já apoiamos há um bom tempo e temos parceria. Os recursos para construir o parque foi um convênio do ministério com nossa secretaria. Temos um longo contato e a ideia do Teia é alimentar esse contato. O ecossistema começa a trabalhar para colher os frutos mais tarde.
SS – E não faltam recursos financeiros para isso, não é verdade?
JC– Há programas, benefícios fiscais, mas tem que ir atrás. Os recursos de oportunidade. Mas a gente tem que capturar essas oportunidades. São recursos que estão nas empresas que podem investir. Eu falei de dois programas, a Lei de Informática e a Lei do Bem. Agora, tem que ter as parcerias.