Não se trata de alimentar o “antigamente era bom” saudosisticamente, busca-se acessar o mérito factual da convivência familiar, em especial, a relação pais ou congêneres, nos dias atuais, com seus filhos(as) em nossa realidade social. Comum o celular ser a ferramenta de “descanso”, ou a escola, o local para milhares de criaturas indefesas. Existe até “hotelzinho” 24 horas. É comum pais ou responsáveis reclamarem de “longas” férias escolares. Ávidos, exclamam: “tomara que acabe logo estas férias!”. Filhos para uns são fardos em detrimento de prazer e realização pessoal convertendo o lado humano dos descendentes em objetos.
Nos bares, passeios, parques, em casa e até na escola, entrega-se à indefesa criança objetos tecnológicos tornando-a alucinante ante o efeito viciante e violento. Isolamento e doenças mentais diversas estão ocupando a mente de milhares de infantes. Sempre na desculpa do “não tem tempo”, “é a realidade da modernidade”. Bem que poderiam, no momento da transa, perguntarem-se que tipo de educação quero contribuir para meus descendentes?
A LDB do ensino coloca a educação como “processo formativo” que acontece na vivência humana e, como tal, na vida familiar. Se uma criança passa de seis a oito horas na escola e ainda colada ao celular, quanto tempo terá estado com os pais se ainda terá que dormir?
Brincadeiras, emoções, amor, dialogo, valores, disciplina, presença e amizade formam pessoas e rejeitam zumbis. Qual a significação de educar uma criança?
Shimi Kang, cientista renomada, dentre tantas outras estudiosas, em sua obra “Tecnologia e Infância” 2020 Ed. Melhoramentos, nos traz excelentes reflexões e sugestões para que se possibilite o consumo de tecnologia saudável pela família. Para ela, “o tempo usado para tecnologia não deve significar um tempo sozinho”. Gerenciamento de tempo, regulação emocional e competências sociais antes da introdução da tecnologia são fundamentais na educação familiar.
Quando uma criança fica dependente de carinho na escola é porque falta em casa. Quando uma criança pratica violência na escola é porque lhe faltou amor, solidariedade e esperança em casa. “Não tenho tempo, a escola tem que resolver, a culpa é do sistema”, são devaneios irresponsáveis, como irresponsável é terceirizar o ônus da culpa. Se não existem condições de educar plenamente, que não se faça filho(a).
Pais deseducantes, filhos sofrentes. Pais tecnológicos, filhos zumbis. Pais que esquecem os filhos têm maior probabilidade de serem esquecidos. E leitor(a), pai, mãe ou responsável como foi seu dia com a(s) criança(s) que colocou no mundo? Como serão seus amanhãs com sua(s) criança(s)?