O economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos (Dieese), Luiz Moura, disse que o principal prejuízo com o fechamento de 10 agências do Banco do Brasil (BB) em nove municípios sergipanos é a diminuição no desenvolvimento regional e local. O plano de reorganização administrativa do BB em todo o país prevê o fechamento de 361 unidades de atendimento e desligamento de cerca de cinco mil servidores.
“O Banco do Brasil e o Banco do Nordeste financiam a agricultura local. Emprestam dinheiro de uma série de programas do governo federal. O fechamento do BB vai dificultar ou reduzir esses serviços. A Caixa financia obras públicas, unidades habitacionais e se houver o fechamento terá impacto no financiamento desses programas públicos. A Caixa e o BB pagam uma série de benefícios sociais, como INSS, Bolsa Família e, mais recentemente, pagaram o Auxílio Emergencial”, analisou o economista.
De acordo com Moura, as regiões mais pobres ficarão ainda mais carentes de serviços financeiros. Para ele, o fechamento das agências do Banco do Brasil não impacta somente no emprego dos bancários, mas no emprego das empresas de vigilância, no comércio local.
“Imagine fechar a agência e não ter mais nenhuma outra. Então, os habitantes daquele município, vão procurar o outro mais próximo para fazer suas transações bancárias, mesmo com toda a parafernália eletrônica. E esse cidadão vai se relacionar com o comércio daquela cidade. Vai preferir ir ao banco no dia da feira-livre, vai comprar nas lojas daquele município. Para aquele município que perdeu a agência, o prejuízo é incalculável, impactando na sua vida econômica”, ressaltou Luiz Moura.
Amanhã, sexta-feira, os servidores do BB paralisarão as atividades por 24 horas, em protesto contra o fechamento das agências.
O BB pretende fechar 10 agências em nove municípios sergipanos. Duas delas em Aracaju e oito no interior. Em Aracaju será a agência do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e a do bairro Siqueira Campos. No interior serão as agências de Porto da Folha, Monte Alegre, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo, Salgado, Tomar do Geru, Pacatuba e agência Luiz Magalhães, de Itabaiana. Em outras agências, a intenção do banco é transformá-las em postos de atendimento. Dentre eles, a agência de São Cristóvão, Canindé do São Francisco, São Cristóvão, além de Itaporanga D’Ajuda, Carira, Campo do Brito, Aquidabã e Ribeirópolis.
De acordo com a estatal, a expectativa é que seja possível economizar R$ 535 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025 com as medidas adotadas. A revisão e o redimensionamento da estrutura organizacional devem ser feitas no primeiro semestre deste ano.
A intenção, segundo o comunicado, é dar ganhos de eficiência e otimização em 870 pontos de atendimento no país. No saldo, o banco terá 347 agências a menos. O número de agências caiu 19,7% e o de funcionários recuou 8,5% em 5 anos.
Há também encerramento de atividades em 242 postos de atendimento e 7 escritórios.
Em relação ao programa de demissão, o BB aprovou o PAQ (Programa de Adequação de Quadros) para otimizar a distribuição da força de trabalho e equacionar situações de vagas e excessos. Vai viabilizar também o PDE (Programa de Desligamento Extraordinário). O número final de adesões e os impactos financeiros serão divulgados em 5 de fevereiro.
De acordo com o BB, a reorganização da rede de atendimento serve para se adequar ao novo perfil e comportamento dos clientes. Haverá revisão e redimensionamento nas diretorias, áreas de apoio e rede. As medidas servem para privilegiar a especialização do atendimento e ampliação da oferta de soluções digitais.
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