Apesar de serem distintas, felicidade e perfeição têm semelhanças. Nós humanos, possivelmente, as buscamos para nós ou para outras pessoas. Poder-se-ia conciliá-las? Felicidade, do latim “felicitas”, os gregos antigos chamavam de “eudaimonia”, prazer; para outros, estado pleno de harmonia entre o espiritual e material, uma egrégora interior. As causas são inúmeras na manifestação da vivência humana. Observe o suicídio de famosos, reforça que o material e a riqueza não bastam para um estado de felicidade.
“Muitas pessoas estão contentes e concluem que estão felizes. Ninguém fica feliz por ganhar na loteria, comprar uma casa, obter promoção ou encontrar o amor verdadeiro. As pessoas ficam felizes por um único motivo: sensações agradáveis em seu corpo. Uma pessoa que acabou de ganhar na loteria ou de encontrar um novo amor e pula de alegria, na verdade, não está reagindo ao dinheiro ou ao fato de ser amado. Está reagindo a vários hormônios que inundam sua corrente sanguínea e à tempestade de sinais elétricos pipocando em diferentes partes do seu cérebro”, diz Yuval N. Harari, no livro Sapiens, uma breve história da humanidade (2020, página 515).
Para Aristóteles, filósofo grego que viveu no século 4º a. C., “a felicidade depende de nós mesmos.” O Marquês de Maricá, brasileiro que viveu entre 1773 e 1848 afirmou: “Em vão procuramos a verdadeira felicidade fora de nós, se não possuímos a sua fonte dentro de nós.” Clístenes Gomes no livro “Maçonaria para todos” (Infographics), descreve perfeição como ”alto grau de beleza, excelência, primorosa, desprovida de imperfeições”. “Perfeição padece de quem contempla ou avalia”;já a felicidade, de quem sente. Conclui-se que “para alguém com alto rigor de exigência eis uma profunda caminhada: “construir o equilíbrio entre felicidade e perfeição”.
Para Fernando Pessoa: “adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugná-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito”. Johann Goethe ponderou: “o homem que sabe reconhecer os limites da sua própria inteligência está mais perto da perfeição”; já Shakespeare vinculou: “o talento revela-se exatamente porque esconde a sua perfeição”. “O preço da perfeição é a prática constante”, afirmara Andrew Carnegie. Por outro lado, para Michel Montaigne “é uma perfeição absoluta, como que divina, o sabermos desfrutar lealmente do nosso ser”. Salvador Dalí sentenciou: “não se preocupe com a perfeição – você nunca irá consegui-la”.
Fazendo correlação com o amor, disse Charles Chaplin: “o amor perfeito é a mais bela das frustrações, pois está acima do que se pode exprimir”. Já Oscar Wilde asseverou: “não é o perfeito, mas o imperfeito, que precisa de amor. Por fim, Fernando Pessoa opinou: “ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente. Por isso pouco sentiam. Daí a sua perfeita execução da obra de arte”.
Conectando com o ato de amar disse José de Alencar: “amar é comprazer-se na perfeição”, bem como Rabindranath Tagore: “a falta de amor é um grau de imbecilidade, porque o amor é a perfeição da consciência”. Inexistência de defeitos enquanto não aparece avaliador se opondo. Cotidianamente, manifesta-se conceitos, opiniões, desejos, esperanças fundados nestas duas expressões. Inerentes aos sentimentos humanos, ambas perdurarão, porém a busca da conexão será sempre um grande desfio. Diferentes, mas se assemelham na busca humana. Seriam ideais se uma completasse a outra na harmonia. Assim, conciliar esta convivência produzir-se-á um equilíbrio da plenitude espiritual.
Como dissera Camilo Castelo Branco, “o amor só vive pelo sofrimento e cessa com a felicidade; porque o amor feliz é a perfeição dos mais belos sonhos, e tudo que é perfeito, ou aperfeiçoado, toca o seu fim”. Portanto, felicidade sente-se, vive-se.
Perfeição busca-se, exige-se, afinal, cada um dos humanos que inquiete-se com a perfeição e com a felicidade porque, existindo ou não, fazem parte do nosso imaginário planetário. Com tantas concepções, culturas, pessoas e povos distintos, percebe-se que cada ser pode construir conceitos de diferentes maneiras de entender, aceitar e buscar tanto a felicidade como a perfeição.
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(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
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