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Festas juninas ou desvio de dinheiro público?

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Valtênio Paes (*)

Verdade que não foram todos, porém, em alguns municípios, o dinheiro da cultura nordestina em Sergipe para o período junino foi vergonhosamente torrado. Algumas denúncias e muito silêncio dos órgãos fiscalizadores. Municípios com tanta pobreza, e muita vontade de prefeitos para gastar dinheiro indevidamente. Não se concebe faltarem remédios, médicos, piso salarial de professores, material escolar,  sistema de esgoto, destinação correta do lixo, esportes etc. com tanta ganância pelos gastos. Tem “algo importante” que estes gestores não divulgam, apesar da obrigatoriedade na legislação administrativa.

Dentre tantos municípios transcrevemos: “em mais um levantamento exclusivo realizado pela equipe de reportagem investigativa do Portal Fan F1, o município de Lagarto, com o seu Festival da Mandioca, foi a bola da vez com quase R$ 4 milhões gastos com a contratação de artistas e estrutura para a realização do evento”.  “Somente Wesley Safadão abocanhará R$ 550 mil. Areia Branca, com menos de 19.000 habitantes superou 1,5 milhões.

Tribunais de Contas na Bahia estão investigando gastos em seus municípios. Que assim aconteça em Sergipe. Em várias cidades nordestinas pleitos judiciais foram atendidos resultando na suspensão de pagamentos de cachês estratosféricos a cantores que nada representam à cultura junina. Em Sergipe a farra foi livre: Lagarto, Capela, Cumbe, Socorro, Areia Branca e sutilmente Aracaju com Michel Teló, Margareth Menezes, Nubia Faro e outros(as).

É muito dinheiro, muito desvio para pouca cultura.  Uma quebra de sigilo bancário logo encontrará a verdadeira destinação dos recursos. O que é prioridade social nestes municípios? Com Índices de Desenvolvimento Humano – IDH – baixos, deveriam priorizar outras ações. Aos órgãos fiscalizadores reiteramos: não conferir coerência na destinação do dinheiro resultada em crime contra administração pública. Tais milhões estão sendo gastos com cultura?

Matheus e Kauan, Alma Gêmea, Wesley Safadão, Luanzinho Moraes, Xandy Avião – Bruno e Marrone – Zezé de Camargo, Marquinhos Sofrência e tantos outros(as) desfilaram em palcos sergipanos com altos cachês. Jamais em nome da cultura nordestina, pior ainda no período junino. Enquanto isso, torra-se o dinheiro público por algumas noitadas nas quais o povo enganado extravasa a ausência de serviços de saúde, segurança, saneamento, ensino, esportes e tantos outros. Usa-se a tradição popular para gastar indevidamente. Urge que legislativos, sindicatos, associações, Ministério Público, Tribunal de Contas cobrem explicações. Como pode-se fazer festas milionárias se não existem serviços básicos para a população? Que o eleitor pense no momento do voto.

Desde o século XVI influência da região da Espanha e Portugal, a cultura nordestina foi construída por indígenas, negros, europeus e pela religiosidade. Por força da colheita do milho, da mandioca a culinária local fortaleceu-se na parceria, juntamente, com o forró e quadrilhas.  Baião, xote, xaxado e forró embalam a alegria popular desde meados da década de 1930 com ampla popularização nos anos 1950 por todo o Brasil.

Sua maior expressão é o imortal, poeta, cantor e compositor Luiz Gonzaga (1912 -1989). Principal idealizador do trio de instrumentos musicais sanfona, zabumba e triângulo é a legitima inspiração da música nordestina. Desses mencionados ricos artistas, quem pratica nosso estilo musical?  Se não praticam não cabem ser contratados neste momento sob o pretexto da cultura nordestina.

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(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

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Valtenio Paes de Oliveira

(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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