A força da tradição do Forró Caju atravessa não só o estado como o Brasil, ao longo de 30 anos. A maior festa junina de Sergipe e uma das maiores do país é também sinônimo de valorização das raízes nordestinas, da arte e da cultura tão bem incorporadas nessa gente. Em 2023, em uma de suas mais expressivas edições realizadas pela Prefeitura de Aracaju, através da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), a festa reuniu, por noite, cerca de 70 mil forrozeiros na praça Hilton Lopes, entre os mercados centrais da capital sergipana. O maior público registrado foi na terça-feira, 27, com 80 mil pessoas na arena durante a quinta noite do evento.
Na programação, nomes de reconhecimento local e nacional, como Mestrinho, Alceu Valença, Jorge de Altinho, Zé Ramalho, Calcinha Preta, Solange Almeida, Joelma, Héloa, Erivaldo de Carira, Unha Pintada, João Gomes e Mari Fernandez, entre outros, além de trios pé de serra e quadrilhas juninas, apresentações divididas entre os palcos Luiz Gonzaga, Gerson Filho e Arraiá da Clemilda, num encontro que fortalece a nordestinidade.
“O Forró Caju simboliza a nossa cultura. É uma festa que anima a todos, que representa as nossas raízes e nos permite alavancar o nosso turismo, além de outros setores. Nossas equipes se planejaram para que os aracajuanos, sergipanos e turistas possam se divertir com total segurança, desde a entrada da festa, com um esquema de revista, até a parte interna da arena. Aracaju é a capital da alegria e quem vem ao Forró Caju pode sentir isso”, enfatiza o presidente da Funcaju, Luciano Correia.
A valorização dos artistas locais está entre os compromissos da Prefeitura de Aracaju ao desenvolver mais uma edição do Forró Caju.
“Ano passado nos comprometemos a realizar uma festa ainda maior e estamos cumprindo. Colocamos cinco artistas a mais em cada palco, mantivemos artistas sergipanos no palco principal, 100% do palco Gerson Filho com artistas da terra, trouxemos as quadrilhas, criamos o Arraiá da Clemilda, expandimos o São na Praça, na General Valadão, e trouxemos a inovação do Forró nos Bairros. Ou seja, novas janelas de oportunidade para os artistas locais, um Forró Caju ampliado, com uma programação mais rica, com mais segurança e o resultado é esse, sucesso já no primeiro dia”, destaca o presidente da Funcaju.
Para quem está em cima do palco, a visão da multidão dá a amplitude da festa e agita a emoção que domina os shows.
“Mais um ano de Forró Caju e mais um ano estando aqui com muita honra nesse evento lindo, ainda mais porque é a minha terra. Para mim, é um prazer muito grande. Voltar para casa é bom demais e, quando eu venho pro Forró Caju é uma oportunidade de reviver meus laços e isso eu coloco no palco. Trago tudo dentro do meu coração. Minha primeira inspiração, antes de Luiz Gonzaga e Dominguinhos, foi meu pai. Poder saber que ele pode ver minha trajetória e, hoje, segue ao meu lado junto à minha mãe é extremamente importante para o meu caminhar. Tudo isso eu levo para os meus shows com muita alegria”, pontua o cantor Mestrinho.
A simplicidade de Mano Walter também se fez gigante no evento.“ A Prefeitura acerta muito com o Forró Caju porque precisamos manter vivas as nossas tradições e isso também é um meio de divulgarmos nossa música que está sendo transmitida para o Brasil e para o mundo, então, isso é maravilhoso”, frisa o cantor alagoano.
Teve artista que até pediu licença para tocar sertanejo na capital do forró e foi muito bem recebido.
“Já fazia um tempo que não vinha a Aracaju e espero que seja a primeira vez de muitas no Forró Caju, principalmente por saber que, por ter 30 anos, é uma festa que tem muita importância para a cultura daqui. Invadi com o meu sertanejo e até peço licença”, pontua o cantor ao destacar o gosto pela época. “São João é o meu período do ano favorito e me sinto muito feliz por comemorar em Aracaju”, completa.
A multiartista sergipana Héloa, que convidou o pernambucano Silvério Pessoa ao palco principal da festa, homenageou a presença de mulheres no forró, como Clemilda e Anastácia.
“É muito importante estar no palco que recebe o nome de Luiz Gonzaga, o grande ícone do forró, e trazer sucessos que são inspiração para o meu trabalho. O Forró Caju é importante para a construção de público que nos acompanha em nossa caminhada. Esse é um momento de celebrar, de sorrir junto e sentir essa energia que vem do público que faz essa noite tão especial”, afirma Héloa.
Com ênfase nos artistas da terra, o palco Gerson Filho tem sido um local importante para propagar o trabalho produzido, criar público e continuar propagando os valores nordestinos, como aponta o marcador da quadrilha Xodó da Vila, Anderson Luiz.
“É fundamental para nós quadrilheiros esse espaço que foi aberto para nós. O incentivo do município é importante para que a gente possa apresentar nossa arte, expressar nossa cultura e receber o retorno do público de todo o trabalho e dedicação que colocamos”, destaca Anderson.
O cantor de arrocha mais conhecido do estado de Sergipe, Aldiran Santana, o Unha Pintada, foi uma das atrações do dia em que o Forró Caju reuniu o maior público, na terça, dia 27, com 80 mil pessoas. Do município de Simão Dias para o mundo, o artista é sucesso por onde passa, e traz um estilo de arrocha romântico que envolve completamente o público. Para o cantor, o que torna o Forró Caju um evento tão especial é a participação efervescente do público, que vibra e não deixa de prestigiar os artistas da terra.
“É uma emoção muito grande poder tocar no meu estado e poder ver essa multidão. O coração vai explodir pela boca. Só tenho que agradecer. Temos um trabalho muito bem feito, com muito carinho, e a resposta está aí, com a presença do povo numa terça-feira, né? Então, vale muito a pena trabalhar, se dedicar e receber esse carinho do povo. Tô muito feliz de participar do Forró Caju”, contou.
Para quem está do outro lado do palco, seja curtindo ou trabalhando, a recepção é a mais calorosa possível, considerando a expectativa para a chegada do maior evento do estado.
Entre as pessoas que não perdem a festa há anos está a aposentada Angélica Maria Santana. Ela afirma que o Forró Caju é o espaço onde se sente bem, segura e rodeada de semelhantes: aqueles que, como ela, são apaixonadas pela cultura nordestina.
“Moro aqui há mais de 30 anos e sempre venho para o Forró Caju. É minha diversão, eu gosto dessa tradição, das pessoas simples, de ficar à vontade e de brincar sem problema algum. E no dia de São João não podia deixar de vir”, afirma Angélica.
Também forrozeiro, Valdomiro Resende assegura que mantém a paixão descoberta ainda menino pela dança típica do período junino como motivação para não perder nenhum dia, mesmo aos 70 anos.
“Sergipe é a capital do forró, como dizem, por isso eu venho todas as noites, em todas as edições. Comecei a dançar forró cedo, aprendi com minha avó, acabei me apaixonando e até hoje mantenho a tradição”, relata Valdomiro.
Para garantir a tranquilidade da festa, ao todo, 500 agentes de segurança foram empregados, por noite, no Forró Caju 2023. A Guarda Municipal de Aracaju (GMA), com 250 guardiões, atuou no perímetro interno do evento e com o reforço da segurança nos terminais do transporte público. Já a Polícia Militar empregou, aproximadamente, 100 policiais no perímetro externo da festa.
A Polícia Civil manteve uma unidade plantonista com delegado e sete escrivães, por noite, na área do evento. Também reforçam a segurança, diariamente, equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe, mais 80 brigadistas e 120 profissionais de vigilância desarmada.
A segurança estrutural de palcos e camarotes foi acompanhada pelas equipes da Defesa Civil de Aracaju, que também verificaram a lotação dos espaços, inclusive, com a utilização de imagens captadas a partir de drones.
Com câmeras de alta resolução e rotação em 360°, controladas e monitoradas através da base móvel de videomonitoramento da Guarda Municipal de Aracaju, foi possível ter uma visualização detalhada de todos os espaços do evento. O recurso otimizou o trabalho das equipes de segurança, proporcionando agilidade e assertividade para as intervenções, principalmente, preventivas.
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