Com pouco mais de 60 dias de gestão, o Governo de Sergipe já avança a passos largos em seu propósito de gerar empregos e atrair investimentos para o estado. Empresas de grande e médio porte têm conduzido tratativas junto à equipe técnica do governo, com o propósito de instalar e ampliar seus parques industriais em território sergipano. Este diálogo vem sendo mantido graças à política de prospecção da administração estadual, que expõe os atrativos de Sergipe aos empresários e empreendedores.
Entre as empresas que demonstram interesse por Sergipe estão a V Power e a CNTIC, ambas chinesas, envolvidas na implantação de duas usinas termelétricas movidas a gás natural. O investimento previsto é de aproximadamente R$ 3 bilhões, com expectativa de geração de 3.500 empregos na construção e 500 na fase de operação. As duas usinas, denominadas UTE Neópolis e UTE Nova São Francisco, devem ser construídas no município de Neópolis, região do Baixo São Francisco sergipano. No último dia 28 de fevereiro, o governador Fábio Mitidieri recebeu uma comitiva de investidores internacionais para tratar do tema.
A companhia indiana de transmissão de energia Sterlite Power também desenvolve proposta focada em Sergipe. A empresa deve gerar 873 vagas diretas e 3.500 indiretas com sua nova subestação de energia, cuja obra já foi iniciada em Barra dos Coqueiros, na região metropolitana de Aracaju. O investimento, orçado em R$ 450 milhões, foi apresentado ao governador no dia 2 de fevereiro. A Sterlite Power, com o projeto São Francisco, deverá atuar no escoamento de energia no sul do Nordeste por meio de linhas de transmissão, interligando Porto de Sergipe, Olindina e Sapeaçu.
Mais uma empresa interessada em Sergipe é a Maquigeral, voltada à fabricação de tratores. No dia 11 de janeiro, foi assinado pelo governador Fábio Mitidieri um protocolo de intenções com a companhia, envolvendo um investimento da ordem de R$ 116 milhões. O recurso inclui a abertura de franquias, redes autorizadas e construção de fábrica. Até 300 empregos diretos e três mil indiretos devem ser gerados com a instalação da planta. Para dar suporte à implantação, o governo já apresentou à empresa condições fiscais diferenciadas e apoio estrutural, além de linhas de crédito pelo Banco do Estado de Sergipe (Banese).
A fábrica de cimento IRO Industrial é mais uma que tem Sergipe como foco de seus próximos investimentos. A empresa pretende gerar 250 empregos diretos e 1.250 indiretos com o reinício das operações, já que a planta se encontra paralisada há sete anos. Também serão gerados postos de trabalho com a revitalização do complexo. Para tanto, a previsão é que sejam investidos ao menos R$ 500 milhões, resultando em uma capacidade de produção de 800 mil toneladas de cimento por ano. No último dia 21 de janeiro, gestores estaduais visitaram o local para dar andamento ao processo de reativação.
Pensando em oferecer maior infraestrutura às indústrias e produtores sergipanos, o Governo de Sergipe também planeja a expansão do Terminal Marítimo Inácio Barbosa (TMIB), atualmente administrado pela VLI. Com essa pauta, foi realizada no dia 12 de janeiro reunião entre o governador, a equipe técnica do governo e as empresas Noxis, Bunker One e Raiz Consultoria, além da própria VLI. Cerca de US$ 400 milhões devem ser investidos na ampliação, cujo início está previsto para o final de 2023. Entre os propósitos da obra está o de garantir que o estado comporte a demanda de movimentação de petróleo e gás nos próximos anos, a partir da ação de refinarias já em atuação e a serem implantadas.
O município de Ribeirópolis, no agreste central sergipano, também deverá ser beneficiado com a atração de investimentos e com a promoção de oportunidades. A cidade sediará a instalação da Master Pack Nordeste, empresa especializada na produção de embalagens que promete gerar cem empregos diretos. Em reunião ocorrida no dia 13 de fevereiro, foi firmada parceria com a Secretaria Especial do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem), por meio da qual a empresa deverá selecionar mão de obra local.
Potencialidades
A articulação com empresas novas e já instaladas é fruto do trabalho de busca ativa do Governo de Sergipe. Segundo o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia, Valmor Barbosa, esta é uma meta de gestão do governador Fábio Mitidieri.
“Além de receber as empresas, o próprio governador também saiu do estado para conversar com empresários, com o objetivo de trazer novas empresas e mostrar as condições de Sergipe para que possam expandir seus negócios. Exemplo disso foi a visita à fábrica do grupo Coringa, à qual nós fomos em Arapiraca (AL). Além disso, o governador determinou que eu o representasse em Florianópolis (SC) para conversar com uma indústria calçadista que tem a intenção de vir para Carira e gerar mais de 800 empregos. Ou seja, em breve teremos novos anúncios de investimentos para nosso estado”, afirma.
Ainda de acordo com o secretário, o estado apresenta diversos atrativos para novos empreendimentos. “Temos mostrado o quanto Sergipe tem a oferecer no quesito segurança jurídica, potencial e condições para que essas empresas possam se instalar aqui. O Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI) oferece benefícios locacionais, fiscais e de estrutura, um atrativo importante para nosso estado”, resume Valmor.
O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise), Ronaldo Guimarães, lembra que o PSDI é operacionalizado pela própria Codise, além de citar mais atrativos. “Temos em nosso estado uma localização geográfica privilegiada, gás e uma mão de obra qualificada”, lista.
Outro ponto positivo que se destaca, desta vez de acordo com o economista e superintendente do Instituto Euvaldo Lodi, Rodrigo Rocha, é a infraestrutura logística do estado. “Esta característica facilita atender à demanda de vários estados do Nordeste”, frisa.
Mais um elemento que viabiliza a vinda e expansão de indústrias em Sergipe é a seleção e capacitação de mão de obra por intermédio da Secretaria Especial do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo. O secretário da pasta, Jorge Teles, explica que o bom relacionamento com as empresas cria um ambiente favorável, que se expande naturalmente.
“No caso da Master Pack, por exemplo, a empresa está adiantando seus planos de expansão. Inclusive estão levando para seu local de origem, que é São Paulo, as notícias de que Sergipe é um estado com grande prosperidade, com mão de obra farta e qualificada, e de que encontraram no Governo do Estado um grande parceiro. Vamos intermediar a contratação de profissionais através do NAT [Núcleo de Apoio ao Trabalho], além de qualificar uma reserva que poderá ser absorvida pela empresa e por outras indústrias da região”, ressalta Jorge.
Abertura
Segundo Rodrigo Rocha, a abertura ao diálogo por parte da gestão estadual é outro ponto forte em Sergipe. “Tenho acompanhado uma agenda muito proativa, na busca de novos investimentos para o estado. O governo tem procurado entender, em especial através do diálogo com empresas e entidades representantes do setor empresarial, quais os desafios que precisam ser superados, para que sejam realizados mais negócios no estado”, considera.
Segundo Ronaldo Guimarães, o governo tem mantido um canal direto com os empresários, dinamizando as trocas de informações. “O governador tem feito diversas interlocuções com empresários de dentro e fora do país e, por intermédio da Codise, temos prosseguido com esse atendim
ento, mostrando nossas potencialidades. Procuramos contato com diversos empresários, mostrando as vantagens de se instalar em Sergipe, inclusive visitando fábricas pelo país e levando os empresários para conversar com o governador, dando a segurança necessária para que venham ao estado”, relata.
O secretário do Trabalho enumera outros fatores priorizados pelo Governo de Sergipe na relação com empresários. “O governo está criando um ambiente de negócio para que o investimento privado seja possível. Para investir no estado, a empresa precisa ter estabilidade jurídica, regras claras e celeridade na emissão de licenças. Também é necessário diversificar a matriz energética e trazer suporte em infraestrutura rodoviária. Tudo isso faz parte de um grande planejamento estratégico que visa o desenvolvimento do estado”, enfatiza.
Na visão de Rodrigo Rocha, o estado ainda tem desafios a enfrentar no que diz respeito ao empreendedorismo e à geração de empregos. Porém, o governo já se encontra bem encaminhado em relação à superação dos entraves. “Sergipe tem desafios estruturais que se arrastam há anos e que não são possíveis de superar em 60 dias, a exemplo da necessidade de apoio ao ambiente de inovação. Mas o sentimento é de que o governo tem grande potencial de gerar resultados, sendo necessário, para alcançar este objetivo, continuar mantendo um diálogo produtivo, ouvindo as propostas e dando os devidos encaminhamentos”, conclui o economista.