No dia 3 de outubro, sábado, a partir das 16h, os Grupos de Capoeira Ginga (BA) e Os Molas (SE) promovem um Encontro de Gestores de Acervo de Capoeira. O evento é virtual e terá o objetivo de debater ações voltadas à preservação da história e memória da capoeira e à viabilização de políticas públicas para a manutenção deste material. O encontro, que acontece por meio do canal ‘O Nosso Quintal Café com Capoeira e Coisa &Tal’ no YouTube, será aberto ao público e mediado por Isadora Gonzalez. Para participar, acesse o link: https://www.youtube.com/channel/UCZSHIoTkKzxyRkF5bVMsX4A).
A iniciativa contará com a participação de capoeiristas que atuam no Brasil (SE, BA, RJ, SP e SC), Estados Unidos, Portugal e Holanda. São eles: os mestres Lucas (Luiz Carlos Tavares), Itapoan (Raimundo Cesar de Almeida), Burguês (Antônio Carlos de Menezes), César (Cesar Augusto dos Santos), Camisa (José Tadeu Carneiro), Kbeleira (Marcelo Stotz), Marco Antônio (Marco Antônio Monteiro), Ziza (Pedro Rosemberg da Silva) e Acordeon (Ubirajara Almeida), além do contramestre Rouxinol (Jeroen Verheul).
Os capoeiristas mais experientes vêm, ao longo dos anos, refletindo sobre como garantir o acervo dos grandes mestres que já morreram, pois, muitas fotografias e documentos são passadas para familiares ou amigos mais próximos, sem ganhar visibilidade, correndo o risco de serem perdidos. A intenção inicial seria colocar todos esses acervos em museu público, mas o receio dos mestres é de que não se tomem medidas adequadas de conservação, como higienização e acondicionamento específico para evitar deterioração das peças.
“Começamos a discutir esta questão depois da morte dos mestres Carlos Sena e Ângelo Decânio Filho, ambos ex-alunos do Mestre Bimba e detentores de um grande acervo particular. Outros dois grandes nomes que morreram e também deixaram um importante acervo foram Fred Abreu e Jair Moura, um dos maiores historiadores da capoeira e que registrou uma das primeiras imagens da capoeira na Bahia. Nós, mestres com idade mais avançada, também temos nossos acervos. E nossa preocupação é a seguinte: com o falecimento dos mestres, como vai ficar o acervo da capoeira? Queremos que tudo fique disponível para a população, mas em alguma instituição que garanta o cuidado devido com este material imprescindível para a história da capoeira no mundo”, explica Mestre Lucas.
No encontro, os mestres apresentarão seus acervos pessoais e darão sugestões de como solucionar este desafio. Para o mestre Itapoan, cujo acervo é referência no mundo da capoeira, o debate faz parte de um movimento de preservar a história, fortalecendo a relação entre o passado e o presente.
“Sabe-se que mestres de capoeira, estudiosos e pesquisadores que possuem como objeto de estudo a capoeira, ao longo dos tempos e por motivos diversos, passaram a colecionar objetos relacionados a essa arte-luta brasileira. Com cuidado, organização e disciplina, alguns se tornaram responsáveis por uma grande quantidade de livros, documentos, instrumentos, cartazes, fotos, vídeos, documentários, filmes, peças de vestuário, obras de arte etc. Pode-se considerar que essas coleções são verdadeiros acervos culturais, uma vez que guardam, representam e buscam preservar a capoeira, que é uma das muitas manifestações culturais e artísticas brasileiras, que são compostas por tradições, rituais, costumes e hábitos”, ressalta Itapoan.