Os episódios da recente crise entre os EUA e o Irã escancaram facetas político-diplomáticas antes visíveis apenas aos analistas políticos mais atentos. Sabemos que pela própria doutrina muçulmana a vingança é parte integrante da das ações como era antes o judaísmo. Sabemos então que a obrigação da vingança é parte integrante da cultura da religião, esta, predominante no Irã. A não adesão da Europa e Ásia no conflito mostrou essa realidade, antiga e belicosa, do país do Oriente Médio que agora está mais solitário do que nunca.
Para este país revanchista sobrou a tentativa de encontrar em si próprio o tom das próximas jogadas desta ‘guerra de inteligência’. Será preciso maturidade para agir de tal maneira para que não haja uma escalada de retaliações. A ninguém interessa um Irã enfraquecido, principalmente para a Rússia, que busca o fortalecimento do país para poder seguir comprando e se beneficiando de armamento, tecnologia, inclusive nuclear.
A China não deve entrar na briga porque aumentaria o preço do petróleo, o que para um país dependente do combustível não é nada interessante. Sabe-se que em termos econômicos o aumento do preço do petróleo está muito longe da possibilidade de chegar aos $156 que alguns analistas colocaram. Porque não interessa a Arábia Saudita, a Omã ao Qatar e outras potências petrolíferas fortalecer o regime iraniano.
Ainda assim, o conflito ainda terá alguns próximos capítulos. Dessa vez, espera-se que mais estratégicos e menos belicosos — ao arrepio da ideologia de vingança defendido e demonstrado pelo Irã. Existem muitos atores interessados neste contexto. O consenso é que não interessam ações implacáveis que coloquem em risco a já cambaleante economia mundial. Espera-se que o desejo de vingança iraniano seja respeite os limites da sanidade para não obrigar os EUA praticarem uma retaliação mais enérgica.
O que deve acontecer é o estímulo por uma vingança moderada do Irã, para empurrar todos os países a um novo acordo, inclusive mirando frear a questão nuclear e a dominação iraniana no Oriente Médio. No Brasil, o efeito desse conflito deverá ser sentido muito mais que nos EUA que são um país nada dependente de petróleo, sendo superavitário em termos dessa energia.
No Brasil, pode haver um aumento do Petróleo em curto prazo. Mas não será um fator inflacionário de médio e longo prazo. Porque, deveremos ter um rebalanceamento da oferta de petróleo para diminuir o impacto dessa alta muito mais emocional do que de fato concreta já que não houve nenhuma razão para diminuição na oferta do produto. Tampouco houve alguma limitação na distribuição na oferta do petróleo através dos navios que saem do Oriente Médio.