Por Luiz Thadeu Nunes (*)
“Eu sou vários! Há multidões em mim. Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles. Há um velho, uma criança, um sábio, um tolo. Você nunca saberá com quem está sentado ou quanto tempo permanecerá com cada um de mim. Mas prometo que, se nos sentarmos à mesa, nesse ritual sagrado eu lhe entregarei ao menos um dos tantos que sou, e correrei os riscos de estarmos juntos no mesmo plano. Desde logo, evite ilusões: também tenho um lado mau, ruim, que tento manter preso e que quando se solta me envergonha. Não sou santo, nem exemplo, infelizmente. Entre tantos, um dia me descubro, um dia serei eu mesmo, definitivamente. Como já foi dito: ouse conquistar a ti mesmo”, texto atribuído ao filósofo Frederich Nietzsche, que li recentemente.
No texto o autor nos convida a reconhecer que somos compostos por diversas partes. Cada uma delas pode representar um aspecto diferente de nossa personalidade — um sábio, uma criança, um tolo, entre outros. Essa multiplicidade é uma característica intrínseca da condição humana.
Na semana passada, em uma entrevista, a repórter me perguntou qual palavra me definiria. Pensei por alguns segundos, e disse-lhe que seria “Desafio”.
Quantas foram as vezes que tive que passar por situações inimagináveis, que na minha cabeça não seria capaz de transpô-las e continuei, algumas vezes alquebrado, mas sempre em frente.
“A vida é aquilo que acontece, enquanto fazemos planos”, disse certa vez John Lennon, que não contava em encontrar com a libitina, de forma tão inesperada, como às 22:50 h, do dia 08 de dezembro de 1980, em frente ao edifício Dakota, em NY. Morto pelo jovem Mark David Chapman, seu fã, que lhe aguardava para matá-lo e, assim, ganhar notoriedade mundial.
“A vida é feita de poucas certezas e muitos dar-se um jeito”, disse o escritor mineiro, João Guimarães Rosa.
Do mesmo Guimarães Rosa: “Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso ― o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito ― por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia”.
O que é a vida senão a arte de nascer, crescer, colocar ou não frutos nesta Terra, costurar a colcha dos dias com retalhos de sonhos e realidades e procurar viver a cada segundo como se fosse o último, e depois partir?
Quando achamos que sabemos todas as respostas, a vida muda todas as perguntas.
Por isso somos eternos aprendizes, mesmo para os longevos, que já viram muita coisa nesta vida.
Mas afinal de contas, o que é a vida?
Com a palavra os pensadores:
- Dostoiévski: Isso é o inferno.
- Sócrates: Isso é um teste.
- Aristóteles: É a mente.
- Nietzsche: Isso é poder.
- Freud: Isso é morte.
- Marco: Essa é a ideia.
- Picasso: Isso é arte.
- Gandhi: Isso é amor.
- Schopenhauer: Isso é sofrimento.
- Bertrand Russell: É competição.
- Steve Jobs: Isso é fé.
- Einstein: Isso é conhecimento.
- Stephen Hopkins: Isso é esperança.
- Kafka: Esses são os começos.
Para mim, a vida é aprendizado e recomeços.