Por Luciano Correia (*)
A República tremeu por causa de um Pix. Nossa combalida res-pública, que começou com um golpe militar perpetrado contra o Imperador D. Pedro II, nunca foi lá uma instituição que merecesse, ao menos, ser citada em maiúscula. Sempre esteve mais para república de estudante: bagunçada, instável e insegura, barulhenta e anárquica. Mas sem a formidável alegria que impregna o ar das inocentes repúblicas estudantis. A nossa, a Grande República brasileira, pouquíssima republicana, é impura de corpo e alma, palco das iniquidades, traições, roubalheiras e covardias. Está mais para uma república de bananas.
Por um post mal-feito, um Pix pagou a conta. E a turba doentinha que milita na direita nacional fez cavalo de batalha de sua jornada sem causas nem ideias. Para essa gente estúpida, um Pix basta para fazer dele uma limonada, capturá-lo, chacoalhá-lo e esparramá-lo em muitas versões fictícias, a matéria-prima de sua plataforma eleitoral. Não havia nada de novo, mas a reafirmação de decisões anteriores normatizando algumas operações financeiras, medidas corriqueiras que visam muito mais a proteção da economia e do bem comum do que mover o radar da Receita Federal à cata de novos tributos.
Num dos raros grupos de que “participo”, vi uma figura abjeta que um dia foi meu aluno brandir um vídeo absolutamente mentiroso e ainda expressar um deprimente sarcasmo sobre quem ousou questionar o embuste. No grupo, constatei depois, pululam petistas estrelados, digo, aboletados em gordos CCs da viúva federal, mesmo que vivam uma vida parasitária, igualzinha à da elite que denunciam. Os boavidas não servem nem pra defender um governo que eu, que não sou petista nem governista, defendo por dever de cidadania.
Estamos perdidos e, por hora, não há luz no fim do túnel. O mais constrangedor é saber que toda essa balbúrdia começou após um erro grosseiro de comunicação, uma publicação extemporânea, publicada sem contextualização ou sem o que o pessoal do marketing chama de administração de crise. Foi pífio, ainda mais no momento em que o governo trocava a guarda de sua política de comunicação.
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