Funcionários, pacientes, gestores e representantes de órgãos de controle devem atender a uma série de exigências para ter acesso ao Hospital de Campanha Cleovansóstenes Pereira de Aguiar. São diversos protocolos determinados pelos órgãos de saúde que são específicos à unidade e que precisam ser seguidos à risca. O coordenador da equipe médica de covid-19 do município, Flávio Cardoso Arcangelis explica que os protocolos são extremamente rígidos e necessários, já que se trata de um local onde as pessoas podem ser expostas ao vírus.
De acordo com ele, os cuidados começam pela própria equipe de profissionais, composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, dentre outros profissionais. Cada um deles, com a devida autorização para acessar o local, passa por uma rotina complexa de paramentação. “Eles chegam com a roupa deles, vão até a área de colocação da roupa privativa, que é uma calça e uma camisa; tiram a roupa deles num contêiner, colocam a roupa privativa, de uso exclusivo dentro do hospital, guardam a roupa deles nos armários externos e seguem para outro contêiner, o de paramentação”, explica Flávio Cardoso.
Nessa etapa, eles vão colocar todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), fundamentais para acessar a unidade. “São um capote impermeável, óculos de proteção, máscara N95 e um gorro. Só assim eles ficam aptos para entrar no Hospital”, ressalta. Paramentados, eles podem ir para a área interna da unidade. Se um profissional precisar ir ao banheiro ou mesmo fazer alguma refeição, ele se dirige à área de desparamentação. É um outro contêiner, onde ele tira tudo isso e continua com a roupa privativa. Isso vale para todos os profissionais que atuam na unidade”, esclarece.
Para ingressar novamente à área interna do HC, ele retorna ao contêiner de paramentação e coloca todos os EPIs novamente. “Essa é a rotina do Hospital de Campanha, por se tratar de uma unidade especializada no novo coronavírus, que gerou a mais grave pandemia da história”, opina.
No caso dos pacientes que são enviados para o Hospital de Campanha, Flávio Cardoso explica que a entrada de pessoas confirmadas e suspeitas é diferente. “Quando é confirmado, ele chega por uma entrada separada da de casos suspeitos. Não há comunicação entre os acessos, para evitar o contato. E o paciente que entra como suspeito e passa a ser confirmado, é transferido para a ala específica”, revela. Como esses pacientes já vêm de outras unidades e não da casa deles, já chegam com a roupa adequada. “É feita apenas uma transferência, o transporte é feito com rigor, na maca e com as medidas que evitam contaminação”, reforça.
Excetuando a equipe médica e os pacientes, outros profissionais que têm acesso à unidade são os representantes de órgãos de controle, como os Conselhos de Medicina e de Enfermagem e da Vigilância Sanitária. “O acesso deles é livre, mas precisam se paramentar como qualquer trabalhador e seguir o mesmo fluxo”, orienta. Flávio destaca que esses profissionais costumam fazer visitas de inspeção semanalmente à unidade. “Isso também é rotina. Já aconteceu algumas vezes, mas sempre seguindo os protocolos”, reitera.
“Se essa pessoa tiver contato com algum suspeito, pode contaminá-lo. Ou, da mesma forma, pode se contaminar ao sair dali. Ela está se expondo e expondo quem está ali”, argumenta. Infectologista da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Fabrízia Tavares ressalta a importância de seguir os protocolos de segurança sanitária.
“Todo hospital de campanha é uma unidade configurada de forma emergencial, que precisa sofrer uma adaptação muito rápida a todos os protocolos de biosegurança, obedecendo a NR 32 e outras regras de minimização do risco e contaminação dos profissionais e de quem o adentra”, explica Fabrízia.
Ela lembra que existem regras, inclusive em forma de decreto, a respeito dos protocolos de segurança. “É um hospital de referência para os pacientes com alguma patologia que gere uma grande demanda. Nesse caso, são pacientes com forte suspeição ou confirmação de covid-19, então ela reúne pacientes ou doentes ou com altas chances de estarem”, reforça.
A infectologista afirma ainda que todos os profissionais que atuam nessas unidades passam por capacitação e orientação a respeito dos riscos a que estarão expostos e quais os cuidados que devem ter para evitá-los ou minimizá-los. “Sendo assim, uma das coisas mais importantes para mitigar os riscos da contaminação é justamente evitar o trânsito de pessoas, que deve ser bastante limitado”, analisa.
Segundo Fabrízia, é por esse motivo que os acompanhantes de pacientes são proibidos. “Principalmente numa pandemia de uma doença de alta transmissibilidade, quando as medidas básicas são o controle do fluxo de pessoas e as que tiverem que adentrar o local devem estar paramentadas e conscientes do fluxo de atendimento”, orienta.
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